Polícia não identificou toque de recolher na Vila Ursulino; moradores rebatem

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BARRA MANSA

O assunto desta quarta-feira na cidade foi um só: o suposto toque de recolher no bairro Vila Ursulino. A equipe de reportagem do A VOZ DA CIDADE conversou com autoridades policiais para saber se a notícia, que se espalhou durante à noite de terça-feira, dia 24, nas redes sociais, era ou não verdadeira. A polícia garantiu que a denúncia não foi identificada. Contudo, na mesma ocasião, várias pessoas se manifestaram ao A VOZ DA CIDADE garantindo que foram coagidas a fecharem as portas.

O delegado Ronaldo Aparecido, titular da 90ª Delegacia de Polícia, confirmou que os agentes estiveram na comunidade e não identificaram o suposto toque de recolher. Segundo Ronaldo, tanto a Polícia Civil como a Militar receberam ligações para comentar sobre o assunto. Ambas equipes estiveram no bairro descaracterizadas, mas não conseguiram um comerciante que confirmasse o pedido de toque de recolher. “Inclusive, fomos até o local e, mesmo tarde, encontramos vários comércios abertos”, disse Ronaldo.

O delegado lembra que os homicídios ocorridos no final de semana, investigados com associações pela disputa pelo tráfico, podem ter gerado os boatos. “As pessoas devem tomar cuidado com esses assuntos que acabam sendo repassados nas redes sociais, pois do mesmo jeito que elas ajudam passando informações, elas são vilãs, passando informações mentirosas. Esses assuntos devem ser apurados antes de serem repassados”, lembrou a autoridade policial.

MILITAR TAMBÉM NEGA

A assessoria do 28° Batalhão da Polícia Militar também foi procurada e negou as informações. “Sobre o boato de toque de recolher, em alguns bairros de Barra Mansa, a Polícia Militar tem intensificado o policiamento ostensivo, com o objetivo de reprimir qualquer tipo de atividade criminosa nestas localidades; inclusive esteve nestes logradouros na terça. Realmente, há uma disputa entre traficantes de um bairro, com o bairro oposto, que, inclusive, foi alvo de várias operações da Polícia Militar, do 28° Batalhão, por estes dias, a fim de combater a criminalidade no local. Porém, informações postadas em sites de relacionamento, e grupos de WhatsApp, etc., são inverídicas, porque, como dito anteriormente, a Polícia Militar esteve e está presente todo o tempo”, disse a assessoria da PM, em nota.

POPULAÇÃO REBATE

Diante das informações passadas pela delegacia e do 28° BPM, várias pessoas se manifestaram e fizeram contato com o A VOZ DA CIDADE. Algumas afirmaram se tratar de um boato, mas a maioria garantiu o pedido do toque.

Uma moradora, que preferiu não se identificar, disse que mora há 27 anos no bairro e nunca viu o clima tão tenso como está. “Por volta das 19 horas fomos informados que era para fechar tudo e não sair. Isso é um assunto que vai passando de boca em boca e não somos bobos de pagar para ver se é ou não verdadeiro”, disse a jovem. “Os comerciantes não confirmam por medo. Vão confirmar pra morrer?”, questionou a jovem.

Outro morador, que também preferiu não citar o nome, comentou que o bairro já não é como antes. “Teve toque de recolher sim, foi anunciando nas ruas por dois homens em uma moto. Mas o bairro vive em constante toque de recolher, mesmo quando não é imposto por traficantes. Nossas crianças vivem trancadas em casa, não andamos mais com tranquilidade nas ruas, vivemos em um ambiente de guerra”, mencionou o morador, que tem 39 anos. “Foi a primeira vez que aconteceu, mas a sensação é diária, pois estamos vendo o bicho pegar”, concluiu.

“Estava na minha mãe, próximo à quadra, quando passaram de moto dizendo pra gente não sair de casa, ninguém me disse que ouviu falar; me falaram pessoalmente. Quem é morador do bairro sabe de quem se tratava. Não foi só boato em rede social não”, ressalta outra jovem moradora de 31 anos.

“Estava chegando à padaria quando fecharam as portas depois que dois caras de moto saíram de lá; bar e uma mercearia também de portas fechadas. Dei meia volta e retornei pra casa. Moro aqui há quase 30 anos. O bairro sempre foi tranquilo; dá até tristeza de ver uma coisa dessas”, relatou um morador de 58 anos.

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