SUL FLUMINENSE
O presidente americano, Donald Trump, assinou na última quarta-feira, dia 30, o decreto que formaliza tarifas de 50% para produtos brasileiros. Mas o texto traz uma série de exceções às taxações. As novas tarifas entrarão em vigor a partir do dia 6 de agosto. Antes a previsão era que as novas taxas seriam implementadas já neste dia 1º.
O decreto de Trump detalha 694 produtos específicos isentos. Em geral, minerais, produtos energéticos, metais básicos, fertilizantes, papel e celulose, alguns produtos químicos e bens para aviação civil estão isentos da tarifação adicional.
Carne, frutas e café não entraram na lista de exceções. Mas o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, abriu possibilidade de tarifa zero para produtos agrícolas que os americanos não cultivam — algo que seria aplicado a todos os parceiros comerciais, não apenas o Brasil.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) através de reitera sua grave preocupação com a implementação das tarifas estadunidenses sobre as exportações brasileiras. Considerando o anúncio da ordem executiva pelo governo dos EUA, será aplicada tarifa transversal de 50% para as importações originadas no Brasil.
De acordo com o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, a federação estas medidas não alteram as tarifas de importação de 50% sobre os produtos de aço e de alumínio anteriormente anunciadas. Estes permanecem como ponto de grande preocupação a ser mantido na agenda de negociações. “As tarifas anunciadas impactam diretamente a pauta exportadora do estado do Rio de Janeiro, salvo produtos presentes em listas de exceção, como óleos brutos de petróleo. A indústria de Petróleo e Gás compõe aproximadamente 60% das exportações fluminenses para os EUA, sendo o principal item na pauta exportadora e representando 40 mil empregos diretos no estado”.
Ainda de acordo com Luiz Césio, no ano passado, 48 municípios do estado exportaram para o mercado estadunidense e poderão ser impactados pelo tarifaço. Ainda segundo a Federação, em consulta com a base empresarial, cerca de 60% dos respondentes esperam impactos das medidas em seus negócios no curto prazo, principalmente na queda de receitas, no aumento de custos operacionais e na redução das exportações. “A preocupação do setor industrial com o impacto nos níveis de emprego nos setores afetados. 42% dos empresários entrevistados manifestaram que temem a possibilidade de redução de postos de trabalho”, cita.
Em contraste com as medidas aplicadas, Brasil e os EUA mantêm um longo histórico de relações voltadas para a promoção dos negócios. Os EUA são o principal investidor externo direto no mercado brasileiro e o segundo maior parceiro comercial do Brasil, registrando superávit de US$ 7 bilhões em relação ao Brasil em 2024.
Nesse contexto, a Firjan defende a urgência da intensificação da atuação diplomática e paradiplomática em diversos níveis para construção de uma solução negociada e célere para mitigação dos impactos econômicos e sociais das novas tarifas anunciadas.
Para a Associação dos Processadores de Aço do Rio de Janeiro, Aproaço, o tarifaço do governo americano atingiu em cheio as indústrias processadoras de aço ainda no mês de junho, quando a tarifa de exportação dobrou, passando de 25% para 50%.
O presidente da Aproaço, Haroldo Filho, destaca que o neste último anúncio, a categoria não foi afetada, pois a tarifa já havia sido aplicada de forma antecipada. “Chama a atenção neste momento é o estado de inércia do governo brasileiro quanto às medidas protetivas para as indústrias do país. Além de não sentarmos à mesa com o governo americano para rever e criar um acordo comercial, assim como o Reino-Unido, que conseguiu manter a taxa em 25%, também deixamos a porta escancarada para o aço importado invadir a nossa produção. Ou seja, não buscamos soluções para que a exportação volte a ser viável e nem nos protegemos de quem vê no Brasil a melhor rota para despejar sua produção, sem enfrentar as mesmas barreiras comerciais”, avalia.
Para ele o resultado disso são prejuízos. “Empresas são atingidas pela perda de competitividade, redução na produção, e uma redução importante de ICMS para os municípios, que já começaram a sentir os efeitos da perda de arrecadação. E na ponta disso tudo quem vai sentir na pele é o trabalhador que vê seu emprego em risco devido essa insegurança do mercado do aço”, cita.