Homem morre após esperar ambulância por duas horas em Arrozal

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PIRAÍ

Moradores do distrito Arrozal procuraram o A VOZ DA CIDADE para realizar uma denúncia de negligência de socorro, que teria colaborado com o falecimento de Valdecir Honório, de 42 anos, na última quarta-feira, 30. Segundo os residentes, existe um Pronto Socorro na comunidade com ambulância, mas, segundo eles, não atende serviço de emergência da comunidade, servindo apenas para transferência de pacientes para outras localidades. No dia em que Valdercir precisou de socorro, a família contou que chegou a fazer contato com o local, mas teve o pedido negado. Os familiares tiveram então que acionar o Samu, que demorou cerca de duas horas para fazer o atendimento.

De acordo com a nota enviada pela assessoria de imprensa, a Secretaria de Saúde informou que o responsável, tanto pelos atendimentos e diagnósticos, quanto avaliações e liberação ou não da ambulância do Pronto Socorro do distrito, é o médico. “E as medidas devem ser direcionadas ao profissional, que tem a autonomia durante o horário em que ocupa seu posto de trabalho”, disse a nota. Foi informado ainda que tanto em Arrozal que conta com o veículo, quanto em outros distritos, cujas unidades não possuam a função de pronto socorro, os  moradores contam com o serviço do Samu, que pode ser contatado através do número 192.

Valdecir era casado e tinha dois filhos, de um ano e 18. Segundo a irmã dele, Nazilda Honório Ferreira, ele teria tido um derrame quando precisou de socorro. “Eram uma 6 horas quando ele passou mal. Ao ligar para o Pronto de Atendimento, informaram que deveríamos entrar em contato com o Samu ou chamar um taxi, pois a ambulância não poderia deixar o posto de saúde. Meu irmão morreu uma hora depois, e a ambulância do Samu levou cerca de duas horas para chegar ao local”, contou.

Arrozal, um distrito, está localizado a aproximadamente 20 quilômetros de Piraí. A equipe do A VOZ DA CIDADE realizou o trajeto do Posto de Atendimento do distrito até a sede do Samu, no Centro, e constatou que o trajeto leva em torno de 20 minutos. A equipe ainda tentou conversar com alguém da unidade, porém ninguém atendeu. A Prefeitura de Piraí disponibiliza duas ambulâncias para o distrito de Arrozal, uma destinada aos atendimentos da Saúde da Família e outra ao pronto socorro, sendo procedimento do atendimento de emergência, realizar os primeiros socorros no posto e, quando necessário, encaminhar o paciente ao Hospital Flávio Leal, no Centro da cidade.

Trajeto feito de Piraí a Arrozal daria 20 minutos – Ilustração Fábio Guimas

‘ELE NÃO TEVE SOCORRO’

Segundo Aparecida de Fátima Honorio, outra irmã de Valdecir, o atestado de óbito do irmão foi constatado que a causa da morte foi desconhecida. “Ele não teve socorro e no atestado não veio a da causa da morte. Quando fiquei sabendo que o médico não liberou a ambulância, fui até o posto de saúde para saber o que estava acontecendo e perguntei ao médico o motivo. Ele me informou que não liberou a ambulância, pois ela serve para atender emergências no posto, caso alguém precise ser levado a Piraí”, disse indignada.

A irmã ainda desabafou sobre a dor que a família está sentindo. “Estamos muito abalados com tudo isso e o que mais está machucando é a falta de amor do próximo. A pessoa quando tem amor pela profissão e pelo próximo, não faz uma coisa dessas. Se tivessem liberado a ambulância, ele teria tido uma chance. Não levaria nem cinco minutos para realizar o resgate”, lamentou, completando que seu desejo é que a justiça seja feita.

OUTROS CASOS

De acordo com outros moradores de Arrozal, Valdecir não foi o único a ter o socorro negado. Liviane Mariano do Nascimento Silva, de 26 anos, contou que seu marido, Luiz Paulo Macedo da Silva, de 22 anos, teria passado mal e também não conseguiu o atendimento da ambulância. “A primeira vez que ele precisou e não conseguiu atendimento, foi no ano passado, já no dia 22 de janeiro ele precisou novamente do socorro e precisou ser levado de taxi para o Pronto Socorro”, contou.

Ela ainda desabafou a gravidade da situação e como tiveram sorte. “Eu estava trabalhando quando ele passou mal. Quem o ajudou foi uma vizinha, que chamou o taxi, logo após a ambulância ser negada. Ele ficou nove dias internado e chegou até a ficar na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)” contou Liviane, revelando que em questionamento, o médico também teria dito que a ambulância não deve sair do posto. Na ocasião Luiz Paulo teria sido diagnosticado com dengue.

Liviane ainda comentou outro caso de negligência que ocorreu em 2018. “Uma família do Rio de Janeiro veio passar o domingo de Páscoa em Arrozal, e um senhor teria tomado um choque muito forte. Ele acabou falecendo, logo após a ambulância ser negada”, finalizou.

 

 

 

1 comentário

  1. sobre omissão de socorro dessas tres vitimas .são fatos real.. esse samu sempre chega 3 ou 2 horas depois….já que as autoridades não tomam providencias.. a população terá que entrar em ação..pra que serve essa equipe de plantão ..pra que serve essas ambulancias e esse samu que só chega 3 horas depois ..sendo que o perccuso de pirai ate arrozal são 15 minutos e eles gastam 3 horas´.. entendo que parecer ter e não ter é pior..ou essas viaturas prestem um serviso descente ou tira essas m. daqui,,pois ai saberemos que real não podemos contar com essa m. de serviço mal prestado…
    meus sentimentos pela perda dessas vidas ..por omissão de socorro

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