Ciclistas promovem ato para lembrar aposentado morto em acidente de trânsito em Barra Mansa

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Em memória do aposentado Mário de Oliveira, de 76 anos, morto em um acidente de trânsito em março de 2015, ciclistas da região promoveram na noite da última sexta-feira, dia 9, um ato pacífico em frente ao local onde o ciclista foi atropelado por um ônibus, na Rua Argemiro de Paula Coutinho, próximo à Ponte Ataulfo Pinto dos Reis, a Ponte dos Arcos, no Centro.

A manifestação contou com uma oração e também com um minuto de silêncio. Alguns ciclistas chegaram a suspender suas bicicletas durante o ato. O grupo ainda realizou a troca da ‘Ghost Bike’ (bicicleta branca colocada em locais de acidentes com ciclistas em homenagem a quem perdeu a vida no trânsito) que estava instalada no ponto desde o atropelamento. Além da homenagem, a manifestação teve como objetivo chamar a atenção das autoridades municipais e da população sobre a necessidade de se investir em mobilidade urbana e no respeito às leis de trânsito.

O presidente da Associação de Mobilidade Sustentável – Aciclica, o engenheiro Vicente Sacramento Junior, destacou que até mesmo o slogan do movimento: “Sua pressa não vale uma vida”, tem como objetivo chamar a atenção para a falta de educação no trânsito. “Queremos mostrar a importância de se investir em uma estrutura cicloviária na região, na questão da segurança e também na educação no trânsito. Porque hoje nós somos ciclistas, mas também somos pedestres, motoristas. Então o nosso slogan é justamente para mostrar que a vida de uma pessoa não vale a pressa no trânsito, que as pessoas podem esperar. Talvez se o motorista que atropelou o “Seu” Mário tivesse esperado um minuto, 10 segundos, ele estaria conosco”, frisou Vicente, que completou explicando o sentido das Ghost Bikes: “A Ghost Bike são bicicletas brancas instaladas em locais de acidentes fatais com ciclistas, nada mais é do que uma espécie de homenagem, um memorial, para quem perdeu a vida por causa da pressa de alguém, ou da falta de planejamento viário e até mesmo pela omissão do poder público. E também uma forma de evitar que aquela morte caia no esquecimento”, reforçou o presidente da Aciclica.

A Ghost Bike são bicicletas brancas instaladas em locais de acidentes fatais com ciclistas – Foto: Fábio Guimas

Familiares de Mário estavam presentes no ato, entre eles o filho, Marcelo José de Oliveira. Emocionado, Marcelo disse que até hoje a família sofre com a sensação de impunidade e descaso como o acidente foi tratado.

Nós não estamos aqui por dinheiro, mas nós queremos uma resposta, queremos justiça, disse o jovem – Foto: Fábio Guimas

“O laudo mostrou que meu pai foi atingido pelo ônibus quando pegava a bicicleta para ir embora, caiu e depois foi atropelado, duas vezes, porque o motorista deu ré e passou por cima dele ao ouvir as pessoas gritando. Meu pai estava indo pegar sua bicicleta, não estava nela como se falou na época. Moramos perto daqui do local do acidente, na Avenida Presidente Kennedy e ele fazia esse trajeto todos os dias. E nada aconteceu até hoje, ninguém punido ou qualquer satisfação para nós, familiares. Nós não estamos aqui por dinheiro, mas nós queremos uma resposta, justiça. Meu pai foi a vítima mas podia ser outra pessoa. Eu sou motorista, às vezes sou pedestre, então se foram três anos e nada mudou. Estamos aqui para chamar a atenção para que não continue essa indiferença”, desabafou.

O fotógrafo Leonan Claro, que participa de grupos de ciclistas, falou da importância de se investir em infraestrutura, mas lembrou também da educação no trânsito. “Nós temos que saber os nossos direitos e deveres tanto como motoristas quanto como pedestres, ciclistas. Muitos usuários de bicicleta não seguem as leis de trânsito, mas porque não sabem. Não sabem que tem que permanecer a 1,5 metro de distância. Então além da infraestrutura que é necessária, principalmente na região que é carente desses espaços: uma ciclovia, uma ciclofaixa, é preciso que haja ações educativas para todo mundo. Acredito que a palavra chave é respeito, são vidas que estão em jogo e tudo passa pelo respeito”, opinou.

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