ESTADO/RESENDE
Vinte e quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta quarta-feira, 18, pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção do Ministério Público do Rio de Janeiro em um procedimento investigatório criminal instaurado para apurar supostas movimentações suspeitas envolvendo Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL). Queiroz era lotado no gabinete do parlamentar quando era deputado estadual. Ação aconteceu também em Resende, averiguando nove parentes da ex-esposa de Jair Bolsonaro, o presidente da República, Ana Cristina Siqueira Valle, que eram lotados no gabinete de Flávio entre 2003 e o ano passado.
Por conta do sigilo das investigações, o Ministério Público disse que não pode oferecer mais informações. O nome de Fabrício Queiroz consta em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que aponta uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta em nome do ex-assessor. O relatório integrou a investigação da Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, que prendeu deputados estaduais no início de novembro.
No fim do ano passado, o MPRJ tentou ouvir o ex-assessor, mas ele não compareceu aos depoimentos justificando problemas de saúde. A mulher Márcia Oliveira de Aguiar e as filhas dele Nathália Melo de Queiroz e Evelyn Melo de Queiroz também faltaram ao depoimento, alegando que o acompanhavam em tratamento em São Paulo.
Defesa
Em nota, a defesa de Fabrício Queiroz informou ter recebido a informação a respeito da medida de busca e apreensão “com tranquilidade e ao mesmo tempo surpresa, pois é absolutamente desnecessária, uma vez que ele sempre colaborou com as investigações, já tendo, inclusive, apresentado todos os esclarecimentos a respeito dos fatos”. “Ademais, surpreende que mesmo o MP reconhecendo que o juízo de primeira instância seria incompetente para processar e julgar qualquer pedido relacionado ao ex-deputado o tenha feito e obtido a referida decisão, repita-se, de forma absolutamente desnecessária”, completa a nota.
Queiroz trabalhou por mais de dez anos como segurança e motorista de Flávio Bolsonaro. Ele tinha um salário de R$ 8.517 e acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar. Foi exonerado da Alerj em outubro de 2018, quando Flávio foi eleito para o Senado.
INVESTIGAÇÃO
A suspeita da “rachadinha” – esquema de repartição dos salários – faz parte da investigação. Flavio Bolsonaro foi deputado estadual por quatro mandatos.
No mês de maio a força-tarefa obteve na Justiça a quebra dos sigilos fiscal e bancário de 96 pessoas e empresas, incluindo Queiroz e Flávio. A investigação foi instaurada no ano passado, meses depois que o antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), atualmente Unidade de Inteligência Financeira, enviou um relatório ao Ministério Público com movimentação atípica de Queiroz no valor de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Até o mês passado o caso estava parado aguardando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade do compartilhamento de informações sem autorização judicial. A tese para o compartilhamento foi aprovada pelo órgão em novembro.
Na ação de ontem as medidas atingiram ex-assessores que tiveram também os sigilos quebrados em abril quando 96 pessoas e empresas foram alvo de decisão da Justiça.
O senador Flávio Bolsonaro ainda não se manifestou sobre a ação do MPRJ. Ele também foi alvo da operação e apreensão. O Ministério Público visitou uma loja da qual é sócio na Barra da Tijuca.
Seu advogado Frederick Wassef, falou que não teme os resultados da operação contra seu cliente. Afirmou que pretende tomar medidas contra o vazamento da operação.