Em dia internacional, Guterres defende igualdade de gênero na ciência e tecnologia

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NOVA IORQUE

Menos de 30% dos pesquisadores científicos do mundo são mulheres: essa é apenas uma das estatísticas que mostram quantos desafios ainda restam para mulheres e meninas no campo científico no Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, lembrado nesta terça-feira, dia 11.

Pedindo o fim do desequilíbrio de gênero na ciência, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse em sua mensagem para o dia que “desmantelar estereótipos de gênero” é um passo essencial.

Ele destacou o fato de que “meninas e meninos têm um desempenho igualmente bom em ciências e matemática, mas apenas uma fração das estudantes do ensino superior opta por estudar ciências” e apelou a um desenvolvimento de carreira mais favorável para mulheres cientistas e pesquisadoras.

Ciência pode trazer benefícios que mudam a vida

Em sua declaração para a data, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, reforçou essa mensagem, lembrando que “a ciência e a inovação podem trazer benefícios que mudam a vida, especialmente daqueles que estão sendo deixados para trás – como mulheres e meninas que vivem em áreas remotas, idosos e pessoas com deficiência”.

Destacando também a importância da ciência para o trabalho decente e os empregos do futuro, inclusive na economia verde – essencial para enfrentar a crise climática – Mlambo-Ngcuka disse que havia uma clara necessidade de “quebrar os estereótipos de gênero que vinculam ciência à masculinidade”.

Recebem menos, publicam menos

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), as mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) têm menos publicações, recebem menos por suas pesquisas e não avançam tanto quanto os homens em suas carreiras.

Dados da Unesco de 2014-2016 mostram que, globalmente, as matrículas de estudantes do sexo feminino são particularmente baixas em tecnologia da informação e comunicação (TIC), onde as mulheres representam apenas 3%, e nas ciências naturais, em matemática e estatística, onde esse percentual é de 5%.

“Se quisermos enfrentar os enormes desafios do século 21 – das mudanças climáticas à ruptura tecnológica – precisaremos confiar na ciência e na mobilização de todos os nossos recursos”, disse Audrey Azoulay, chefe da Unesco.

“É por esse motivo que o mundo não deve ser privado do potencial, da inteligência ou da criatividade de milhares de mulheres vítimas de profunda desigualdade e preconceito.”

O Dia Internacional foi estabelecido em 2015, após a adoção de uma resolução pela Assembleia Geral, sinalizando o interesse da comunidade internacional em alcançar a igualdade e a paridade de gênero na ciência para o desenvolvimento sustentável e reconhecendo que o acesso e a participação completos em assuntos STEM são essenciais para o empoderamento de mulheres e meninas.

Oportunidades

Marcando o 25º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, um roteiro para os direitos das mulheres e meninas, 2020 oferece uma nova oportunidade de progresso em direção à paridade de gênero.

O secretário-geral da ONU disse que o aniversário é uma chance de “trazer nova urgência à promoção do acesso de mulheres e meninas à educação científica, treinamento e empregos”.

A campanha da ONU Mulheres “Geração Igualdade” visa acelerar as ações de igualdade de gênero e marcar o 25º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim.

Com seis Coalizões de Ação para enfrentar as desigualdades de gênero, um foco da campanha é “Tecnologia e Inovação para a Igualdade de Gênero”, que tem como objetivo “catalisar ações para abordagens inovadoras que ofereçam novas oportunidades para mulheres e meninas, enquanto aborda barreiras à conectividade, à inclusão digital e à igualdade digital”.

Phumzile Mlambo – Ngcuka, da ONU Mulheres, acrescentou que a campanha também “é uma chance de garantir que a comunidade empresarial, incluindo as dos setores STEM, tenha participação e seja responsável pela igualdade de gênero e pelo empoderamento das mulheres no local de trabalho, mercado e comunidade”. (*Com informações da Agência ONU News).

* Luciano R. Pançardes – Editor Chefe

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