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Descontrole do orçamento é comum para metade dos brasileiros

Por Idel Pinheiro
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SUL FLUMINENSE

As dificuldades em organizar as finanças compatibilizando ganhos e despesas é algo comum para quase metade da população brasileira. Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, 28, pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e o Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (CNDL/SPC) revela que 48% dos brasileiros não controlam o próprio orçamento. Eles alegam que confiam apenas na memória para anotar despesas (25%), não fazem nenhum registro dos ganhos e gastos (20%) ou simplesmente delegam esta função para terceiros (2%).

E mesmo entre os que controlam finanças, apenas um terço planeja o mês com antecedência. Outro dado mostra que em cada dez pessoas que adotam um método apropriado de controle, somente um terço (33%) planeja o mês com antecedência, registrando a expectativa de receitas e despesas do mês seguinte. A maioria (39%) vai anotando os gastos pessoais conforme eles ocorrem e outros 27% só anotam os gastos após o fechamento do mês.

Na região Sul Fluminense, muita gente confessa a falta de organização com os recursos financeiros. O empresário Cláudio Batista teve dificuldades com sua empresa por falta de organização com o orçamento. “A saída foi contratar um escritório de contabilidade e ter mais atenção com recibos, notas fiscais. Há momentos que não achava nada, pagava tudo fora de prazo, enfim. Hoje estou muito mais organizado e ciente dos reais valores de entrada, saída de caixa, enfim”, comenta. Mas, não são apenas empresários que encontram dificuldades em lidar com o orçamento. “As contas fixas como luz, água, aluguel ainda damos conta. Mas quando tem as paralelas, como lojas, CDC do banco e outras coisas, mistura tudo. Já tive cheque retornando porque esqueci o prazo de compensação ou alguma outra despesa creditou antes na conta. São coisas que estou aprendendo como minha filha, que agora, já adolescente, auxilia anotando tudo”, disse a manicure Elisângela Lima.

Gastos essenciais como contas da casa, despesas com mantimentos, aluguel e condomínio são anotados por 92% dos entrevistados que têm algum planejamento. As prestações de compras feitas no cartão, cheque ou crediário que vencem no mês seguinte recebem a atenção de 79%. Já 76% anotam os rendimentos, como salários, aposentadorias e pensões.

Entre os que não dão importância ao controle do orçamento, a principal justificativa é não ver necessidade na tarefa, pois confiam nas contas de cabeça (20%). Outros 16% reconhecem não ter disciplina e 16% alegam não ter um rendimento fixo ou nem sabem exatamente o quanto ganham por mês. “O consumidor que conhece sua relação de receitas e despesas está menos propenso a se endividar com empréstimos ou a recorrer ao limite do cheque especial para cobrir rombos no orçamento. Além disso, ele está mais preparado tanto para traçar planos de longo prazo, como para agir em uma situação de imprevisto, como um gasto inesperado de alto valor ou a perda do emprego”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.


GASTOS EXTRAS

A pesquisa também mostra que o controle dos gastos extras e não essenciais acaba ficando em segundo plano entre os consumidores que fazem algum controle do orçamento.  Os itens que os entrevistados menos anotam são o dinheiro que possuem guardado em investimentos, em casa ou na conta corrente (60%) e os gastos não essenciais, como lazer, transporte, salão de beleza, compras de roupas e alimentação fora de casa, que são controlados por apenas 57% dos entrevistados. “Subestimar o impacto de pequenos gastos no orçamento é uma atitude imprudente. Os chamados ‘gastos invisíveis’, que são aquelas pequenas despesas supérfluas que passam quase despercebidas no dia a dia, podem comprometer as finanças quando somadas no fim do mês”, orienta Kawauti.

Nos últimos 12 meses, 48% dos consumidores brasileiros passaram pela situação de estar com o ‘nome sujo’. De acordo com a pesquisa, a experiência da negativação serviu de aprendizado: 39% disseram ter passado a controlar mais os gastos; 34% refletem mais antes de realizar compras e outros 21% deixaram de emprestar nomes a terceiros. Já 18% evitam compras no cartão de crédito.

O VELHO CADERNINHO

De modo geral, o velho caderno de anotações desponta como a ferramenta mais utilizada pelos entrevistados para registrar sua movimentação financeira, usada por 36% dos brasileiros. Já a planilha no computador é o método utilizado por 9% das pessoas ouvidas, enquanto 7% registram as receitas e despesas em aplicativos de smartphones. “Se o método for organizado, não importa qual seja a ferramenta. O importante é nunca deixar de analisar as informações anotadas. Algumas pessoas têm facilidade com planilhas ou aplicativos, mas outras ainda preferem um pedaço de papel”, explica a economista do SPC Brasil.

 

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