Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas estima crescimento global de 4% neste ano e 3,5% em 2023; secretário-geral destaca momento de recuperação frágil e desigual que requer políticas e medidas financeiras direcionadas e coordenadas.
NOVA IORQUE
Novas ondas de infecções por Covid-19, desafios persistentes do mercado laboral e na cadeia de suprimentos, associados a crescentes pressões inflacionárias deverão fazer a economia global crescer menos nos próximos dois anos.
As Nações Unidas projetam uma alta de 4% no rendimento global em 2022. Para o ano que vem, a previsão é de 3,5%, segundo o Relatório Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais.
Investimento
Na análise lançada nesta quinta-feira, dia 13, em Nova Iorque, o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, Desa, ressalta que os quatro fatores foram decisivos para a queda na expansão da economia após atingir 5,5% em 2021.
O ano passado foi marcado por fortes gastos do consumidor e uma relativa atração de investimento. O comércio de bens superou os níveis pré-pandemia.
No entanto, o impulso para o crescimento que foi observado em 2021 desacelerou de forma considerável até o final do período em especial na China, nos Estados Unidos e na União Europeia.
Os efeitos dos estímulos monetários e fiscais começaram a diminuir e surgiram grandes rupturas na cadeia de suprimentos.
Riscos
A recuperação enfrenta riscos com as crescentes pressões inflacionárias em muitas economias, revela a publicação.
Comentando o estudo, o secretário-geral da ONU destaca a “hora frágil e desigual de recuperação global, que requer políticas e medidas financeiras mais direcionadas e coordenadas nos níveis nacional e internacional”.
António Guterres diz ser momento de fechar as lacunas de desigualdade dentro e entre os países.
Para isso, ele recomenda que as economias trabalhem em solidariedade como uma família humana para “fazer de 2022 um verdadeiro ano de recuperação para pessoas e economias”.
Ômicron
Com a altamente transmissível variante Ômicron da Covid-19, surgem novas ondas de infecções e o custo humano e econômico da pandemia deve aumentar novamente.
O subsecretário-geral do Desa, Liu Zhenmin, adverte que sem uma abordagem global coordenada e sustentada para conter a Covid-19, que inclua o acesso universal a vacinas, a pandemia continuará a representar o maior risco para uma recuperação inclusiva e sustentável da economia mundial.
A recuperação do mercado de trabalho continuará abaixo do esperado e a pobreza global permanecerá alta.
Durante os próximos dois anos, os níveis de emprego devem seguir bem abaixo dos pré-pandemia e possivelmente além.
Cadeia de suprimentos
A participação da força de trabalho nos Estados Unidos e na Europa permanece em níveis historicamente baixos. A falta de mão de obra nas economias desenvolvidas está aumenta os desafios da cadeia de suprimentos e as pressões inflacionárias.
Nos países em desenvolvimento continua fraco o crescimento de postos de trabalho em meio ao fraco progresso da vacinação e aos gastos limitados para estimular as economias.
* Silas Avila Jr – Editor Internacional