No último domingo, a equipe de reportagem do Esporte Espetacular, da Rede Globo, apresentou uma reportagem investigativa sobre o esquema clandestino de apostas e compras de resultados em clubes de futebol. A reportagem citou que a equipe do Barra Mansa Futebol Clube teria participado do esquema através dos representantes da empresa terceirizada AgeSport, que até então geria o futebol do clube. O proprietário da empresa é Ezequias de Oliveira, o Oliveira.
Mesmo não tendo contrato com o clube, nem com a AgeSport, Lincoln Aguiar, teria tentado durante reunião com oito atletas do time, comprar o resultado de uma partida oferecendo aos jogadores a quantia de R$ 2 mil para que eles favorecessem o esquema de compra de resultados e cedessem vitória para a equipe do Audax, pelo placar de 4 a 0. A conversa foi gravada e divulgada por um dos atletas. A partida em questão aconteceu no dia 24 de junho de 2017, no Estádio Jair Toscano, em Angra dos Reis. No entanto, os atletas não cederam à tentativa e a partida terminou empatada em dois a dois.
Na reportagem exibida pelo Esporte Espetacular, Lincoln diz que não tem nada a dizer sobre o áudio, porém, mencionou que as pessoas precisam ver que isso acontece porque a Federação Carioca não ajuda os clubes menores e os mesmos acabam se sujeitando a tal prática. A equipe de reportagem do A VOZ DA CIDADE entrou em contato com Lincoln, que disse que o caso envolvendo seu nome está com seu advogado. “Não tenho nada a falar no momento, está na mão do meu advogado”, respondeu.
Já o atual presidente do clube, Anderson Martins Florentino, o Andrinho, que teve sua gestão iniciada em 2016, disse que vai aguardar a apuração dos fatos, e que essas pessoas envolvidas não faziam parte da diretoria do clube, e sim da empresa AgeSport, que geria o futebol do clube na época. “Essas pessoas faziam parte da AgeSport, empresa gestora, e não respondiam pela direção do clube, e quando soubemos, por alto de algo nesse sentido, imediatamente, quebramos o contrato com essa empresa e a colocamos para fora do Barra Mansa”, comentou o presidente do Leão do Sul, afirmando que aguardará a apuração dos fatos. “Nossa gestão não foi citada, nosso grupo não faz parte de esquema, os atletas não se venderam, não se renderam a proposta de suborno. Isso foi uma ação isolada desse grupo”, reforçou Andrinho.
DENUNCIANTE
O ex-treinador do Barra Mansa, Thiago Campbell, que denunciou o suposto esquema, afirmou que todos no clube sabiam o que acontecia. “Na época que isso aconteceu, todos no clube tinham ciência, mas ninguém quis levantar à frente por medo de sofrer consequência com suas integridades. É revoltante, pois enquanto torcedores, jogadores e comissão colocando dinheiro do bolso para manter o clube da cidade, outras pessoas que sequer tem identificação com a equipe e com a cidade, tiravam proveito”, lamentou o ex-treinador do Leão do Sul; citando que quando retornou ao clube, em 2017, pagou uma dívida. “Quando retornei ao Barra Mansa FC, a equipe Sub-20 estava suspensa pela Federação, por conta de uma dívida de R$ 2,1 mil que eu depositei para quitar as dívidas e liberar a equipe para a competição”, lembrou Thiago, que enviou para equipe do A VOZ DA CIDADE, uma cópia do comprovante de depósito que foi efetuado no dia 27 de junho de 2017 para a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). Ainda em conversa com a equipe do jornal, Thiago afirmou que, além desses fatos citados na reportagem do Esporte Espetacular, outros atos de corrupção dentro do clube estão sendo investigados pela polícia.
CALÚNIA
O proprietário da AgeSport, que foi mencionado na reportagem da Globo, foi procurado pelo A VOZ DA CIDADE. Ezequias de Oliveira, conhecido como Oliveira, reafirmou que não tem nada a ver com essa situação, que é uma calúnia, um ato irresponsável de uma pessoa que quer o mal do Barra Mansa FC, e que irá acionar a Justiça, pois além de estar sofrendo ameaças, seus filhos estão sendo motivos de chacotas na escola, sua família está com o psicológico totalmente abalado. Segundo ele, tudo é um mal entendido muito grande. Disse que trabalha há 20 anos e nunca se envolveu em escândalos, por várias vezes tirou dinheiro do seu próprio bolso para injetar no clube. “E um irresponsável, por vingança política, pois eu apoio o presidente Anderson Florentino, está denegrindo a minha imagem. Após a veiculação dessa reportagem, em que foi feita essa acusação totalmente infundada, estou sendo ameaçado. E diante de toda essa situação, que eu e minha família estamos vivendo, estou entrando com uma ação contra a Globo, o jornalista Fred Justo, que não apurou devidamente os fatos, e também contra o autor das denúncias, pois ele está falando mentiras absurdas. É notório que essa pessoa está tentando denegrir a imagem do presidente Andrinho, seu adversário político. Nós não participamos do esquema; não houve crime, não houve tentativa”, comentou Oliveira, citando que ouviu o áudio e que não deu a devida importância, pois nele não consta a sua voz. O áudio no qual se refere é a conversa com oito atletas e Lincoln Aguiar, oferecendo R$ 2 mil para perderem o jogo. O jornal teve acesso ao áudio mencionado.