RIO/SUL FLUMINENSE
O Dossiê Mulher 2024, publicado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) nesta semana, traz dados inéditos e alarmantes sobre a violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro. Em relação aos feminicídios, o estudo revela que 83% dos casos registrados em 2023 foram motivados por conflitos no relacionamento, com destaque para brigas, ciúmes, e a não aceitação do fim do vínculo afetivo. O estado também registrou uma queda de 11% nos feminicídios, com 99 vítimas em 2023, contra 111 em 2022. Nas cidades do Sul do Estado foram seis casos, em 2023: dois em Angra dos Reis e também dois, em Volta Redonda, um em Barra Mansa e um em Barra do Piraí.
O levantamento aponta que, entre os casos de feminicídios no estado, 42% dos autores alegaram ter cometido o crime após uma briga, enquanto 20% afirmaram que o motivo foi a não aceitação do fim do relacionamento. Outros 17% dos crimes foram motivados por ciúmes e 6% por desconfiança de traição. Essas estatísticas deixam claro que grande parte da violência fatal contra as mulheres está relacionada a dinâmicas de controle e posse dentro de relações amorosas.
O estudo também revela que, entre os autores desses crimes, 57% tinham antecedentes criminais, com mais de dois terços respondendo por crimes relacionados à violência doméstica. A arma branca, como facas, foi a mais utilizada para cometer os feminicídios, seguida pela arma de fogo. A maioria dos crimes aconteceu dentro de residências, com 85% das vítimas sendo mortas em suas casas.
O dossiê também traz dados alarmantes sobre a violência psicológica, que, pelo terceiro ano consecutivo, foi a forma mais registrada de agressão contra mulheres no estado. Em 2023, 51.019 mulheres foram vítimas desse tipo de violência, o que equivale a aproximadamente 140 casos por dia, um aumento de 17 % em relação ao ano anterior. Destaca-se ainda que, pela primeira vez, o crime de violência psicológica foi registrado em ambientes virtuais, com 2.157 vítimas, o que representa um aumento de 24 % sobre o ano passado.
Em relação aos outros tipos de violência, o estudo também aponta que cerca de 141 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica no estado, com 389 vítimas diárias.
Entre esses casos, uma parcela significativa das mulheres sofreu múltiplos tipos de agressões simultâneas, como violência psicológica e moral, além de física e psicológica.
DADOS DA REGIÃO
O Dossiê Mulher 2024 também apresenta os números de violência contra a mulher nas diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro. Para a Costa Verde, composta por municípios como Angra dos Reis, Mangaratiba e Paraty, os dados de 2023 são os seguintes sobre violência: física 932, psicológica 1.179 e sexual 200 casos. Região Centro-Sul Fluminense (Areal, Comendador Levy Gasparian, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Paty do Alferes, Sapucaia, Três Rios e Vassouras): violência física 1.096 casos, psicológica 1.596 e sexual 203 casos.
Região Médio Paraíba (Barra do Piraí, Barra Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro, Rio das Flores, Valença e Volta Redonda): violência física 2.112, psicológica 3.025 e sexual 398 casos.
DESAFIOS
O governador Cláudio Castro e a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar, destacaram que o enfrentamento da violência contra a mulher e o combate ao feminicídio são prioridades para o governo. A Patrulha Maria da Penha, as delegacias de atendimento à mulher e a criação do Observatório do Feminicídio, em parceria com a UFRJ, são algumas das iniciativas que têm sido implementadas para melhorar a respostas vítimas e monitorar os casos de violência.
O lançamento do Dossiê Mulher reforça a necessidade de políticas públicas integradas para proteção, acolhimento e prevenção, com o objetivo de reduzir os índices de violência e garantir os direitos das mulheres no estado do Rio de Janeiro.