BARRA MANSA
Em parceria com o COMUPIR, a OICN e a Gerência de Igualdade Racial, a Câmara Municipal de Barra Mansa realizou, nesta terça-feira, uma sessão solene dedicada à valorização e ao reconhecimento de pessoas negras que se destacam na sociedade por sua trajetória de luta antirracista. Durante a cerimônia, foram entregues as quatro honrarias criadas pelo Legislativo para homenagear esses cidadãos, em referência ao Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro. As indicações dos homenageados são feitas conjuntamente pela câmara, pela Organização e Integração de Conscientização Negra (OICN), pelo Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMUPIR) e pela Gerência de Igualdade Racial da prefeitura.
Sob a presidência do vereador Paulo Sandro Soares, a sessão contou com a participação dos parlamentares Deco, Everton Pesão, Eduardo Pimentel, Klévis, Elias da Coorbama e Marquinho Pitombeira. Compuseram a mesa principal o subsecretário de Assistência Social e Direitos Humanos, William Pereira; o presidente do Conselho Municipal de Políticas de Igualdade Racial, Francisco Américo; o senhor Chiquilinho, um dos idealizadores da Medalha Zumbi dos Palmares; e Luiz Cláudio da Silva, vice-presidente da Confraria dos Orgãs e Equedes. Representantes do Abadá Capoeira, acompanhados do Mestre Pretinho, também prestigiaram a solenidade.
As homenagens entregues durante a sessão levam o nome de importantes lideranças da resistência negra no Brasil, reforçando a relevância histórica desses personagens para o país. A Medalha de Mérito Zumbi dos Palmares — a primeira honraria instituída pelo Legislativo com esse propósito — foi concedida neste ano ao músico, capoeirista, integrante do COMUPIR e OICN, além de fundador do Jongo Cafezal, Paulo César dos Santos, o PC.
A Medalha de Mérito Thereza de Benguela, destinada a reconhecer uma mulher negra cuja atuação fortalece a emancipação da população negra, foi entregue à psicóloga Luena Lage. Visivelmente emocionada, ela relembrou seu percurso e destacou a força da história do povo negro no Brasil. “As medalhas que recebemos hoje e outros dos nossos já ganharam outros anos são um marco símbolo de uma luta que aconteceu muito antes. Hoje recebo a Medalha Thereza de Benguela, uma mulher negra, que mais do que estar ao lado de Zumbi e de outras lideranças de movimento de resistência, atualiza a identidade africana dentro do nosso país. Isso é muito importante e simbólico. Estou muito orgulhosa da minha trajetória, que começa com a luta de Thereza de Benguela e outras lideranças negras. Como é bom sermos reconhecidos pelo que fazemos”, declarou.
Com o intuito de seguir enaltecendo a força das mulheres negras que enfrentaram a escravidão e contribuíram para a libertação do povo negro, a câmara também entregou duas outras honrarias: a Medalha de Mérito Maria Sacchi, destinada à catequista e ministra da palavra e da eucaristia da Igreja Católica, Anna Aparecida de Assis Moisés; e a Medalha de Mérito Escrava Maria Moçambique, concedida a Mam’etu Sia Vanju, ou Patrícia Cristina Freitas, liderança da Comunidade Omariô de Jurema. Em seu discurso, Patrícia ressaltou a importância do combate à intolerância religiosa. “A luta hoje também é para que a ignorância saia do coração, da cabeça das pessoas, que procurem saber sobre a religiosidade preta, de onde nós viemos, o que nós fazemos. Cada casa de santo, cada terreiro é um quilombo e cada quilombo desse é de transformação do homem, não apenas a religiosa. A ignorância cega as pessoas”, afirmou.
O presidente da Câmara, vereador Paulo Sandro, fez questão de enaltecer a relevância das homenagens e o papel dos cidadãos negros na construção da sociedade. “Hoje temos a honra de receber vocês aqui nesta Casa, para prestarmos essa singela homenagem. É um pouco, mas muito pouco de tudo que vocês merecem. É gratificante este momento, eu me sinto muito feliz e parece que o homenageado sou eu dessa noite, porque me honra muito essa oportunidade. Que viva o povo negro, que viva a capoeira e viva todos os terreiros”, enfatizou.




