Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos é intensificada em Volta Redonda

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VOLTA REDONDA
Setembro é o mês dedicado à Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos. Em Volta Redonda, a captação já ocorre há 10 anos no Hospital São João Batista (HSJB), sede do Banco de Olhos, que atende 34 municípios. A unidade conta com uma equipe de profissionais especializada formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, que buscam incentivar a doação de órgãos e tecidos. São eles que fazem a abordagem à família para obter autorização para a doação. A captação só é possível com o aval dos familiares – com parentesco até segundo grau (mãe, pai, cônjuge, filhos).
A enfermeira Ana Paula Marques, de 48 anos, moradora de Volta Redonda, precisou de um transplante de rim por sequelas causadas pela Covid-19. Mesmo trabalhando na área da Saúde, ela contou que não sabia como funcionava todo o trâmite até a realização da cirurgia. O transplante foi realizado em julho de 2021 e após um ano, a enfermeira segue em recuperação com um novo rim. “Eu tinha um problema renal e o funcionamento dos meus rins era de 70%. Já fazia tratamento. Após a Covid, a atividade deles caiu muito rápido e chegou a 3% de funcionalidade. Comecei a fazer hemodiálise em janeiro de 2021 e foram cinco meses até o transplante. Eram quatro horas e dez minutos todos os dias. Todo esse tempo sem conseguir tomar banho sozinha, era muito ruim. Depois do transplante, fiquei 21 dias no hospital e recebi alta. Foi uma alegria muito grande. Fiz tudo pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Hoje sou bem ‘chata’ em cuidar deste meu novo rim, valorizo cada fluxo sanguíneo que corre no meu corpo”, afirmou Ana Paula
GESTO DE AMOR E SOLIDARIEDADE
A enfermeira disse que o gesto de amor e solidariedade da família de seu doador lhe despertou um sentimento de gratidão e valorização da vida ainda maior. Ela deixou um recado às pessoas que perderam seus entes queridos e ficam em dúvida sobre a doação de órgãos. “O que eu posso dizer é que é muito importante. Eu não sei nada sobre o meu doador e nem mesmo a família dele, isso é estabelecido até por lei, mas serei eternamente grata e penso neles todos os dias. Às vezes, os familiares podem pensar que a doação de órgãos vai desfigurar aquele ente querido ou qualquer outro tipo de preocupação, mas pensem que vocês podem salvar mais de uma vida. Costumo dizer que o ‘sim’ de uma família salvou a minha vida. O gesto de amor acrescentou uma linha de tempo nos meus dias e posso conviver com meu esposo, filhos e neto. Eles deram-me uma segunda chance de vida”, disse Ana Paula, emocionada.
O incentivo à doação no HSJB é de responsabilidade da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). A enfermeira responsável, Daniela da Silva, explicou como funciona o trabalho do grupo na unidade de saúde. “Nós realizamos o acolhimento familiar durante todo o processo e notificamos sobre a morte encefálica ao PET (Programa Estadual de Transplante), que gerencia todo o processo de captação de órgãos no estado do Rio de Janeiro. A doação de órgãos pode ajudar até oito pessoas na fila de espera por um transplante. E nenhum documento deixado em vida possui valor legal para garantir a doação de órgãos de uma pessoa ao falecer. Então é importante as pessoas avaliarem que em algum momento da vida, elas podem estar necessitando de um órgão ou tecido para continuar a viver”, frisou.
CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS
Daniela explicou ainda que para a captação de órgãos acontecer é preciso seguir um protocolo que consiste em três etapas. A primeira é identificar o paciente com uma possível morte encefálica; a segunda, a realização de exames clínicos e complementares para a confirmação desta morte encefálica. E por último, a abordagem familiar, buscando a conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos. “Independentemente do ‘sim’ da família, todos os pacientes com critérios clínicos sugestivos para morte encefálica têm este protocolo aberto, e quando finalizado, seu diagnóstico confirmado. A captação só é possível com autorização de familiares. E para fazer essa abordagem com aqueles que acabaram de perder um ente querido, requer treinamentos constantes e atualizações sobre o tema. Por isso, a gente busca trabalhar com a conscientização da importância da doação o ano todo”, disse Daniela.
Em 2022, foram 12 casos de morte encefálica notificadas no HSJB, com quatro doações efetivadas. Ao todo, oito rins, quatro córneas, quatro escleras, quatro fígados e um coração foram captados no hospital.

 

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