SUL FLUMINENSE
ROZE MARTINS
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio registrou que os casos de bronquiolite têm aumentando nos hospitais do estado, uma situação que também se reflete em cidades da Região Sul Fluminense. A doença é causada pela inflamação provocada por um vírus – que acomete na maioria dos casos bebês e crianças de até dois anos – e o aumento dos índices fez que, como medida preventiva, a secretaria ampliasse a capacidade de leitos no Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda, passando de 20 para 30 leitos de UTI pediátrica, podendo chegar a 40, se continuarem subindo os casos de bronquiolite.
De acordo com a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello, esse monitoramento é uma das medidas mais eficientes, capaz de evidenciar piora e melhora dos cenários com maior agilidade. “Desta forma, ampliamos imediatamente a capacidade do Hospital Zilda Arns e, caso seja necessário, vamos abrir leitos em outras unidades”, afirmou.
A pediatra neonatologista, Lidiane Diniz Braga, responsável pela rotina médica da UTI Neonatal de um hospital particular de Barra Mansa, em entrevista ao A VOZ DA CIDADE afirmou que na unidade houve um número significativo de internações e busca por vagas devido a quadros respiratórios de diversas idades, incluindo a bronquiolite viral aguda que, conforme explica, tem como principal agente causador o vírus sincicial respiratório. De acordo com levantamento feito pela médica, somente nos meses de março e abril foram 17 internações (7 em março e 11 em abril) por bronquiolite, de crianças menores de um ano. Nos primeiros dias de maio, as internações já somam seis casos, o que representa 50% da ocupação do leito da UTI Neonatal, que tem capacidade para 12 crianças.
“Atualmente, metade no número de leitos é bronquiolite e não param de solicitar vaga para tratamento da doença; a demanda está bem alta. Só nesta madrugada de quinta-feira, dia 2, eu internei dois bebês, sendo um de 27 dias e outro de um mês. Infelizmente a fase da bronquiolite só está começando e a tendência é de aumentar os casos, principalmente quando esfriar. E isso se deve porque com o frio os adultos ficam mais gripados e os bebês mais expostos a serem contaminados”, alertou a pediatra, ao explicar que o vírus causador da bronquiolite se aloja nas vias aéreas causando manifestações respiratórias que são mais graves em prematuros, cardiopatas e pacientes com doenças pulmonares crônicas.
SINTOMAS
Os sintomas mais comuns são: coriza, tosse leve, febre persistente em mais de três dias, respiração acelerada e com dificuldade, além de fadiga. De acordo com a média, a principal maneira de evitar a bronquiolite é através da vacina Palivizumabe, que é disponibilizada a crianças com maior risco de gravidade através da solicitação via planos de saúde e também pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, outras medidas de prevenção também são importantes
“Evitar ambientes onde existam aglomerações fechadas, contato com pessoas resfriadas porque isso aumenta o risco de contaminação. A higienização das mãos também é de extrema importância para evitar a contaminação e disseminação da doença. Existe uma sazonalidade de incidência da bronquiolite, que varia de acordo com a região, no entanto, no outono, quando o clima começa a esfriar e as pessoas tendem a se aglomerar e manter os ambientes mais fechados, ficam mais resfriadas e acabam aumentando o risco de contaminação
Mãe de uma bebê de um ano e nove meses, Michele Lopes, precisou interromper a ida da filha à creche devido a uma crise recente de bronquiolite. A menina não precisou de internação, no entanto, seu pediatra indicou o uso de antibiótico e bombinha. “Praticamente todas as crianças da turma dela estavam com tosse, algumas tiveram pneumonia e outras bronquite e bronquiolite. Segundo a professora de classe essa época é assim mesmo e por volta de novembro também. Como a bronquiolite é um vírus, eu preferi deixar ela afastada, em casa, durante uma semana”, contou Michele.
Bronquiolite é diferente de bronquite
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, a bronquiolite é uma condição clínica causada pela inflamação dos bronquíolos, vias aéreas inferiores de calibre muito pequeno que levam oxigênio aos pulmões. Trata-se de uma infecção que não pode ser confundida com bronquite (que é a inflamação das vias aéreas). É uma doença que pode se tornar grave em pouco tempo se não tratada corretamente.
Como prevenção, a secretaria recomenda a imunização contra a Influenza, que está disponível e também impacta positivamente na contenção dos casos. Além da bronquiolite, no Estado, o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças e adolescentes por outras causas também aumentou, passando de 228 para 366 registros nas últimas semanas.