Fazenda Santana do Turvo e Instituto Dagaz lançam exposição permanente

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Uma revolução histórica. Assim pode ser interpretada a exposição permanente do livro ‘A Cozinha dos Quilombos: Sabores, territórios e memória’, do Instituto Dagaz, na Fazenda Santana do Turvo, no distrito Amparo, em Barra Mansa.

A partir de hoje o público poderá visitá-la na propriedade, onde passa a abrigar o projeto ‘Ponto de Memória Afro’ da ONG. A abertura está prevista para as 14 horas. Já para visitas em outras datas, de segunda a sexta-feira, é preciso fazer contato prévio para agendamento que podem ser feitos com o Instituto Dagaz, pelo telefone (24) 3071-2798; ou diretamente com a coordenadora Renata Ferreira (24) 9 9822-4847.

A parceria entre o instituto e o proprietário João Luiz de Carvalho Júnior, dá a oportunidade de contar a história do povo negro sob perspectiva protagonista e não limitada à escravidão a qual foi submetido por longos anos. Uma vez refúgio para os escravizados, agora é o quilombo que entra pela porta da frente da fazenda com sua cultura retratada em livro e exposição.

A montagem está quase pronta, como garante a coordenadora do Dagaz, Renata Ferreira, responsável pelo projeto. Ela comemora a parceria, principalmente pela localidade e também oportunidade de perpetuar a cultura quilombola, parte importante da história da região, acessível a todos. Renata destaca que o principal público alvo são grupos escolares, uma vez que a atividade auxilia o ensino da história e cultura afrobrasileira e africana, conforme legislação, para além da teoria.

“Esse é um turismo muito pedagógico, porque a gente quer bater muito na questão do cumprimento da Lei 10.639. O objetivo é que as crianças e jovens vivenciem o que é proposto pela lei, porque são questões histórias que aconteceram muito próximo da gente. Então, queremos que eles vivenciem e não só saibam que a lei existe, mas que eles conheçam de perto”, explica a coordenadora.

Além da exposição, conforme disponibilidade, os grupos que agendarem visitas poderão ainda ter oficinas realizadas pela coordenadora Renata Ferreira e de projetos itinerantes realizados pela ONG, como Dança Afro e Contação de Histórias. “Esse é um ganho muito importante para a região, porque agora se torna ‘Ponto de Memória’ permanente. As crianças terão a oportunidade de conhecer um pouco sobre como é viver no quilombo”, observou a coordenadora.

A Cozinha dos Quilombos

O livro ‘A Cozinha dos Quilombos: Sabores, territórios e memórias’ é resultado de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Instituto Dagaz, em 2014, que mapeou e visitou 29 quilombos. Com intuito de identificar histórias, culturas e costumes culinários, a obra apresenta como os remanescentes quilombolas, com relatos de pratos tradicionais das comunidades e fotos expressivas dos mesmos.

Desde o lançamento do livro, o instituto promove exposição das fotografias contidas na obra, não se limitando à região. O projeto foi impulsionado pela Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio de Janeiro, com patrocínio da Concessionária de Energia Light. O livro não é comercializado, mas está disponível para acesso online gratuito e para download no site: br.acozinhadosquilombos.com.br.

Ponto de Memória Afro

Em 2015, o Ministério da Cultura e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) contemplaram o Dagaz com o Prêmio Ponto de Memória. Essa premiação visa selecionar ações que desenvolvem iniciativas de preservação de memória e composição de museologia social. Busca também reconhecer, incentivar e fomentar a continuidade e sustentabilidade na perspectiva do Programa Ponto de Memória, com o livro ‘A Cozinha dos Quilombos’, a primeira produção literária da ONG.

Também pela produção da obra, o instituto conquistou o Prêmio de Cultura Afro-Fluminense 2015. Com o objetivo de reconhecer e fomentar um segmento ignorado por muitos anos pela sociedade, a ação foi promovida pela Secretaria de Estado de Cultura, em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

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