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Exposição ‘Terra Vinga’ será inaugurada no Sesc Barra Mansa neste sábado

Mostra leva reflexão crítica sobre exploração colonial e memória ferroviária da regiã

Por Tânia Cruz
exposição ‘terra vinga’ no sesc barra mansa leva reflexão crítica sobre exploração colonial e memória ferroviária da região divulgação
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BARRA MANSA
O Sesc Barra Mansa inaugura Neste sábado, dia 5, às 15 horas, a exposição ‘Terra Vinga’, do artista mineiro Marlon de Paula, com curadoria de Joyce Delfim. A mostra reúne um conjunto de obras que propõem uma reflexão crítica e sensorial sobre os impactos da mineração e da exploração colonial no território brasileiro, um tema que ganha ainda mais força ao ser apresentado em uma cidade historicamente marcada pela presença da Ferrovia do Aço.
A visitação à obra segue até outubro, com entrada gratuita, de terça a sexta-feira, das 10 às 20 horas; e aos sábados, domingos e feriados das 10 às 17 horas. Durante o período expositivo, será lançado um catálogo da mostra.
Vale destcara que, Terra Vinga explora como o imaginário colonial, alimentado por mitos como o da Serra de Sabarabuçu e pelas promessas de riquezas minerais, moldou não apenas a paisagem física, mas também as estruturas sociais, econômicas e políticas do país. A exposição aborda as marcas dessa lógica extrativista, que desde o período colonial até o capitalismo industrial segue impactando ecossistemas, comunidades e modos de vida.
Marlon destacou que gosta de convidar as pessoas a pensar o que Terra Vinga pode significar para elas. “Faço esse jogo com a palavra ‘vingar’, tanto no sentido de vingança quanto de algo que se perpetua, que sobrevive, como, quando uma parteira reencontra uma criança que vingou. “Acho importante que quem vá à exposição reflita sobre isso”, destacou Marlon. Joyce complementou que, em Terra Vinga, o artista Marlon evoca uma terra sujeito, mas não só. “Reconhecida em seu lugar de não-recurso, Terra não só possui direitos como também revida a violência de seus algozes.”, complementou Joyce.
No conjunto de obras selecionado pela curadora, o público poderá ver fotomontagens, instalações, videoperformance e fotografias que combinam imagens autorais, documentos de arquivo e gravuras históricas. Em peças como Pulmão de Pedra, que trata dos impactos da mineração nos corpos e nos territórios de trabalhadores envolvidos com a atividade mineradora, ou na fotoinstalação Rio das Mortes, o artista tece narrativas visuais que conectam corpo, território e história. A obra também remete à importância histórica do Rio das Mortes, palco da Guerra dos Emboabas e de redefinições de fronteiras coloniais.
Entre os destaques da mostra está a instalação fotográfica Mil dias, que aproxima visualmente duas ferrovias: a Ferrovia do Aço e o mineroduto Minas-Rio. A instalação é baseada em registros históricos como os de Marc Ferrez, que documentou a construção da ferrovia entre 1881 e 1884, e traz imagens que retratam as transformações ambientais e morfológicas provocadas por essas infraestruturas de escoamento de produção agropecuária, durante o período imperial, e mineral, durante a ditadura militar. A instalação busca transcender a bidimensionalidade da fotografia, criando um ambiente sensorial que convida o público a percorrer fisicamente um espaço inspirado no traçado das ferrovias na Serra da Mantiqueira.
Apresentar a exposição em Barra Mansa potencializa ainda mais esse diálogo: a cidade, localizada no Vale do Paraíba, foi um importante entroncamento ferroviário desde o século XIX, integrando as rotas que escoavam minérios e outras riquezas do interior para o litoral. Até hoje, a linha férrea corta a malha urbana e permanece ativa, transportando sobretudo cargas industriais e minerais. Além de sua função logística, a ferrovia faz parte da memória afetiva e histórica da cidade, que mantém iniciativas de preservação do patrimônio ferroviário, como a antiga Estação Barra Mansa. Nesse contexto, a instalação Mil dias estabelece uma conexão direta com o território local, convidando o público a refletir sobre como infraestrutura e exploração caminharam — e ainda caminham — juntas.
A exposição — contemplada pelo edital Sesc RJ Pulsar 2025 — conta ainda com ações de acessibilidade, incluindo fotografias táteis e conteúdo de audiodescrição para obras selecionadas.
Sinopse
TERRA VINGA, exposição individual do artista mineiro Marlon de Paula com curadoria de Joyce Delfim, evoca uma terra sujeito, mas não só. Reconhecida em seu lugar de não-recurso, Terra não só possui direitos como também revida a violência de seus algozes.  A partir de um conjunto de fotomontagens, foto instalações, vídeoperformance e videoarte, o artista apresenta ao público desenlaces de sua pesquisa acerca dos processos e efeitos da superexploração da natureza e do trabalho, em territórios e comunidades afetadas pela mineração colonial e neocolonial em Minas Gerais.
Marlon de Paula (artista)
É natural da região do Vale do Rio Doce (MG). Sua produção artística transita entre o universo rural e urbano, com forte atenção às dimensões ambientais, sociais e mitológicas dos territórios que habita. É mestrando em Artes Visuais pela EBA/UFMG. Artista premiado, recebeu o XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez (2021), o 4º Prêmio Décio Noviello de Fotografia (2023), e foi selecionado pelo 9º Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger (2023). Participou de residências artísticas no Brasil e na França
Joyce Delfim (curadora)
É pesquisadora e curadora. Doutoranda em Artes Visuais pela UFBA, mestre em Estudos Avançados em História da Arte pela Universidade de Salamanca e bacharel em História da Arte pela UERJ. Suas investigações acadêmicas e curatoriais articulam arte contemporânea, território, ecologia e crítica infraestrutural a partir de perspectivas pluridisciplinares. Realizou curadorias em instituições como o Paço Imperial (RJ), Casa Fiat de Cultura (BH), Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (RJ), Palácio das Artes (BH), entre outras.

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