SUL FLUMINENSE
Adotado como alternativa para economia no bolso dos condutores o Gás Natural Veicular (GNV) segue como o combustível veicular mais em conta, porém, a margem de lucro em seu uso reduz gradativamente. Nesta semana, motoristas de cidades do Sul Fluminense reclamaram dos valores praticados pelo metro cúbico (m³) em postos de Barra Mansa, Volta Redonda e Resende. Há relato de estabelecimento que elevou o valor do metro cúbico de forma abusiva, segundo clientes.
Este caso foi em Barra Mansa, onde na tarde da última quinta-feira, dia 1º, os condutores se surpreenderam com o aumento do GNV em R$ 0,20. A equipe de reportagem do A VOZ DA CIDADE esteve nesta sexta-feira, dia 2, nos quatro principais postos de combustíveis do Centro, e constatou que apenas um deles continua com o preço de R$ 3,49/m³. Já os outros três variam de R$ 3,75/m³ à R$ 3,79/m³.
O aumento do GNV já preocupa alguns condutores. Que é o caso da vendedora Mônica Silva, de 34 anos. Ela contou que mora em Volta Redonda e trabalha há mais de dez anos em Barra Mansa, fazendo o trajeto no mínimo cinco vezes na semana. Recentemente instalou o kit GNV em seu veículo para economizar no combustível, investiu R$ 4 mil na conversão. “Sempre abastecia em Barra Mansa, por ser mais barato, e colocava GNV a R$ 3,59/m³. Por semana, meu gasto era de R$ 51. Agora, fui surpreendida na quinta-feira com o aumento, o que é altíssimo”, disse a vendedora, que realizou novas contas das despesa. “Gastava por mês R$ 204 e agora vou gastar R$ 256. Sinceramente, já me arrependo de ter mudado para o GNV. Era melhor ter continuado (somente) na gasolina”, comparou, acrescentando que sua filha estuda em Barra Mansa e o horário de ambas não coincide. “Ela acaba de retornar e eu, saio de férias na próxima semana. Se eu for todos os dias em Barra Mansa e voltar, já que ela estuda em período integral, não compensa esperar. Farei o percurso duas vezes ida e volta, por dia. E terei um gasto de R$ 69 por semana. Não sei se compensa”, concluiu.
CIDADE DO AÇO
Em Volta Redonda, cidade que geralmente pratica valores mais elevados com a venda de combustíveis no Sul Fluminense, segundo usuários, o GNV não teve aumento de preço nos últimos dias. Mas, reclamam que o preço oscila demais entre os postos, semelhante ao combustível líquido como acontece com a gasolina e o etanol. Na quinta-feira, 1º, esses combustíveis tiveram aumento de até R$0,15 centavos no litro. O receio é que a prática se estenda ao GNV como ocorreu em Barra Mansa. Segundo informação de proprietários de veículos com GNV, o valor varia na Cidade do Aço entre R$ 2,60/m³ e R$ 3,69/m³.
Vale lembrar que, depois das inúmeras queixas sobre os preços abusivos da gasolina, do etanol, do diesel e do GNV na cidade, a Câmara de Vereadores formou uma Comissão Especial que desde maio do ano passado apura possíveis irregularidades como cartelização, adulteração de combustíveis, fraude no volume medido nas bombas, além de sonegação fiscal.
RESENDE MANTÉM VALORES
Na cidade de Resende os valores do GNV também geram reclamação dos consumidores. Os valores oscilam entre R$ 3,25/m³ e R$ 3,65/m³, o que gera dúvidas sobre a falta de padrão nos preços. “Não percebi aumento, mas sim que varia muito tanto o valor quanto a pressão do bico injetor de um posto para outro. Coloco R$ 25 pra encher o cilindro de 10 m³ e percebo que rodando a mesma distância, o gasto quando abasteço num posto do Paraíso é menor do que quando coloco, em outro do Jardim Jalisco. Questionei isso e falaram que é a pressão no bico injetor do posto. Poxa, não sei se procede, mas se já tem isso e não podemos controlar, ao menos o preço teria que ser nivelado ao menor valor”, reclama o industriário Wendel da Cunha.
O gerente de um posto negou que o setor siga alguma orientação a não ser a da concorrência por consumidores. “Se todos colocam preço parecido falam em cartel. Daí uns baixam, outros elevam, o cliente analisa o que acha caro ou barato, enfim, mas reclamam de oscilação e pressão no bico injetor. O que há é que seguimos normas técnicas e os valores são determinados pelas distribuidoras. O repasse, quando acontece, é geral e não há aumento faz um bom tempo na cidade”, comenta Raimundo Pereira.
O comerciário Antônio Barbosa, que utiliza o veículo diariamente no trajeto Cidade Alegria-Campos Elíseos, gasta por semana a média de R$ 40. “Acompanho os preços, de fato aqui parece que não tem reajuste porque todos que vou estão no mesmo valor há semanas”, pondera.
ORIENTAÇÃO ANP
A reportagem tentou contato com os donos de postos de Barra Mansa, Volta Redonda e Resende. Porém, os empresários optaram em não conceder entrevistas sobre valores do GNV, gasolina ou etanol. De forma geral, disseram que respeitam normas da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e sofrem fiscalização do Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Rio de Janeiro (Ipem/RJ). Sobre valores, acompanham o mercado nacional e regras da Petrobras no controle de preços para refinarias, que repassam as distribuidoras e postos.
Em casos de abusos, o consumidor pode recorrer à ANP ou até ao Procon de sua cidade. A ANP não interfere na liberdade do mercado e no estabelecimento de preços, mas defende o cidadão. A primeira dica de segurança é pedir nota fiscal a cada abastecimento, tendo no documento o CNPJ e o valor pago.
Os consumidores que se sentirem lesados podem registrar queixas pelo telefone gratuito 0800 970 0267, canal direto de relacionamento da ANP. Há ainda possibilidade de registrar denúncia on-line, no site da agência no endereço http://www.anp.gov.br/fale-conosco.