Endividamento das famílias fluminenses aumenta no mês de junho

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SUL FLUMINENSE 

O percentual de famílias endividadas no estado do Rio de Janeiro registrou o quarto aumento consecutivo, na comparação mensal, e atingiu o valor de 61,9% em junho de 2019, aumento de 0,9 ponto percentual frente a maio e 1,8 ponto percentual na comparação com o mesmo período do ano anterior. É a segunda vez consecutiva que a proporção de famílias endividadas aumenta no comparativo interanual. É também a primeira vez, desde maio de 2018, que o índice passa a oscilar fora do intervalo de 1,5 ponto percentual. O levantamento é da Fecomércio RJ, apurado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).

A pesquisa revelou que a proporção de endividados cresceu mais fortemente entre as famílias que ganham até 10 salários mínimos e alcançou 65,7% em junho frente a 64,8% no mês de maio.  O número de junho de 2019 já é 1,9 ponto percentual, superior ao valor registrado no mesmo período do ano passado. “Meu marido e eu, juntos, somamos três salários mínimos. A dívida aumentou significativamente do último semestre de 2018 em diante. As contas com cartão de crédito e despesas extras de saúde nos prejudicaram”, comenta a dona de casa Fernanda Ribeiro, de Resende.

Segundo a Fecomércio, dentre o total de endividados, 77,9% afirmou que tem dívida no cartão de crédito, o que equivale a um contingente de famílias 4,9 vezes superior aos endividados com carnês (15,9%), segunda maior modalidade de endividamento em junho de 2019. O percentual de famílias inadimplentes recuou e atingiu 27,7% em junho, frente a 28,7% registrados em maio. O recuo sugere que as famílias podem ter se endividado para pagar contas em atraso.

A porcentagem de famílias que revelou não ter condições de pagar as contas em atraso subiu 0,4 ponto percentual em junho frente a maio, e atingiu 13,9%, quinto aumento consecutivo. Este é o caso da família do pedreiro Osvaldo Batista. “Não teve como pagar, não. Ou come ou paga conta. E deixar filhos com fome não vou, prefiro atrasar e negociar as dívidas depois. Fiquei sem emprego seis meses, as obras estão reduzindo. Agora, quero limpar meu nome e fazer compra mensal no supermercado constantemente”, opina o morador de Itatiaia.

A proporção de famílias que não terão condições de pagar suas contas, entre o grupo que ganha até dez salários mínimos (17,1%), registrou valor aproximadamente 3,6 vezes superior a proporção de famílias que não terão condições de pagar suas contas entre as ganham mais de dez salários (4,7%).

Na média, os endividados destinaram 28,7% da sua renda para o pagamento dos juros da dívida no mês de junho, mesmo valor verificado em maio e 0,4 ponto percentual inferior à proporção observada no mesmo mês do ano anterior. Por um lado, o número de famílias endividadas aumentou em junho na comparação dos últimos 12 meses. Entretanto, o tamanho da dívida contratada por cada família diminuiu também na comparação anual. “De fato gastávamos bem mais há alguns anos, mas com consciência ainda devemos, mas em menor escala. São bancos, cartão de crédito, algumas lojas em atraso. Priorizamos a escola das crianças e as despesas do lar, como energia, telefone, internet. Hoje, posso dizer que a despesa em minha casa baixou uns 30% perante uns cinco anos atrás”, argumenta o vendedor Natanael Paiva, morador da Bagagem.

As famílias com contas em atraso demoraram 65,3 dias além do prazo para quitá-las em junho de 2019, contra 65 dias em maio de 2019 e 61,5 dias em junho de 2018. Dessa forma, as famílias permaneceram endividadas, em junho, por aproximadamente 233 dias, mesmo valor observado no mês passado, mas 17 dias a mais que o mesmo mês do ano anterior.

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