ESTADO
CAROL MACEDO
Após 15 anos, o ex-chefe da Polícia Civil e ex-deputado estadual Álvaro Lins foi reintegrado à corporação. Ele havia sido demitido durante um processo criminal e condenado a 28 anos de prisão em 2010, sob acusações de chefiar uma quadrilha envolvida em crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. A sentença foi extinta. Em entrevista exclusiva ao A VOZ DA CIDADE, Lins compartilhou sua longa espera por essa notícia e seus planos para o futuro.
A reviravolta aconteceu após o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Kássio Nunes Marques, acatar um pedido da defesa de Álvaro Lins em fevereiro deste ano. O ministro determinou que o processo fosse transferido para a Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro, resultando na anulação da condenação. “Se o processo for retomado, será pela Justiça Eleitoral”, explicou Lins.
Com a decisão, Lins será reintegrado à Polícia Civil, ficando à disposição do secretário Felipe Curi. No entanto, ele ainda não sabe se o período de afastamento será considerado para sua aposentadoria. “Essa é a dúvida. Não sei se vão aceitar o tempo em que fiquei fora. Sou concursado do Estado, fiquei 12 anos na PM e outros 12 na Civil. Faltariam seis anos para me aposentar, se nada tivesse acontecido estaria aposentado com 48 anos. Hoje estou com 57. Tenho muita vontade de trabalhar ainda. Tem muita coisa a ser feita na polícia”, afirmou, completando que dos salários passados ele assinou documento abrindo mão dos pagamentos.
Lins, que ficou preso por 280 dias, refletiu sobre os 15 anos de carreira interrompida, dizendo que o tempo lhe trouxe amadurecimento. Durante o afastamento, ele atuou como professor universitário, incluindo aulas na FOA, em Volta Redonda, e também como advogado, gerindo mais de três mil processos. “Esse período foi prejudicial, mas serviu para um grande aprendizado”, disse.
Lins ainda não foi convocado após publicação em Diário Oficial desta quarta-feira, 23. Em nota, o governo disse que autorizou a reinclusão dele aos quadros após decisão do STF. “Com essa determinação do STF, as decisões anteriores foram anuladas. O retorno de Álvaro Lins foi avaliado por um colegiado composto por representantes das polícias Militar, Civil e Penal, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, Degase e Casa Civil, após revisão administrativa do caso. O instituto da reinclusão prevê que o servidor passe a receber salários a partir da conclusão do ato administrativo, não sendo devidos pelo Estado pagamentos retroativos”.