BARRA MANSA
No final de semana um caso chocou toda a região. Policiais da 90ª Delegacia de Polícia prenderam em flagrante dois jovens pelos crimes de aborto e ocultação de cadáver. O delito ocorreu de quinta para sexta-feira, após a jovem, de 24 anos, com consentimento do companheiro, de 31, tomar um remédio para por fim a gestação. O corpo do bebê, que segundo informações do delegado adjunto Márcio Figueroa era do tamanho, aproximadamente, do antibraço da mãe (mais de 20 centímetros), foi jogado no Rio Paraíba do Sul, pelo pai. Eles confessaram o dolo para a autoridade policial e alegaram questões financeiras. O casal já tem uma filha de quatro anos.
O A VOZ DA CIDADE conversou na tarde de ontem com exclusividade com o delegado Márcio Figueroa. Ele explicou que o casal já convive há muitos anos, mas que não casaram ainda, segundo declararam, por questões econômicas. “Cada um mora com os pais. Ela é de Volta Redonda, onde mora com os pais e a filha, de quatro anos, que teve com jovem, e ele mora em Barra Mansa, também com a família”, disse o delegado.
Figueroa conta que o casal deu entrada em um posto de saúde da cidade na noite de quinta-feira dizendo que a jovem estava abortando. Diante da gravidade, ela foi encaminhada para o Hospital da Mulher, no Ano Bom, onde, após alguns questionamentos da média, começaram a se contradizer. “Ela disse que descobriu que estava grávida no Natal, mas a médica viu que pela largura do útero, o feto era maior do que pelo tempo dito pela ‘mãe’. Logo, o pai, também questionado, dava versões contraditórias com as contadas pela mulher; inclusive sobre o local onde estaria o feto”, falou Márcio.
Com a presença da Assistência Social, o casal acabou confessando que ela havia tomado um remédio para abortar em casa. Passou mal e começou a perder sangue, quando o bebê caiu no chão. “Ela é técnica em enfermagem, orientou o namorado a cortar o cordão umbilical e disse que não queria olhar, que era para ele ‘tirar’ o feto dali. Ele, por sua vez, pegou o filho e jogou no rio”, narrou o delegado.
O homem foi transferido na sexta-feira para a Casa de Custódia e a jovem, que prestou depoimento ontem na 90ª DP, foi para o mesmo local. “Ambos se dizem arrependidos e disseram que já dependem das famílias e estavam com medo, preocupados de colocar no mundo mais um membro para dar despesas aos avós”, contou o delegado. “Ela foi autuada pelo aborto e ele pela ocultação do cadáver. O que pesa contra ele, sendo o pai, é que poderia também ter impedido que tudo ocorresse. Mas, passarão por júri, e, provavelmente, responderão em liberdade”, concluiu o delegado Márcio Figueroa.