RESENDE/ITATIAIA
Foi liberado, no final da tarde de segunda-feira, dia 21, do Instituto Médico Legal (IML) de Resende, o corpo do José Giovani Soares, 58 anos, que morava no bairro Jardim Beira-Rio, na região da grande Alegria. Já o corpo da jovem barra-mansense, Júlia Machado Miranda, moradora no bairro Jardim Esperança, na região das Barras, até o fechamento desta edição, continuava no IML para necropsia. José Giovani e Júlia morreram, no final da tarde de domingo, dia 20, quando uma cabeça d’água atingiu a região do Parque Nacional do Itatiaia após uma forte chuva ocorrida nas proximidades do abrigo Rebouças, na parte alto do Parque. Pessoas e turistas que se banhavam nas águas do Rio Campo Belo, na localidade conhecida como Paraíso Perdido, foram arrastados pela correnteza. Oficialmente, segundo o Corpo de Bombeiros de Resende, foram feitos o comunicado de desaparecimento pelas famílias da jovem barra-mansense e de José Giovani Soares.
Desde que receberam as informações dos desaparecimentos, o Corpo de Bombeiros e a Defesa de Itatiaia iniciaram as buscas dos banhistas que estavam nas águas do Rio Campo Belo. O incidente aconteceu por volta das 17 horas, em um trecho mais abaixo do rio, próximo ao Centro de Recuperação de Itatiaia (CRI) – unidade de saúde do Exército e nas imediações do balneário Conora, onde dezenas de banhistas foram surpreendidos por uma forte correnteza que alterou as características do rio. A situação foi provocada, segundo a Defesa Civil, devido ao alto volume de água decorrente provavelmente de um fenômeno da natureza chamado de cabeça d’água. Este fenômeno acontece depois de uma chuva forte que aumenta o nível do rio e provoca enxurrada por conta do fluxo de água. É comum durante o verão, principalmente em Itatiaia, onde o Rio Bonito recebe alto volume de água proveniente do alto do Parque Nacional de Itatiaia. Ela é diferente da tromba d’água, que se forma através de tornados, seja em rios ou oceanos.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o corpo de José Giovani, foi encontrado na noite de domingo, nas margens do Rio Campo Belo, na Avenida Wanderbilt de Barros, na Vila Pinheiro. “Logo após o encontro do corpo deste homem, que foi reconhecido por familiares, às buscas foram encerradas devido à escuridão no local e porque o rio Campo Belo ainda estava muito alto e com correnteza”, informou um militar, acrescentando que o corpo da vítima foi levado para o IML de Resende, onde foi reconhecido por familiares.
ENCONTRADO CORPO DA JOVEM
Já por volta das 6h30min, as buscas recomeçaram e foram feitas tanto por terra como pela água. Várias equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Guarda Municipal e voluntários percorreram as margens do rio Campo Belo, a procura de vítimas. No período da manhã, o ponto de buscas começou do balneário próximo de um hotel e seguiu para o rio acima, em direção ao Parque Nacional. “Como a água abaixou um pouco, fizemos as buscas por terra, percorrendo toda a margem para ver se encontramos alguma vítima, que pode ter ficado presa nas pedras ou na vegetação. Percorremos a pé toda a extensão contrária do rio até chegar à localidade do Paraíso Perdido onde os banhistas teriam sido arrastados”, disse outro militar do Corpo de Bombeiros, informando que o corpo de Júlia foi encontrado, por volta das 10h30min, por um policial militar do 37º BPM (Resende) e populares que ajudavam no resgate das vítimas. O corpo da jovem estava enroscado em um bambuzal, nas proximidades da localidade do Paraíso Perdido, onde se banhava em companhia do namorado e do sogro.
O cadáver levado foi resgatado da Estrada do Paraíso Perdido, na Vila Benfica, por volta das 15 horas por um rabecão da Defesa Civil de Volta Redonda e levado para o IML de Resende. Familiares já haviam reconhecido a vítima e aguardavam a liberação do corpo que passava por exame de necropsia.
BUSCAS ENCERRADAS
No início da tarde de segunda-feira, logo após o encontro do corpo de Júlia, as buscas por outras possíveis vítimas seguiram. De acordo com a Defesa Civil, duas equipes foram divididas. Uma delas voltou a procurar a pé pelas margens do Rio Campo Belos até o paredão da Fazenda Aleluia. Enquanto que a outra equipe desceu o Rio em um bote inflável desde a Fazenda Aleluia até o encontro do Rio Paraíba do Sul, nas proximidades do Grupo SEB, detentor da marca Arno, no Polo Empresarial, no bairro Jararaca, como é conhecido à localidade. A intenção era de vasculhar toda a área para não deixar dúvidas de poderiam ter novos corpos na localidade. “Oficialmente só foram comunicados o desaparecimento de duas pessoas. No entanto, como falaram muito de que outras pessoas poderiam ter sido arrastadas pela cabeça d’água, a corporação resolveu estender mais as buscas para descartar a possibilidade de outras vítimas”, comentou outro bombeiro militar, que pediu para não ser identificado.
FAZENDA ALELUIA
Esta foi a segunda tragédia envolvendo banhistas em Itatiaia. No sábado, 19, o servidor público Renildo Barbosa, 54 faleceu ao tentar socorrer um adolescente de 16 anos, que estava se afogando nas águas do Rio Bonito, na localidade conhecida como Fazenda Aleluia. O menino era sobrinho do servidor e ambos morreram afogados. Eles foram enterrados hoje, em Volta Redonda, sob muita tristeza da família que perdeu dois membros num momento de lazer e descontração, numa tarde de verão.
ORIENTAÇÃO
Diante das situações atípicas, a Prefeitura de Itatiaia reiterou os informes se alerta aos banhistas que frequentam os rios da cidade, durante o verão. O coordenador de Defesa Civil Valdair do Nascimento lembra que a prevenção ajuda a evitar acidentes, e orienta para que a qualquer sinal de perigo as pessoas mantenham a calma e busquem ajuda da Defesa Civil ou do Corpo de Bombeiros.
É fundamental que todos os banhistas fiquem atentos ao nível da água em rios e cachoeiras, a Defesa Civil orienta que nunca permaneçam na água durante as chuvas fortes, raios ou trovões ou ao sinal de cheias repentinas.
Em situações de emergência a população deve ligar para o telefone 199. Aos sábados, domingos e feriados o órgão pode ser acionado 24 horas através do telefone da Guarda Civil Municipal 153 ou ainda (24) 3352 6752.
ALERTA NOS BALNEÁRIOS
A fim de alertar e reforçar a orientação à população e aos turistas, a Prefeitura fixou, em 2017, placas de alertas nos balneários e cachoeiras da cidade para sinalizar os principais pontos com índices de acidentes. Entre as informações descritas nas placas está à ausência de salva vidas no local, cheias repentinas, correnteza forte e pedra escorregadia, além do perigo de saltos.
