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Brasil ainda não tem cidades sustentáveis

Por Andre
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A análise das condições das moradias e das áreas em que elas estão localizadas, ao longo do território nacional, mostra que o país está longe de ter cidades sustentáveis. A afirmação foi feita recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que definiu que a proliferação de ocupações irregulares e de domicílios com infraestrutura inadequada são questões que potencializam os problemas dos grandes centros urbanos. O A VOZ DA CIDADE ouviu um especialista para falar sobre o assunto, que deu dicas do que poderia ser feito na região Sul Fluminense para tornar os municípios exemplos dentro do tema referido.
De acordo com Maria Lúcia Vilarinhos, geógrafa do IBGE, em uma área de grande concentração populacional o impacto sobre o urbano proporcionalmente é muito maior do que naqueles com menor número de habitantes, que estão mais distribuídos no espaço.
Segundo ela, é justamente nas grandes cidades que se têm os maiores percentuais de domicílios adequados, com coleta de lixo e saneamento básico, por exemplo. Porém, também é nesses locais em que se concentram grande quantidade de domicílios com infraestrutura inadequada, problema que é potencializado pelo expressivo número de habitantes que vivem em uma mesma área.
Para ela, no Brasil ainda estamos longe de ter cidades sustentáveis. “Mobilidade, acessibilidade, destino do lixo, adequabilidade dos domicílios, democratização do acesso da população à gestão do espaço público e a participação da mulher nas estruturas de poder e de decisão são fatores que mostram que estamos distantes da sustentabilidade minimamente desejável”, finda.
TRATAMENTO, DISCIPLINA E RESPONSABILIDADE
O professor de Biologia Luiz Fernando Figueiredo, da Escola Estadual Baldomero Barbará, explica que um bom início seria que nossos prefeitos priorizassem o tratamento de esgoto doméstico. “Infelizmente hoje a maioria dos bairros nos municípios do Sul Fluminense não têm esse tratamento e o esgoto doméstico vai direto para o Rio Paraíba do Sul”, comentou.
Ele explica que outro ponto importante seria a criação de núcleos de educação ambiental nas escolas da prefeitura e estado, porém essa discussão não poderia ficar restrita aos muros da instituição. “A população teria que participar ativamente”, frisa. “Outra coisa a ser combatida seria a desfragmentação do ensino. A educação ambiental não pode ficar restrita ao professor de ciências no ensino fundamental e de biologia no ensino médio. O tema é multidisciplinar e cada uma das disciplinas podem e devem dar a sua contribuição na discussão”, completou Luiz Fernando.
Ele lembra que a implantação efetiva de um processo de coleta seletiva também seria de grande valia e explica como cada um poderia fazer a sua parte. “A sociedade pode ajudar fiscalizando e cobrando do Poder Público as medidas citadas. Com os núcleos de educação ambiental, que deveriam ser estimulados a surgir nas escolas, a mesma seria discutida de maneira crítica e reflexiva, permitindo que o cidadão possa se ver como parte do ambiente em que vive”, comenta.
O professor finaliza explicando que muitos dos danos causados ao ambiente como queimadas, jogar lixo no Rio Paraíba, óleo na pia da cozinha, etc. ocorre devido a desinformação da população e pelo fato de não se verem como parte do ambiente. “Um ambiente sadio é benéfico para a qualidade de vida do cidadão. Quando ele se encontra poluído acaba por afetar saúde da população”, conclui.
A equipe do A VOZ DA CIDADE fez contato com as prefeituras da região para falar sobre o assunto, mas as mesmas não retornaram até o fechamento desta edição.


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