Depois de 37 anos, pai finalmente reencontra filho

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BARRA MANSA

O barra-mansense José Afonso Lucas, de 62 anos, após muito procurar pelo seu filho, conseguiu reencontrá-lo depois de 37 anos. Alex Sandro Siqueira Lucas, de 38 anos, foi levado pela mãe para a Bahia quando ainda tinha dois anos. A equipe do A VOZ DA CIDADE foi até a casa do Sr. José, no bairro Boa Vista II, para saber melhor sobre essa história. O tão esperado encontro aconteceu nesta terça-feira, 11, quando Alex veio para Barra Mansa conhecer o pai. Ele ficará na cidade até o dia 17. Porém, até que os dois pudessem finalmente se encontrar e ter um final feliz, muita coisa aconteceu.

Segundo José, ele se separou da mãe de Alex quando ele ainda tinha dois anos. “Nós nos separamos e ela disse que iria se mudar para Bahia. Eu não queria que ela levasse o menino, mas não poderia separá-lo da mãe e nem impedi-la de ir. Porém, imaginei que ela mandaria notícias da criança, que o traria para me visitar, afinal, ela tem familiares que moram no mesmo bairro que eu, então não pensei que ficaria sem notícias”, disse, revelando que logo após eles irem embora, ele entrou em contato diversas vezes com os parentes da mãe de Alex, porém ninguém se disponibilizou a ajudá-lo.

Depois de cinco anos, Sr. José se casou de novo, e, a nova esposa, Beatriz Bernardes, de 53 anos, se sensibilizou com a história e decidiu ajudar nessa busca incansável. Segundo Beatriz, ela abraçou a causa. “Na época não tínhamos internet, então era mais difícil conseguir encontrar uma pessoa. Quando tive acesso ao Facebook, tentei procurá-lo, mas não conseguia encontrar. Eu não conhecia a criança, mas já tinha criado um vínculo, e, eu queria ajudar o José a curar a dor que ele carregava, que ficava totalmente explicita no semblante dele”, afirmou, confessando que ficou casada com José durante 23 anos e atualmente são grandes amigos.

UMA BUSCA DOS DOIS LADOS

Enquanto o pai estava em Barra Mansa procurando descobrir por onde andava o filho, Alex estava em Porto Seguro, sem fazer a mínima ideia de que o pai biológico era outro. “Meu pai de criação me registrou e eu não fazia ideia que tinha outro pai. Mas aos 11 anos eu encontrei uma carta, onde um homem pedia para minha mãe que permitisse a ele ver o filho, e que ele sentia saudades de mim. Fiquei sem entender nada”, relatou, explicando que a mãe não quis contar a verdade inicialmente, mas depois de muita insistência, ela contou para o filho que ele teria sido registrado pelo pai de criação aos dois anos, mas que seu sobrenome original era Lucas.

Segundo Alex, depois que ele descobriu sobre o pai biológico, ele começou a procurá-lo incansavelmente. “Procurei o telefone, pedi para minha mãe, para os meus parentes que moravam em Barra Mansa, mas ninguém tinha o interesse de ajudar, todos fingiam que nada estava acontecendo e eu não sei até hoje o motivo disso”, disse, revelando que aos 16 anos ele renovou os documentos com o sobrenome do pai biológico. “Eliminei os documentos com o nome do pai que me criou e pedi para o meu avô ir ao cartório de Barra Mansa, ele tirou a segunda via do registro original, e enviou para a Bahia. Eu fiz isso sem nem conhecê-lo, sem saber quem era, se ele tava vivo ou não”, confessou.

O REENCONTRO

Anos se passaram, e, por mais que ambos tivessem realizado diversas tentativas, nunca conseguiram se falar. Até que finalmente em julho, deste ano, Alex estava ouvindo uma rádio online de São Paulo, que tem o programa ‘Eu te encontrei’, onde ouvintes enviam e-mails contanto suas histórias e a equipe da rádio busca pela pessoa querida, colocando ambos ao vivo na programação.

De acordo com Alex, ele já não tinha mais esperanças de encontrar o pai, mas decidiu participar e enviou um e-mail. “Eu contei toda a minha história para eles e disse que nesse ano de 2018, eu desejava ter um Dia dos Pais diferente, que meu sonho era conhecer meu pai biológico, e logo no outro dia me ligaram, dizendo que na segunda-feira iriam me ligar às 6 horas e que talvez eles teriam uma boa notícia para mim”, contou.

Enquanto isso em Barra Mansa, Sr. José também recebeu uma ligação da rádio de São Paulo. “Eles me ligaram e eu pensei que era trote. Me disseram que na segunda-feira depois das 6 horas eu iria poder falar com o meu filho. Eu não acreditei que era verdade, pensei que fosse uma brincadeira de mau gosto”, disse, contanto que  quando o telefone tocou e ele finalmente falou como filho, a ficha demorou a cair.

Depois disso os dois trocaram contato e não pararam mais de se falar. Cinco meses depois, Alex finalmente conseguiu viajar para Barra Mansa e encontrar o pai pessoalmente.

FINAL FELIZ

Alex construiu uma família na Bahia, é casado e tem três filhas de 13, nove e um ano. Segundo ele, a satisfação de ver a família crescendo é indescritível. “Eu não só ganhei mais um pai, eu também tenho mais uma mãe, pois o carinho e o apreço que a Beatriz tem por mim é enorme, ela sempre ajudou meu pai a me procurar, ela foi a que mais chorou quando nos encontramos, e também ganhei mais irmãos”, disse, completando que é lindo a relação de amizade do pai e a ex-mulher. “Os dois se separaram depois de 23 anos, mas ainda são uma família, o novo marido dela também é unido e amigo de todos, então eu sei que ganhei uma família maravilhosa demais”, afirmou.

Para o Sr. José, ele nunca desistiu de procurar pelo filho. “Deus sabe de tudo e eu sabia que cedo ou tarde eu o encontraria. A única foto que eu tinha dele, ficou todos esses anos pendurada na minha parede, esse retrato sempre foi o tesouro da minha vida e eu olhava para a foto e dizia ‘Eu vou te encontrar’, e finalmente encontrei”, contou, celebrando que agora ele poderá ter várias fotos ao lado do filho.

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