Caixão é aberto em cemitério de Piraí e família descobre que corpo foi trocado

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PIRAÍ
Uma morte suspeita por coronavírus foi registrada hoje no Hospital Regional Zilda Arns. A paciente, de Piraí, estava internada há dez dias na unidade e ainda sem resultado do exame. E não bastasse esse momento de perda, a família de Maria da Glória da Silva, 76 anos, foi surpreendida na hora do enterro por um corpo que não era o dela, mas sim de uma senhora chamada Maria das Dores. “Corpos foram trocados no Hospital Regional”, disse a neta Renata Pimenta da Silva.
Renata contou que quando receberam a informação da morte de sua avó, a família foi para o Hospital Regional /localizado em Volta Redonda, sob administração do Governo do Estado. Chegando la, a filha de Maria da Glória foi chamada para reconhecer o corpo e disse que não era de sua mãe. A neta contou que entrou para fazer o reconhecimento e disse que parecia, mas que não tinha no rosto a cicatriz de sua avó. “Fomos para o cemitério de Piraí para fazer o enterro e quando chegou lá a minha tia contou o que havia acontecido aos outros irmãos e eles pediram para abrir o caixão. Todos de máscaras e luvas, ficamos de longe. E não era mesmo corpo da minha avó. Voltamos para o regional e conseguimos achar o corpo da minha avó. É uma situação que não pode acontecer, uma falta de respeito com a família”, disse Renata.
‘DESCASO EM PIRAÍ’
A neta de Maria da Glória contou que primeiro procurou o Hospital Flávio Leal, de Piraí no dia 26 de abril. Foi atendida por um médico que fez a coleta do sangue e nada errado deu. “Ela tinha tido febre e estava com uma tosse seca. Não estava querendo comer e nem anemia deu no resultado. Uma coisa que me chamou a atenção é que o médico tirou a máscara para falar com a gente e ficou falando num hospital com várias pessoas com suspeita. Ele receitou acebrofilina e Coristina D. Não resolveu nada e retornamos no sábado seguinte. Lá fiquei sabendo que o médico da primeira vez que tinha nos atendido sem máscara tinha testado positivo para Covid-19. Está tudo desorganizado, um descaso Piraí”, mencionou Renata, dizendo que na segunda-feira, dia 4 ela foi levada já entubada para o Hospital Regional para o CTI com 50% do pulmão comprometido.
Questionada se os familiares foram testados pela doença, Renata contou que apenas sua tia e uma prima que estava grávida. Em sua tia o exame deu positivo e na prima não. “Em Piraí nos disseram que o resultado da minha avó sairia em sete dias e até hoje nada. Nem teste rápido fizeram. A cidade está largada às traças. Ter esse prefeito lá e não ter é a mesma coisa que nada. Está tudo desorganizado”, denunciou, lembrando que sua avó foi enterrada com uma certidão de óbito como suspeita de Covid-19 e problemas respiratórios.
A Assessoria de Imprensa do Governo do Estado foi procurada para responder sobre a troca dos corpos, assim como a Prefeitura de Piraí, para se posicionar quanto a denúncia do médico tirar a máscara dentro do hospital com suspeitos da doença e o fato da família não ter sido testada.

Em nota, a Prefeitura de Piraí informou que também tomou conhecimento da troca do corpo apenas no momento do sepultamento, juntamente com os demais membros da família. A prefeitura informa ainda, que faz apenas o serviço do traslado do corpo para o local de sepultamento e o fornecimento da urna funerária. Portanto, não teve nenhuma responsabilidade nessa troca e lamenta o ocorrido.
Quanto ao atendimento no Hospital Flávio Leal, esclarece que o local segue todos os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. “Não há falta de EPIS e os testes são aplicados também de acordo com as orientações do Ministério da Saúde e Secretaria Estadual da Saúde seguindo posteriormente para o laboratório Central Noel Nutels, no Rio de Janeiro. Não há falta de testes, e assim que saem os resultados, eles são divulgados prontamente. Sobre as alegações da neta da paciente em questão, a direção do Hospital Flávio Leal irá apurar o caso e tomar as medidas cabíveis”, diz a nota.

Já a Secretaria de Estado de Saúde informou em nota que a direção do Hospital do Médio Paraíba Zilda Arns esclarece que, no momento do velório de Maria da Glória da Silva, a família constatou que havia um equívoco no reconhecimento e entrega do corpo. Os familiares retornaram à unidade onde foram acolhidos e puderam solucionar a questão. “A direção lamenta o ocorrido e solidariza com a família, e informa que abrirá sindicância para apurar o caso”, diz a nota enviada. .

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