Importações chinesas e tarifas americanas ameaçam empregos no Sul Fluminense

Presidente da Aproaço fala de até 100 mil demissões diretas e indiretas somente na região se Brasil não se fechar para China

Por Carol Macedo
divulgação depositphotos

SUL FLUMINENSE
A partir de 1º de agosto, todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos estarão sujeitos a uma tarifa de 50%, conforme anunciado nesta quarta-feira, 9, pelo presidente americano Donald Trump. A medida, que vale para todas as exportações brasileiras, é adicional às tarifas já existentes, como as aplicadas ao aço e ao alumínio — que já enfrentam incidência de 50% — e deve atingir em cheio a indústria siderúrgica nacional.

Com forte presença no setor de aço, a região Sul Fluminense pode ser diretamente impactada. Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, o presidente da Associação dos Processadores de Aço do Estado do Rio de Janeiro (Aproaço), Haroldo Filho, alertou para os riscos da medida. Para ele, os EUA estão defendendo sua indústria, e o Brasil precisa reagir com firmeza. Ele classificou o cenário como “um golpe duplo”, com potencial de desencadear uma crise econômica de grandes proporções, especialmente em regiões onde o setor é a principal base de emprego.

Segundo Haroldo, o principal impacto não virá diretamente dos Estados Unidos, mas da China. “Com a taxação imposta pelos EUA também de 50%, a China, que já tem enfrentado barreiras comerciais, buscará novos mercados, e o Brasil está no radar. O risco é que o aço chinês, que chega até 40% mais barato que o nacional, invada ainda mais o nosso mercado, sufocando a produção local”, alertou.

Atualmente, o Brasil mantém uma tarifa de 25% para conter o avanço do aço chinês. No entanto, de acordo com o dirigente da Aproaço, essa proteção é insuficiente. “Mesmo com essa taxação, o produto chinês ainda chega bem mais barato que o produzido no Brasil. Se não houver um reforço nas barreiras, perderemos competitividade. Isso pode resultar em até 100 mil demissões diretas e indiretas somente em nossa região”, afirmou, lembrando que o acordo com a China foi renovado no mês passado, mantendo a alíquota anterior.

Com a renovação do acordo e a nova ofensiva comercial dos EUA, a apreensão entre empresários do setor aumentou. “Já vivíamos em águas turbulentas. Agora, a tempestade é certa. Se medidas protetivas não forem reforçadas, o Brasil corre o risco de repetir o que aconteceu com o setor têxtil, devastado pela entrada de manufaturados chineses no país”, comparou.

O presidente da Aproaço destacou ainda que tanto o aço bruto quanto os produtos beneficiados — como os produzidos pelo setor metalmecânico — serão atingidos. Ele citou o avanço da China na comercialização de manufaturados no Brasil como um sinal de alerta. “É muito perigoso o que está acontecendo. O governo está inerte, deputados, governadores. Não vejo movimentação de sindicatos dos metalúrgicos do país, mas de empresários apenas. Não estão defendendo os empregos”, criticou.

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