SUL FLUMINENSE
Não, à Reforma da Previdência! Esse é o principal apelo que milhares de sindicalistas da região Sul Fluminense vão entoar nesta sexta-feira, dia 14, endossando o movimento nacional da Greve Geral. O ato incita a paralisação de atividades em diversos segmentos como repúdio ao governo federal. Proposta pelas lideranças de centrais sindicais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, a Greve Geral tem adesão de diversos sindicatos, mas a participação é de livre iniciativa de cada trabalhador.
Entre os sindicatos participantes estão o dos bancários, metalúrgicos, construção civil, metroviários, rodoviários, portuários, servidores públicos, profissionais dos Correios e da Educação, dentre outros. A mobilização contra a reforma enaltece ainda o apelo dos trabalhadores por uma aposentadoria digna, melhores salários e mais vagas de emprego. No caso da educação, há ainda o repúdio pelo fim do contingenciamento de recursos para o ensino superior.
No Sul Fluminense, até o fechamento desta reportagem, havia a previsão de concentração de trabalhadores nos municípios-sede de representações sindicais, tais como Volta Redonda, Barra Mansa e Angra dos Reis, apesar de que não estão descartadas manifestações isoladas em outros municípios. O anseio dos organizadores é promover um dia de paralisação total das atividades, em todos os setores envolvidos. Mas, como a adesão é de caráter individual do trabalhador, na prática, a exemplo de outras convocações semelhantes ocorridas no passado, a região tende a registrar um sexta-feira com atos públicos. Quanto aos serviços, nenhum setor cravou paralisação total, seja no transporte, bancos ou educação, por exemplo. A tendência é que os serviços operem com profissionais como se adotassem um estado de greve. Por outro lado, patrões descontentes podem descontar o dia parado do trabalhador em greve.
ENTIDADES UNIDAS
Na cidade de Volta Redonda, importante polo do setor metalúrgico nacional, os protestos durante a Greve Geral vão integrar trabalhadores de setores diversos. Uma ampla programação de atos foi definida após reuniões com representantes. A partir das 5 horas acontecerá a concentração nas entradas da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), depois, às 16 horas, a concentração será na Praça 17 de Julho, em frente ao prédio da Prefeitura de Volta Redonda, no Aterrado. Uma hora depois, às 17 horas, o ato terá mobilização na Praça Juarez Antunes, no bairro Vila Santa Cecília.
Em assembleia realizada na noite de quarta-feira, 12, trabalhadores da Construção Civil aprovaram a adesão à greve geral. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Volta Redonda e região, Sebastião Paulo de Assis, é importante que a categoria atenda a convocação e se junte aos trabalhadores de outros setores, em atos públicos que acontecerão por toda região contra as propostas e medidas do governo. “Precisarmos ir às ruas e dizer não a reforma da previdência, que prejudica exclusivamente a classe trabalhadora e a população de baixa renda, que põe fim ao sonho e à expectativa de uma aposentadoria digna. Mais de 80% da nossa categoria da construção civil será prejudicada por essa reforma”, alertou o sindicalista.
IMPORTÂNCIA DE LUTA
Sebastião Paulo reforçou a importância de lutar contra essa reforma, pois os trabalhadores da construção civil estão entre os mais afetados pelas mudanças. Ele explica que a maioria não consegue trabalhar até os 65 anos de idade, por motivos de acidentes de trabalho ou doenças adquiridas na profissão como problemas de colunas, hérnias de disco, Lesão por Esforço Repetitivo (Ler), entre outros.
Além disso, na sua rotina de trabalho o sindicato verificou que empresas não estão querendo mais contratar trabalhadores acima dos 50 anos. Juntando a rotatividade de emprego no setor, fica muito difícil um trabalhador da construção civil conseguir contribuir por quase 40 anos, conforme propõe o governo. “A nossa categoria já aprovou a greve geral. Agora é preciso partir para a ação. Mobilize seus companheiros de trabalho, e familiares, amigos e vizinhos. Vamos rumo à greve geral. Vamos para as ruas contra as perdas e os retrocessos de direitos”, convocou o presidente do sindicato.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Silvio Campos, gravou um vídeo onde convoca trabalhadores a parar suas atividades nesta sexta-feira. “Vamos à luta, vamos às ruas, vamos parar todo o Brasil. As 11 centrais sindicais estão aí, junto com a gente, para poder ir contra essa derrubada da previdência social”, disse, citando exemplos da rotina dos metalúrgicos, caso a reforma, em fase de análise no Congresso Nacional, passe com a proposta atual. “A aposentadoria especial vai ser com 55 anos de idade e 70%. A aposentadoria normal, com 65 anos de idade. Quem que vai aguentar trabalhar numa CSN, por exemplo, com 65 anos de idade? Com bengala? Então, não dá. Vamos pra rua, companheiros”, argumentou.
BANCÁRIOS ADEREM
A direção do Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense comunicou que vai aderir à Greve Geral, nesta sexta-feira, juntamente como outras categorias regionais. Entretanto, frisando que a adesão é livre a cada trabalhador, os bancos da região estarão funcionando nesta sexta-feira.
No informe repassado ao A VOZ DA CIDADE, os bancários garantem que a greve geral organizada pela CUT e demais centrais sindicais, terá no Sul Fluminense as manifestações concentradas ao longo do dia em Volta Redonda, na Praça Juarez Antunes e Praça Sávio Gama; em Angra dos Reis, em frente a Ampla Sindical; na cidade de Barra do Piraí, mobilização diante do Largo da Feira e, em Barra Mansa, na Praça da Matriz, no Centro.
Entre os prejuízos que os brasileiros terão se reforma da previdência for aprovada, os bancários advertem sobre a proposta não incluir mudanças no sistema de aposentadoria de militares, uma vez que sargentos e praças, por exemplo, terão reajuste de pouco mais de 3% até 2022, e os generais terão reajuste de 100% até a mesma data. “Também não há proposta de mudar as regalias dos altos cargos do Poder Judiciário. Em 2017, o auxílio moradia para juízes e procuradores custou R$ 399 milhões aos cofres públicos”, critica o Sindicato dos Bancários.