VOLTA REDONDA
Depois dias de angústias a espera do reconhecimento legal do falecimento de parentes por sete anos, a vitória chegou para mais duas mulheres enlutadas de Volta Redonda. Na tarde de quinta-feira, dia 22, na sede do Núcleo de Práticas Jurídicas, Escritório Modelo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Campus Aterrado, uma delas, Maria Aparecida da Silva, se apresentou aliviada das dores de forma parcial. Ela foi uma das enlutadas que pôde exibir o atestado de óbito do irmão Luis Carlos Ferreira, enterrado como indigente em 2018 no Cemitério Municipal Isidório Ribeiro, no bairro Retiro.
Maria Aparecida, Alessandra Paulino, a Tia Chica, e Lucimar Oliveira foram recebidas pela coordenação da Pós Graduação em Residência Jurídica, Vanessa Terrade, ligada ao Núcleo de Práticas Jurídicas, o vice-chefe do departamento de direito da UFF, professor Leonardo Costa de Paulo, a estagiária de psicologia do apoio psicológico às mães, Tatiana, e o coordenador do Movimento Pela Ética na Política (MEP.VR), José Maria da Silva, o Zezinho, juntos analisaram e celebraram a conquista que fez ‘derrubar protocolos’.
INÍCIO DE UMA SAGA
Tia Chica, que em dezembro de 2023 iniciou a sua saga para localizar o filho, fazer o DNA e saber onde foi sepultado como indigente, também comemorou a vitória da amiga. Explicou que os seus papéis estão quase prontos também. “Estou emocionada e feliz. Eu, com a minha família e amigos vamos fazer o sepultamento digno de meu filho Jonathan Paulino. Nossa luta derrubou protocolos burocráticos, rompemos barreiras”, declarou Tia Chica. Segundo ela, o processo do Jonathan foi mais rápido e está prestes a ser concluído. “Os restos mortais do Jonathan estão no cemitério do município Barra do Piraí”, completou Tia Chica.
Já Maria Aparecida declarou que a dor da Tia Chica serviu de força para todas as outras enlutadas. “Desde quando vi o grito da Tia Chica e os apoios de várias pessoas e grupos, logo notei que meu caso não era algo isolado. Pensei, temos que nos juntar e lutar”, disse Maria Aparecida, frisando que no início pensou que era normal demorar tanto, já que a justiça é lenta. “Agora, o meu irmão tornou-se gente novamente, mesmo depois de morto”, relatou, lembrando que a Tia Chica foi para ela e para as outras enlutadas a força que todas precisavam para lutar. O processo de Lucimar Santos Souza, mãe de Pablo Santos de Souza, desde 2018, segue em segredo de justiça desde 2018.
Enlutadas de Volta Redonda recebem atestado de óbito de parentes
Foram sete anos de luta e dias angustiantes a espera do reconhecimento legal de familiares

O encontro das enlutadas na sede do Núcleo de Práticas Jurídicas, Escritório Modelo da UFF - Divulgação