BARRA MANSA
A resistência do povo negro, a conscientização antirracista e a valorização de pessoas que lutam e se destacam na sociedade de Barra Mansa foram os fios condutores da sessão solene realizada pela câmara, nessa quarta-feira. Durante o evento foram realizadas a entrega das quatro medalhas outorgadas pela câmara que têm como objetivo reconhecer e valorizar cidadãos negros que se destacam em suas atividades na sociedade, como forma de enaltecer a representatividade negra. Os homenageados são indicados conjuntamente pela câmara, a Organização e Integração de Conscientização Negra -OICN-, o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial -COMUPIR- e gerência de igualdade racial da prefeitura.
A Medalha Zumbi dos Palmares: foi concedida ao Mestre Coquinho, responsável atualmente pelo evento “Capoeira Arte e Poesia, que promove a graduação dos alunos e apresenta a Capoeira à sociedade. Em 46 anos de capoeira, Mestre Coquinho é responsável por diversos projetos que devolvem a dignidade a muitos cidadãos. A yalorixá oyatolu Neuza Moraes Tavares foi homenageada com a entrega da Medalha de Mérito Thereza de Benguela. Neuza é responsável pela casa “Choça Espírita Caboclo Tupinambá”, onde promove um expressivo trabalho social e espiritual, além de valorizar a religião de matriz africana.
Por seu trabalho como trancista, que dissemina a arte desse ofício a pessoas em vulnerabilidade social no CRAS de Barra Mansa, Rosana Domicio foi homenageada com a Medalha de Mérito Maria Sacchi. A Medalha de Mérito Escrava Maria Moçambique foi concedida à servidora pública Cristina Aparecida Da Silva Costa, diretora-adjunta da Escola Municipal Damião Medeiros, onde desde 2017, em parceria com a diretora Angélica e a professora Lilly Paiva, realiza o projeto “Negritude Damião”, que tem o objetivo de ensinar aos alunos a importância do povo negro na sociedade brasileira, valorizando assim a cultura afro-brasileira e a contribuição destes para o crescimento do país.
Representando todos os homenageados da noite, Mestre Coquinho agradeceu o reconhecimento que recebe ainda em vida.
“Essa homenagem é muito importante porque representa uma reverência não para mim, mas para o povo. Se não fosse nosso povo, não estaria aqui. A medalha aqui é de todos os meus alunos E reconhecer nosso trabalho em vida é muito especial”, disse.
Presidida pelo vereador Paulo Sandro Soares, a sessão teve a presença dos vereadores Deco, Dudu Pimentel, Marquinho Pitombeira, Marcell Castro, Paola Sapede e Fernanda Carreiro. Estiveram presentes, também, prestigiando o evento, a vice-prefeita Fátima Lima, o secretário de assistência social Fanuel Fernando, o presidente da Fundação de Cultura Marcelo Bravo, o presidente do COMUPIR Paulo César dos Santos, o vice-presidente do conselho Francisco Américo, a gerente de promoção da igualdade racial Deiviane Costa, a presidente da OICN Silvana Maria almeida de Carvalho e o fundador da organização Chiquilin, precursor e incentivador da realização da sessão solene na câmara em homenagem à Consciência Negra.
O presidente da Câmara de Barra Mansa, vereador Paulo Sandro destacou a importância de realizar as homenagens aos cidadãos negros que tanto contribuem para a sociedade.
“Para nós, como câmara, prestar todas essas homenagens a todos vocês que fazem parte dessa luta, da cultura e da história de nossa cidade e do nosso país é uma forma de agradecer e reverenciar o trabalho de cada um”, afirmou Paulo Sandro.
O idealizador da sessão solene em homenagem à Consciência Negra e fundador da OICN, senhor Chiquilin, declarou que é um sonho realizado esse reconhecimento ao povo negro.
“É só felicidade hoje para agradecer aos irmãos de luta. Sonhei por quase sessenta anos por esse momento que vivemos hoje, de trazer a cultura e o respeito ao povo negro para dentro da câmara. E também valorizar o não negro que luta pela mesma causa. Agradeço todos os presentes, em especial aos representantes das religiões de matrizes africana. Quando tiverem que lutar usem as armas da Educação: livro, caderno, caneta. Nossa trincheira é o colégio”, declarou Chiquilin.
A sessão foi encerrada com a recitação ode poesia de Agostinho Neto pela diaconisa da Igreja Metodista e artista visual Lilly Paiva, que diz “Não basta que seja pura e justa a nossa causa/É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós”.