Greve dos Correios registra adesão parcial no Sul Fluminense

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SUL FLUMINENSE

Os funcionários dos Correios estão em greve nacional por tempo indeterminado, movimento iniciado na noite de terça-feira e que nesta quarta-feira, dia 11, no primeiro dia útil durante a paralisação, registrou adesão parcial nas agências e Centros de Distribuição Domiciliária das principais cidades do Sul Fluminense.

A greve em âmbito nacional foi deflagrada após assembleias coordenadas pela Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) e do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares em cada federação. A terça-feira contou com assembleias em São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Maranhão e na maioria dos estados do país. No estado, a decisão ocorreu na assembleia realizada pelo Sintect-RJ na Praça de Guerra, no Rio de Janeiro.

No Rio o movimento dos trabalhadores durante a assembleia geral – Foto: Divulgação

Os ecetistas deliberaram pela greve geral culpando o governo federal e a direção da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), criticando que não tiveram vontade em prosseguir com as negociações pelo Acordo Coletivo de Trabalho, conforme os sindicalistas e até o Tribunal Superior do Trabalho (TST) pleiteavam. No dia 4, o vice-presidente do TST, o ministro Renato de Lacerda Paiva, decidiu encerrar o trabalho de mediação da Corte entre os trabalhadores dos Correios e a ECT, sobre o ACT. As partes estavam discutindo há cerca de 60 dias o assunto que incluía, entre outros itens, reajustes salariais e melhorias para os trabalhadores. Havia inclusive uma nova reunião de intermediação agendada para a tarde do dia 10, mas não foi realizada sem a participação da ECT, assim, à noite, a categoria deliberou pela greve em assembleias.

Os ecetistas reivindicam o reajuste salarial de 3,1%, acima dos 0,8% oferecidos pela ECT, cobrindo a recuperação do período de inflação dos últimos 12 meses, segundo dados do Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC). A categoria também protesta contra a proposta de revogação do ACT em cláusulas que retiram benefícios consolidados, como a proposta da ECT para reduzir o adicional de férias de 70% para 33%; a manutenção da permanência de pais e mães dos ecetistas no plano de saúde e coparticipação, além de continuidade de percentual de férias e vales-alimentação e refeição Além disso, os trabalhadores dos Correios protestam contra a intenção do governo federal em incluir a ECT na lista de empresas para futuro processo de privatização à iniciativa privada.

Os trabalhadores da região aderiram à paralisação por melhorias salariais – Foto: Divulgação

GREVE NO SUL FLUMINENSE

A direção do Sintect Sul Fluminense acompanhou o movimento no primeiro dia de greve na região. Segundo o diretor Esmeralci Silva, muitas cidades tiveram adesão parcial e a tendência é que a mobilização tenha maior adesão da categoria desta quinta-feira em diante. “No dia de hoje tivemos pouca adesão em Resende. Na cidade de Barra do Piraí a média foi de 70%, mesmo patamar do CDD (Centro de Distribuição Domiciliária) de Volta Redonda. O Centro de Entrega de Encomendas (CEE) também de Volta Redonda também registrou média de 80% de adesão dos trabalhadores e o CEE do Retiro teve adesão em torno de 70%. E tivemos também adesão em Três Rios. A tendência é que o movimento fique mais forte desta quinta-feira em diante”, afirma Esmeralci.

Para o sindicalista, a categoria não teve outra solução diante da retirada de benefícios e perda salarial proposta no novo ACT. “Nós quisemos negociar até o fim e na reunião desta terça a empresa recuou e o ministro suspendeu por não ter interesse de uma das partes. Vamos ficar no aguardo e não temos expectativa de ter nova reunião, mas é o que queremos até pra definir isso e prosseguirmos com os serviços para a população. Participamos de todas as reuniões e decisões, a empresa que recuou nas negociações”, analisa.

O CDD de Resende fixou cartaz comunicando o início da greve – Foto: Idelfonso Pinheiro

ECT CRITICA A GREVE E ANUNCIA MEDIDAS

Questionada pelo A VOZ DA CIDADE sobre a greve a ECT emitiu notas para a redação, através da sua assessoria de imprensa. A primeira nota ressaltou a participação em encontros na mesa de negociação e que o compromisso é ter uma empresa sustentável. “Os Correios participaram de dez encontros na mesa de negociação com os representantes dos trabalhadores, quando foi apresentada a real situação econômica da estatal e propostas para o Acordo dentro das condições possíveis, considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões. Mas as federações, no entanto, expuseram propostas que superam até mesmo o faturamento anual da empresa, algo insustentável para o projeto de reequilíbrio financeiro em curso pela empresa”, diz a ECT e mais, que “no momento, o principal compromisso da direção dos Correios é conferir à sociedade uma empresa sustentável. Por isso, a estatal conta com os empregados no trabalho de recuperação financeira da empresa e no atendimento à população”.

Os profissionais esperam o anúncio pelo reajuste salarial e manutenção de benefícios – Foto: Divulgação

Na segundo nota atualizada sobre a greve, a ECT afirmou que a paralisação parcial dos empregados dos Correios não afeta os serviços de atendimento da estatal. “A empresa já colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população. Medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas. Levantamento parcial realizado na manhã desta quarta-feira (11) mostra que 82% do efetivo total dos Correios no Brasil está trabalhando regularmente. No Estado do Rio de Janeiro, cerca de 80% dos empregados estão trabalhando normalmente”, explica reiterando a questão de as federações expuserem propostas que superam o faturamento anual da empresa.

DISSÍDIO COLETIVO NO TST

Uma terceira nota foi enviada ao A VOZ DA CIDADE, por volta das 17h30min, quando a ECT afirmou ter ingressado com ação de dissídio coletivo junto ao TST. “Na expectativa de uma solução que não comprometa ainda mais a situação financeira dos Correios, a empresa entrou, nesta quarta-feira (11), com dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Agora, a corte irá avaliar o processo de negociação, ouvindo as partes, e o relator produzirá um voto que será analisado por um colegiado do tribunal, em sessão a ser posteriormente agendada”, informa. A nota explica também os serviços. “A rede de atendimento está aberta em todo o país e os serviços, inclusive SEDEX e PAC, continuam sendo postados e entregues em todos os municípios. Os serviços com hora marcada (Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje) estão com postagens temporariamente suspensas”, informa a ECT que disponibilizou aos clientes o telefone gratuito 0800 725 0100 ou o site http://www2.correios.com.br/sistemas/falecomoscorreios para informações.

SINTECT REFORÇA MANIFESTO

Ao saber do pedido da ECT, o Sintect-RJ divulgou em seu site oficial que o ministro Maurício Godinho Delgado foi sorteado para ser o relator do dissídio coletivo, ainda sem data definida para o julgamento.“É de suma importância a ampliação da mobilização dos trabalhadores, pois só assim iremos manter direitos historicamente conquistados através de muita luta.O Sintect-RJ e a Findect orientam os sindicatos a fortalecerem os piquetes da greve da categoria e a realizar atos e passeatas em suas bases”, argumenta.

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