NOVA IORQUE
Prestes a embarcar para a África, onde se reunirá com líderes do continente, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo pelo “silêncio das armas” e o fim da escalada da violência na República Democrática do Congo (RD Congo).
Nesta sexta-feira, dia 7, Guterres participa de uma cúpula na Tanzânia, que reunirá líderes da Comunidade da África Oriental e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral. Na próxima semana, ele discursará no Conselho de Paz e Segurança da União Africana.
Respeito à integridade territorial
O foco das reuniões será a crise na RD Congo, agravada pela ofensiva do grupo rebelde M23, que conta com o apoio das Forças de Defesa de Ruanda, país vizinho.
Guterres classificou a situação como “profundamente preocupante” e pediu respeito à soberania e à integridade territorial da RD Congo. Ele destacou que o momento exige união em prol da paz, com a participação “ativa e construtiva” de todos os envolvidos, incluindo países vizinhos, organizações sub-regionais, a União Africana e as Nações Unidas.
Situação crítica em Goma
Milhares de pessoas foram mortas ou forçadas a deixar suas casas devido à violência. Segundo Guterres, a situação é “perigosa” dentro e ao redor de Goma, capital da província de Kivu do Norte, agora sob controle do grupo armado M23.
Na cidade, hospitais estão sobrecarregados, e serviços essenciais como escolas, abastecimento de água e energia, além de comunicação via telefone e internet, estão gravemente comprometidos.
Centenas de milhares de pessoas seguem em deslocamento, enquanto locais que antes serviam de abrigo para os desabrigados ao norte de Goma foram saqueados, destruídos ou abandonados.
O secretário-geral também citou “inúmeros relatos” de violações dos direitos humanos, incluindo violência sexual e baseada em gênero, recrutamento forçado e interrupção da assistência humanitária essencial.
Ciclo de violência sem fim
Para Guterres, o conflito, que agora avança em direção a Kivu do Sul, corre o risco de “engolir toda a região”.
Ele prestou homenagem às vítimas, incluindo os capacetes azuis da Missão da ONU para Estabilização da RD Congo (Monusco) e as forças regionais.
O chefe das Nações Unidas expressou ainda solidariedade ao povo congolês, que, segundo ele, se tornou “mais uma vez, vítima de um ciclo de violência aparentemente interminável”.
* Luciano R. Pançardes – Editor-chefe