RIO/SUL FLUMINENSE
Com o objetivo de protestar contra o roubo de cargas no Estado do Rio, caminhoneiros realizaram na manhã desta segunda-feira, dia 15, um ato na Zona Norte da cidade. Os motoristas se concentraram na Avenida Brasil, na altura do Mercado São Sebastião, na Penha, e seguiram em direção ao bairro do Caju, próximo ao Porto do Rio.
Os manifestantes pedem mais segurança para a categoria. Nos veículos, os caminhoneiros colocaram faixas com as frases: ‘Roubo de cargas: Já morreram três motoristas. Quantos mais ainda precisam morrer?’ e ‘Roubo de cargas agride a sociedade, gera mais desemprego e produtos mais caros à população’.
Um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que o roubo de cargas causou um prejuízo de R$ 388 milhões aos cofres do Estado, no ano passado. Segundo o levantamento, apesar da queda desse tipo de crime em território fluminense nos últimos anos, em 2022 foram registradas mais de quatro mil ocorrências, uma média de 12 casos por dia.
Um levantamento feito pelo A VOZ DA CIDADE com dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), mostra que de janeiro até abril deste ano, foram 12 casos de roubos de cargas no trecho que corta a região Sul Fluminense. Cinco deles em janeiro, somente um em fevereiro, três em março, e três em abril. Foram dois casos em Barra do Piraí, um em Resende, três em Barra Mansa, dois em Volta Redonda, dois em Piraí e um em Levy Gasparian, e um outro em Mangaratiba.
Importante frisar que caminhoneiros que são da região, fazem o trajeto para a cidade do Rio de Janeiro, ou seja, ficam à mercê dos trechos perigosos da capital. Um desses trabalhadores é Juliano Pereira Pires, que há 20 anos é caminhoneiro. Há dois anos está em uma empresa e precisa fazer diariamente o trajeto de Barra do Piraí para o Rio. Somente neste ano já foi assaltado duas vezes e sofreu outras duas tentativas de roubo. “Fora as vezes que sou fechado. Hoje estou carregando mais sei que posso ser assaltado. Falo comigo mesmo: não reaja, mantenha a calma. No primeiro roubo me levaram para a favela na Vila do João, me pegaram na Maré. No outro roubo levaram as coisas da cabine só porque eu estava vazio. Trabalho com carne e volto carregado com escolta”, disse, completando que quando não tem policial na Avenida Brasil e na Dutra aí o medo de assalto é ainda maior.
Para Juliano, se tivesse um patamo em cada entrada de favela no Rio não aconteceria roubo. “Precisamos de menos corrupção. Minha esposa não quer mais que trabalhe indo para o Rio, mas preciso. Faço minhas orações e vamos que vamos”, destacou,
GRAVES PREJUÍZOS
O presidente do Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro (Sindicarga) Silvio Carvalho, afirma que o roubo de carga tem gerado gravíssimos prejuízos ao setor, colocando a vida dos motoristas em risco e dificultando ainda mais a contratação de mão-de-obra, além de tornar caríssimos os seguros de carga. “Essa situação traz consequências desastrosas, pois culmina com a evasão das empresas para outros Estados, desabastecimento de produtos aos cidadãos e esvaziamento dos portos do Rio de Janeiro, com navios cargueiros sendo direcionados para outros portos brasileiros”, afirma Silvio Carvalho.
Para Renato Almeida, Diretor-Geral do MovRio e Coordenador-Geral do Disque Denúncia, a participação da população é primordial para ajudar a polícia no combate ao roubo de cargas. “O prejuízo causado com o roubo e o comércio ilegal das cargas, reflete no dia-a-dia da sociedade. Quem compra carga roubada, compactua com o crime”, acrescentou.
Para denunciar ao Disque Denúncia, a população pode ligar para o telefone (21) 2253-1177 e para o 0300 253-1177 (Interior), ambos com WhatsApp anonimizado – técnica de processamento de dados que remove ou modifica informações que possam identificar uma pessoa. Ou então pelo App ‘Disque Denúncia RJ’.
No Rio
Segundo a Polícia Militar, equipes policiais do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) atuam na região. A PM informou, ainda, que vem trabalhando pela redução dos indicadores criminais, inclusive os crimes de roubo de carga. Além do policiamento nas ruas, a corporação destacou que tem estabelecido ações conjuntas com outras instituições como a Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal.