Endividamento das famílias sobe 62,7% e cartão de crédito é o vilão

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SUL FLUMINENSE

Pagar à vista, no débito ou no crédito? Uma dúvida comum dos consumidores ao finalizar uma transação comercial. Porém, o cartão de crédito tem sido uma das mais praticadas pelos brasileiros para quitar ou financiar dívidas. Assim, também é a modalidade que proporciona a maior taxa de inadimplência para as famílias.

Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias brasileiras endividadas em abril alcançou 62,7%. O índice representa o aumento de 0,3 ponto percentual em relação a março deste ano e 2,5 pontos perante o mesmo período do ano passado. O percentual de famílias inadimplentes, ou seja, com dívidas ou contas em atraso, também aumentou no último mês, se comparado ao mês anterior, passando de 23,4% para 23,9%. No entanto, houve queda da inadimplência em relação ao mesmo período do ano passado, quando o índice chegou a 25% do total.

O número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso também aumentou na comparação mensal, passando de 9,4% no mês passado para 9,5% este mês. No Sul Fluminense inúmeras famílias enfrentam problemas financeiros devido à crise econômica. “Eu e meu marido tivemos dificuldades em manter as contas em dia desde 2017, quando ele saiu da CSN. Conseguiu emprego novamente ano passado, mas seguimos tentando manter as contas em dia. As dívidas viraram uma bola de neve, o cartão de crédito está impraticável e nosso nome esta negativado”, comenta a dona de casa Marília de Almeida, 49. Ela e o marido possuem renda média mensal de R$ 1,8 mil.

O cartão de crédito foi apontado em primeiro lugar como um dos principais tipos de dívida por 77,6% das famílias endividadas, seguido por carnês, para 15,3%, e, em terceiro, por financiamento de carro, para 10,0%. O número de famílias endividadas apresentou tendências distintas entre as faixas de renda pesquisadas, na comparação mensal. “O cartão é o vilão das finanças, é preciso utilizar como consciência porque a fatura deve ser paga sempre integralmente. Aprendi a ter controle pedindo limite baixo para minha operadora. Inicialmente, ofereceram R$ 600 de limite. Pedi pra baixarem o limite pra R$ 200, o que me salva atualmente”, comenta o universitário Tiago Almeida, 24. Em sua família, os pais e irmãos também estão negativados e boa parte deles devido ao cartão de créditos e carnês de lojas. “A renda média da minha família está em torno de R$ 4,5 mil, mas cada um de nós tem alguma dívida aberta e tenta, sim, pagar. O problema são os juros e o baixo poder do salário”, reitera.

ENDIVIDAMENTO POR RENDA

Para as famílias que ganham até dez salários mínimos, o percentual daquelas com dívidas alcançou 63,9% em abril. Para as famílias com ganhos acima de dez salários, o percentual diminuiu de 58,3% em março para 57,5%, em abril. A alta consecutiva no percentual de famílias com dívidas pode ser explicada por dois aspectos, segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros. “É reflexo da continuidade do processo de recuperação das concessões de crédito e do consumo das famílias”, avalia.

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