Falta de vagas em cemitérios públicos de Angra dos Reis torna morte ainda mais complicada

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“Não ter onde cair morto”. O ditado popular pode resumir bem a situação de um problema que se arrasta por muito tempo em Angra dos Reis: a falta de espaço para enterros nos cemitérios da cidade. Atualmente são oito no continente, com outros três nas ilhas do Provetá, Abraão e Matariz. A equipe de reportagem do jornal A VOZ DA CIDADE recebeu reclamações de moradores e esteve nos locais, constatando uma situação de abandono e falta de espaço; um verdadeiro déficit funerário. Como se não bastasse a dor pela perda de um ente querido, a população vive uma verdadeira ‘via crucis’ para conseguir enterrar dignamente um parente no município.

Dos oito cemitérios públicos da cidade, a reportagem do jornal esteve em cinco – Jacuecanga, Bracuí, Belém, Vila Histórica de Mambucaba e Serra D’Água. Em todos esses, apenas um contava com funcionários da prefeitura. Os demais estavam em total estado de abandono – mato alto, portões abertos e nenhuma segurança. Um coveiro confidenciou que no cemitério da Vila Histórica de Mambucaba, por exemplo, a situação é tão crítica de não comporta mais nenhum enterro.
No cemitério da Vila Histórica de Mambucaba, a situação é tão crítica de não comporta mais nenhum enterro – Foto: Fábio Guimas

Moradores confirmaram a falta de vagas e criticaram a burocracia que existe na hora de enterrar um ente querido no município. A aposentada Wasti Barbosa mora ao lado do cemitério do Belém e relatou que existem poucas vagas e que a maioria dos enterros que ocorre ali é de moradores de longe. “Às vezes, pessoas de longe vêm enterrar seus familiares aqui porque não há vagas no Centro. As gavetas estão todas cheias. Aqui do lado nós ainda temos um lixão; uma situação nada agradável”, disse ela, que reside há 12 anos no local.
A aposentada Wasti Barbosa mora ao lado do cemitério do Belém e relatou que existem poucas vagas e que a maioria dos enterros que ocorre ali é de moradores de longe – Foto: Fábio Guimas

Uma moradora do Jacuecanga, que preferiu não se identificar, contou que as pessoas precisam “peregrinar” por cemitérios até conseguir um espaço para enterrar seus parentes. “Uma situação nada agradável e que causa ainda mais dor em um momento tão delicado”, considerou ela.

FALTA DE VAGAS E CREMATÓRIO FÚNEBRE

A prefeitura, através de sua assessoria de imprensa, confirmou que a falta de vagas nos cemitérios é um problema real do município. Já sobre a não existência de um profissional nos locais durante a visita da reportagem, a prefeitura se limitou a dizer que todos os cemitérios públicos possuem um servidor responsável por zelar pelo local, mas há uma parte dos cuidados que são de responsabilidade da Secretaria Executiva de Serviço Público.

A administração pública explicou ainda que no processo para sepultar um ente querido, os familiares precisam ir até a Secretaria de Desenvolvimento Social e Promoção da Cidadania para escolherem o cemitério que desejam fazer o enterro, de acordo com a disponibilidade de vagas do lugar.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada de Angra dos Reis em 2017 foi de 194.619 pessoas. Já o último levantamento do IBGE realizado em 2014 mostra que a morbidade hospitalar, ou seja, óbitos ocorridos em hospitais era de 394 mortes em Angra dos Reis. O que, segundo a vereadora Titi Brasil (MDB), é muito superior ao número ideal de vagas disponíveis nos cemitérios da cidade. Uma das soluções que podem acabar com essa falta de vagas para enterrar é a construção de um crematório fúnebre. A situação está sendo acompanhada pela parlamentar, que inclusive fez a indicação da construção do empreendimento na Câmara Municipal.

“Angra dos Reis possui aproximadamente 200 mil habitantes e cresce a cada dia, aumentando assim o número de pessoas que vem a óbito e nossos cemitérios já não possuem espaço físico para criação de novas sepulturas. Hoje a gente depende de exumação para poder enterrar, o que acaba se tornando um grande transtorno aos familiares; uma verdadeira ‘via crucis’” disse a parlamentar.

Titi lembrou que o crematório de Angra dos Reis já possui terreno e até uma licença ambiental, no entanto a previsão é de que ele entre em funcionamento daqui a apenas dois anos. “Esse crematório é particular e ficará no Gamboa (do Belém), podendo a prefeitura promover um convênio ou algo parecido. Conversei com o responsável pelo empreendimento e ele disse que o crematório pode ficar pronto antes, mas o prazo é de dois anos”, revelou Titi, acrescentando que ao contrário do senso comum, ser cremado pode ser mais barato do que ser enterrado, visto os custos de manutenção do túmulo em um enterro convencional.

A vereadora disse que a indicação dela de um crematório em Angra dos Reis surgiu devido ao déficit funerário do município e que tem outros projetos para a regularização da situação. “Acompanhamos essa situação há muito tempo e a indicação do crematório aconteceu porque Angra dos Reis não tem vagas para enterrar seus moradores. Muitas pessoas são cremadas no Rio de Janeiro por isso. Também está dentro do nosso planejamento a indicação da construção de cemitérios verticais, devido ao pouco espaço geográfico disponível” finalizou Titi.

2 Comentários

  1. Edilson França Moreira Em

    Tendo verificado esse problema em nosso município, que a quase 3 anos iniciamos o processo de licenciamento do primeiro Crematório da Costa Verde , que será instalado no Bairro da Gamboa em Angra dos Reis, estou muito otimista em conseguir inaugurar até o final de 2019, e assim oferecer aos cidadãos uma opção moderna e sustentável, uma solução mais humanizada pois teremos um cerimônial de despedida que serão realizadas em nosso auditório, espaços amplos e bem decorados de cinzários e ossários serão criados no empreendimento para aquelas famílias que quiserem guardar os restos mortais de seus entes queridos.

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