Extorsão em Itatiaia: Ministério Público destina ação de investigação ao Poder Judiciário

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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informou nessa segunda-feira, dia 30, ao A VOZ DA CIDADE, que manterá investigações sobre outras possíveis vítimas de extorsão através de ação popular tendo como investigados o advogado Marcelo Tavares e o professor José Luis de Carvalho Vargas. Os dois foram presos na manhã do dia 26, durante operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), na Graal Itatiaia, quando tentavam negociar R$ 80 mil em extorsão ao prefeito Eduardo Guedes, o Dudu (MDB), para não dar sequência a um processo judicial que denunciava possível irregularidade em sua gestão. Toda a ação era monitorada pelo Ministério Público, após denúncia do prefeito e do vereador João Márcio (PRB) – interlocutor nas conversas entre os acusados e o chefe do poder Executivo de Itatiaia.

Os acusados foram presos sob mandado de prisão preventiva. Segundo o promotor do Gaeco, Fabiano Oliveira, em entrevista ao jornal, houve diligência nas residências dos envolvidos. “Houve busca e apreensão na residência dos alvos, e o material apreendido ainda será objeto de análise pelo MP. Com relação ao caso de Itatiaia, a partir de agora a ação penal tramitará perante o Poder Judiciário. Os denunciados respondem pelos crimes de Associação Criminosa (artigo 288 do CP) e Extorsões em Série (artigo 158 c.c. o artigo 71, ambos do CP), podendo as penas alcançar 28 anos de prisão para cada agente”, disse o promotor.

Após a prisão de Marcelo Tavares e José Luis Vargas, áudios e informações citando possíveis novas vítimas do crime de extorsão circularam pelas redes sociais. Na edição da última segunda-feira, dia 29, o A VOZ DA CIDADE, transcreveu com exclusividade em uma matéria e colocou em seu site, os áudios que serviram como base para a prisão dos dois. Segundo informações do MPRJ, o atual e o ex-prefeito de Resende, Diogo Balieiro e José Rechuan, respectivamente, além do atual chefe do Poder Executivo de Porto Real, Ailton Marques, também teriam sido vítimas das extorsões.
O prefeito Eduardo Guedes fez a denúncia ao MP

O promotor garante que manterá as investigações. “Com relação a outras possíveis vítimas dos mesmos crimes, o MP realizará as investigações cabíveis. Se comprovados novos crimes, seja por parte dos envolvidos inicialmente, seja por outros elementos, o procedimento legal consiste no oferecimento de ação penal perante o Poder Judiciário, para que sejam responsabilizados devidamente”, frisa Fabiano Oliveira.

IBTC

O professor José Luís de Carvalho Vargas é presidente do Instituto Brasileiro de Transparência e Cooperação (IBTC), criado para fiscalizar ações dos políticos na região. Em nota, o IBTC lamentou o ocorrido e garante apoiar toda e qualquer investigação do MP. “Gostaríamos que fosse entendida a separação entre a instituição (IBTC) e o Srº. José Luis de Carvalho Vargas. Igualmente, informamos que o senhor Marcelo Tavares não faz parte do quadro do Instituto. Dito isso, que fique a cargo das autoridades policiais e da Justiça brasileira fazerem toda denúncia, investigação e condenação por quaisquer atos ilegais supostamente praticados”, diz o documento assinado pelos membros do IBTC.

ENTENDA O CASO

O prefeito Eduardo Guedes foi alvo de extorsão, segundo o Gaeco, Marcelo Tavares e José Luis pressionavam o governo a pagar até R$ 200 mil para que, depois, eles retirassem da Justiça uma ação impetrada contra a Prefeitura de Itatiaia e o prefeito Eduardo Guedes. O vereador João Márcio e o prefeito Eduardo Guedes relataram toda a situação ao MP. “Depois da ação disseram que não era mais R$ 80 mil, subiram o pedido de propina para R$ 200 mil. E se não tivesse esse valor que aceitariam os R$ 80 mil mesmo”, comentou o vereador João Márcio.

Vereador João Márcio ajudou na ação

Um encontro simulando terem aceitado a chantagem foi acertado, para o dia 26, em Itatiaia. O prefeito Eduardo Guedes levou cerca de R$ 40 mil em espécie para o encontro, as notas estavam marcadas por orientação do Gaeco. O valor foi recebido pelos envolvidos, e quando saíam da Graal Itatiaia foram presos em flagrante. Contra eles já havia mandado de prisão preventiva expedido, posteriormente, foram conduzidos para a 99ª DP. “Não concordo com esse tipo de ação, querer extorquir para conseguir vantagens. Quando eu soube de tudo que aconteceu procurei os advogados e fomos até o Ministério Público buscar orientação. Tenho certeza do que estou fazendo e agindo dentro da legalidade com as minhas ações frente ao Executivo”, disse o prefeito Eduardo Guedes.

O advogado Marcelo Tavares foi transferido para um presídio no Rio e o professor José Luis Vargas para a Casa de Custódia, em Volta Redonda. A OAB Resende apresentou advogado para defesa de Marcelo Tavares, um pedido de habeas corpus foi apresentado pela defesa ao Tribunal de Justiça, que negou a emissão do documento.

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