Guerra na Ucrânia completa seis meses com impactos arrasadores

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NOVA IORQUE/UCRÂNIA

Mais de mil crianças morreram desde o início do conflito na Ucrânia, que completa seis meses neste 24 de agosto. O representante da Organização Mundial da Saúde no país, Jarno Habicht, disse que o conflito tem um impacto arrasador para a Ucrânia.

Ele contou que a OMS e agências parceiras estão tentando acelerar o socorro a milhões de pessoas. Habicht diz que a reconstrução do sistema de saúde deve ser uma prioridade.

Único remédio é a paz

Até o momento, a OMS entregou 1,3 mil toneladas de medicamentos vitais e outros suprimentos. Mas o representante deixou claro que o único remédio para a situação é a paz.

A Rússia atacou a Ucrânia na madrugada de 24 de fevereiro enquanto o Conselho de Segurança se reunia em Nova Iorque para evitar o confronto. Os combates forçaram milhões de ucranianos a fugir do país, a maioria para nações vizinhas incluindo a Polônia. Milhares de pessoas morreram nos ataques que também ocorrem contra alvos civis e instalações de saúde.

Jaulas sendo construídas na Filarmônica de Mariupol

A OMS afirma que hospitais e outros locais de atendimento foram alvejados com um total de 100 mortos e 100 feridos. A agência lembra que essas ofensivas são contra a lei internacional humanitária.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU informou que está preocupado com relatos de que a Rússia e grupos armados simpatizantes do governo de Moscou, na região de Donetsk, estariam planejando levar os prisioneiros de guerra ucranianos para serem julgados num “tribunal militar” russo, em Mariupol.

A porta-voz do Escritório, Ravina Shamdasani, contou que existem fotos e vídeos circulando nas redes sociais que mostram jaulas de metal sendo construídas no hall da Orquestra Filarmônica da cidade. As jaulas seriam usadas, aparentemente, para conter os prisioneiros durante as audiências.

Prisioneiros de guerra têm imunidade

A ONU lembra que pela lei internacional, prisioneiros de guerra tem o status de imunidade de combatente e não podem ser processados por atos cometidos num conflito armado, ainda que esses atos sejam considerados crimes pela lei nacional.

O Escritório de Direitos Humanos pediu à Rússia que conceda o acesso irrestrito de monitores independentes a todos os detidos por causa da guerra na Ucrânia incluindo àqueles mantidos por grupos armados associados à Rússia.

Usina de Zaporizhzhia

Uma outra preocupação dos últimos seis meses tem sido a segurança de usinas nucleares na Ucrânia. O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, foi o primeiro representante da organização a viajar para a Ucrânia, onde visitou a usina de Chernobil, com uma missão técnica.

Nas últimas semanas, ele tem tentado obter garantias da Rússia e da Ucrânia para visitar a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, que está no meio de um fogo cruzado.

Num dos bombardeios, um reator desacoplou elevando a preocupação com o estado da usina, que está desde o início do ano sob controle da Rússia. Uma outra agência da ONU, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, lembra que as crianças estão pagando um preço alto pela guerra. Em média, cinco menores morrem todos os dias na Ucrânia. Muitas mortes são causadas por armas plantadas em áreas populosas. A lista de violações de direitos humanos e crimes que podem constituir crimes de guerra vem crescendo.

Massacre em Bucha, explosão em Olenivka

No fim de abril, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, visitou a cidade de Bucha, onde vários corpos foram encontrados pelas ruas do local com sinais de tortura. Vizinhos e familiares tiveram que enterrar seus entes queridos numa vala comum. No final de julho, uma explosão no centro de detenção de Olenivka, na região de Donestsk, matou dezenas de prisioneiros de guerra.

Na semana passada, o secretário-geral da ONU decidiu formar uma comissão de apuração dos fatos para saber o que realmente ocorreu. Ele nomeou o general da reserva brasileiro, Carlos Alberto dos Santos Cruz, para chefiar o grupo que conta ainda com mais dois integrantes: a ex-chanceler da Islândia e um ex-comissário de polícia do Níger.

* Silas Avila Junior – Editor internacional

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