BARRA MANSA
A guerra entre Rússia e Ucrânia impacta diretamente o bolso dos brasileiros. O aumento do preço de commodities usadas em larga escala, como petróleo e trigo, tem impactado nos preços de produtos que os brasileiros adoram, como a carne, a cerveja e o pãozinho.
De acordo com o especialista em economia internacional, Roberto Dumas, petróleo, gás natural, fertilizante e trigo foram os primeiros a serem impactados. “Só que esses quatro produtos acabam afetando uma vasta cadeia. A alta atinge fertilizantes, o que impacta soja, milho, ração e proteína animal (principalmente porcos, leite e ovos)”, disse.
A Rússia é o maior exportador mundial de trigo, enquanto a Ucrânia foi o quinto maior. Juntos, eles fornecem 19% da oferta mundial de cevada, 14% do trigo e 4% do milho, representando mais de um terço das exportações globais de cereais. O Brasil é um importador desse produto, já que produz menos do que consome. Em 2021, o país produziu 7,7 milhões de toneladas e importou um pouco mais de 6,2 milhões de toneladas, principalmente da Argentina.
A gerente de um supermercado, Maria Reis, comenta sobre as altas. “Todos somos afetados. Nós que compramos dos fornecedores e somos os primeiros a perceber a alta nos preços e o consumidor. É doloroso repassar, por que nós também somos consumidores e compartilhamos do mesmo sentimento”, cita.
Adepto do churrasquinho do final de semana, o comerciante Marcelo Henrique destaca que está ficando difícil manter o lazer. “Trabalho muito e não tenho muito tempo para sair, até mesmo por questões de segurança. Então, gosto de reunir amigos aos finais de semana para um churrasco, cada um contribui com alguma coisa, mas a gente já começa a perceber a mudança nos preços e no comportamento, já que nossos encontros estão ficando mais espaçados”, destaca.
O milho, grão fundamental para a alimentação animal, é outro que afetar a inflação. Segundo os especialistas, o produto já está com cotações muito elevadas no mercado internacional, e qualquer aumento adicional vai pressionar ainda mais os custos dos produtores de carne. A Ucrânia é responsável por cerca de 16% das exportações mundiais de milho.
OUTROS ITENS MAIS CAROS
Cerveja
A guerra já afetou a importação de algumas matérias básicas para o setor cervejeiro, como o trigo e a cevada, de acordo com Paulo Petroni, presidente da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) dado que Rússia e Ucrânia são grandes exportadoras de trigo e cevada e devem reduzir o ritmo de produção.
Churrasco
Outro item que o brasileiro adora e que também deverá sofrer pressões inflacionárias por causa do conflito é a carne do churrasco. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o milho e a soja, que representam mais de 70% do custo total de produção, acumulavam altas superiores a 100% nos últimos meses, e agora enfrentam o reflexo do conflito no leste europeu.
Pãozinho e Doces
O pãozinho, doces, balas e chocolates também devem ter os preços em alta. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), a falta dos grãos poderá impactar mais o setor em breve.
Caviar e Vodca
Apesar de não serem produtos populares, a vodca e o caviar são simbólicos da Rússia. As sanções impostas por países do Ocidente como forma de punição pela guerra ao país podem inflacionar os preços dos produtos, mas não devem reduzir o consumo por aqui.
Gasolina
Talvez o maior impacto do conflito seja no preço do petróleo, que disparou e chegou a ser cotado a cerca de US$ 140 o barril, o que encareceu os combustíveis no Brasil. A alta deve encarecer não só os produtos em geral, que dependem do transporte rodoviário, mas também as viagens de fim de semana dos brasileiros. O Brasil tem como principal modal o transporte rodoviário e, com o aumento dos combustíveis, haverá elevação para basicamente todos os preços dos grupos que compõem o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial.
