BARRA MANSA
Já se passaram 15 dias do isolamento social para conter a propagação do coronavírus. Não tem sido fácil, sabemos. Mas pode ficar pior se não tivermos o cuidado com a nossa saúde mental. Já parou para pensar nisso? Não apenas a saúde física importa nesse momento. Dizem até que se sua mente estiver sã, o corpo também ficará. Antes mesmo do coronavírus desembarcar no Brasil, já existiam dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apontando que somos o país mais ansioso do mundo. E como manter a mente sã nesse tempo de pandemia? A psicóloga Viviane Almeida, falou um pouco a respeito de ansiedade e depressão e deu dicas de como os sintomas podem ser amenizados durante essa quarentena.
Ela esclareceu que as pessoas que apresentam doenças emocionais não as desenvolverão na quarentena. “Entendemos que todo o transtorno mental é multifatorial. Não é uma única coisa que determina o surgimento de transtornos. Como somos seres biopsicossociais, somos atravessados pela genética, ambiente, fatores sociais. A quarentena pode ser um empurrão para quem já traz outros fatores e pode intensificar sintomas de quem já sofre com esses transtornos”, apontou a psicóloga.
E se a ansiedade ou depressão é ‘startada’ pela quarentena, é possível a própria pessoa perceber algumas mudanças e solicitar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. Ela pode perceber a ansiedade em um grau mais elevado, muitas crises de choro, mudança em comportamento, alteração no sono e apetite, além de diversas sensações desagradáveis ao longo do dia. “Então é hora de procurar ajuda”, afirmou Viviane. Ela lembrou que quem já fazia tratamento antes do isolamento social encontra nas sessões online uma ajuda. “Muitos psicólogos estão fazendo isso, assim como psiquiatras, universidades e tem ainda o próprio CVV (Centro de Valorização da Vida) que também ajuda. São alguns canais onde a pessoa também pode encontrar auxílio”, afirmou.
Sobre crianças e adolescentes é preciso atenção. Eles também são suscetíveis a ansiedade ou depressão. E é preciso, segundo a psicóloga, observar como se comportam e também ter cuidados. “Nesse momento em que todos estão dentro de casa, muitas coisas que estavam sendo veladas, conflitos vão surgir e a criança ou o adolescente vai perceber e pode acabar reproduzindo o movimento da dinâmica familiar. É preciso atenção dos pais ao que está sendo dito e demonstrado. Eles absorvem tudo”, analisou a profissional.
DICAS
Para ajudar a manejar a ansiedade ou depressão, que são transtornos diferentes, existem algumas dicas. Para depressão é preciso encontrar atividades prazerosas dentro da rotina, fugindo dos sintomas de tristeza profunda, fadiga, desejo de isolamento. “Se gosta de costurar, faça isso, se tem prazer em cozinhar separe mais tempo, inclua atividades que envolvam prazer, mas tenha atitude de movimento, tire o pijama, tome banho. Isso vale também para a ansiedade. A pessoa que é ansiosa, que falamos ser a preocupação com o que desconhecemos, o excesso de futuro, precisa criar rotina, mostrar para o cérebro qual é o próximo passo. Pode trabalhar também respirações e exercícios de relaxamento. Existem vários vídeos na internet ensinando como fazer. Ocupar a mente, sempre tendo atividades que envolvam os deveres e prazer”, enumerou Viviane, que está oferecendo nesse momento, assim como outros profissionais, o que ela chama de acolhimento em seu WhatsApp, dando dicas de maneiras de conter a ansiedade para grupos de pessoas.
Outra dica é separar um tempo para alguma atividade física, mesmo dentro de casa. Atividades físicas auxiliam na produção de endorfina que ajuda no equilíbrio das emoções. Vale caminhada no quintal, esteira dentro de casa, pular corda, subir escadas.
Não se esqueça também de matar a saudades dos seus parentes e amigos usando a tecnologia. Abuse e use das vídeochamadas.
Ocupar a mente estudando e se aventurando em um curso pela internet é outra boa pedida. E também se divirta em casa, seja vendo séries, filmes ou jogando e brincando com seus familiares.
Mesmo em casa, há muito o que fazer. Mas se ainda assim a mente não estiver sã, não deixe de pedir ajuda.