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Economistas orientam inadimplentes sobre ‘mutirão’ de negociação das instituições financeiras

Por Carol Macedo
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SUL FLUMINENSE

A edição de 2024 do Mutirão de Negociação e de Orientação Financeira, que tem por objetivo oportunizar aos brasileiros a chance de negociar dívidas contraídas com bancos e financeiras em condições especiais, termina nesta segunda-feira, dia 15. E para orientar consumidores que se encontram nesta situação, o A VOZ DA CIDADE ouviu profissionais da área de economia, da região, que falaram sobre as vantagens oferecidas pelas instituições.

O mutirão é uma iniciativa promovida todos os anos pelo Banco Central (BC), pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), pela Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e pelos Procons de todo o país, com foco em diminuir a inadimplência e do superendividamento da população.  Entre as dívidas estão as relacionadas a cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal e demais modalidades de crédito contratadas em bancos e financeiras.

De acordo com a economista Paloma de Lavor, é extremamente importante a pessoa que se encontra inadimplente aproveitar a oportunidade para quitação ou negociação da dívida com o banco. “Os descontos são bem atrativos e viabilizam ao consumidor inscrito no CadÚnico limpar o nome. Aqueles que não estão na Faixa 1, com dívidas até R$ 5 mil, ainda podem tentar a renegociação via portal consumidor.gov.br ou pelo Procon. Os descontos não são tão grandes quanto para os consumidores dessa faixa, que chega a 96%, porém diversas pessoas estão conseguindo renegociar”, esclareceu Paloma.

Segundo ela, entre as dívidas que estão sendo negociadas a que mais compromete estatisticamente os brasileiros é o cartão de crédito. O que está associado ao hábito de muitos consumidores pagarem o mínimo ou o parcelamento da fatura virar uma grande “bola de neve” pro consumidor. “Dependendo do valor para quitação do cartão, em termos de taxa, vale a pena até um empréstimo pessoal para quitar”, destacou Paloma, ao dizer que em segundo lugar no ranking de endividamentos está o uso do cheque especial, já que comum o consumidor incorporá-lo à sua renda, o que segundo ela “é um grande equívoco”.

“Por último, temos os empréstimos pessoais ofertados no caixa eletrônico, que podem ser um gatilho, como se fosse uma renda fácil a ser paga em suaves parcelas”, acrescentou.

Mulheres estão mais inadimplentes


Conforme apontou a economista, em relação a gênero, as mulheres estão mais inadimplentes (50,4% ) do que os homens (49,6%) e a faixa dos 41 aos 60 anos é a que mais contempla devedores no país (35%), seguida pela faixa dos 26 a 40 (34,2%), acima de 60 (18,80%) e por fim os jovens de até 25 anos (12%).

Paloma fez um alerta, e disse que o ideal, para quem conseguir quitar as dívidas através do mutirão, é manter um controle diário da utilização do cartão para que saiba o valor da fatura e separe parte do salário para o pagamento total. “Não saber quanto gastou é um gatilho para o endividamento. Use aplicativo ou uma caderneta, anote todos os gastos, até mesmo com balas, para que se tenha noção do perfil das despesas. Com essas dicas é possível conseguir reduzir os gastos pois tem sempre um que é desnecessário”, completou.

Apoio dos órgãos especializados na negociação

Para a economista Sônia Vilela, é importante tentar a negociação sempre que possível, pois o consumidor terá apoio de órgãos especializados na condução desse processo, no entanto, ela ressalta que os valores repactuados devem estar de acordo com a capacidade de pagamento do devedor.

“Para isso é necessário que o devedor seja realista e não assuma um valor a ser pago em que ele não poderá honrar as parcelas futuras, principalmente, se tiver prazos muito longos”, disse a economista, ao ressaltar que o consumidor precisa de autoproteger com relação ao uso do cartão de crédito. Para quem conseguir limpar o nome, através do mutirão, Sônia sugere que não sejam feitos pagamentos diários de bens de consumo com o cartão. “É necessário fazer uso apenas para aqueles produtos de maior valor e que realmente precisarão ser parcelados. O uso sistemático pode levar ao consumo desenfreado e a perda da noção da capacidade de pagamento”, reforçou.

Dívidas estão associadas a falta de planejamento financeiro

Questionada sobre o porquê de os brasileiros estarem tão endividados, a economista disse que existem várias explicações para diferentes perfis de consumidores. A maior parte é por falta de planejamento financeiro e a real compreensão da sua capacidade de pagamento e a educação financeira. Ela também cita a compra de produtos acima da capacidade orçamentária e o empréstimo do nome ou o cartão para quem já perdeu o seu. “Também temos outros fatores como desemprego e perda de renda, gastos inesperados com a saúde, juros muito altos, facilidade de crédito e compras imediatas que distorcem a compreensão da realidade”, finalizou.

 

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