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Barra do Piraí comemora hoje 130 anos de emancipação

Por Franciele Aleixo

BARRA DO PIRAÍ

Para comemorar a data histórica, o município realiza hoje Desfile Cívico a partir das 8 horas com concentração na Praça Nilo Peçanha. Hoje, haverá ainda apresentação de Diego e Mailson e Pegada Chique, além da apresentação de DJs, a entrada é franca. Pela festa já se apresentaram nomes consagrados como Aline Barros, Imaginasamba e Bom Gosto.

Barra quer dizer foz de um rio, lugar onde um rio se lança em outro. E, como em Barra do Piraí o rio se lança no rio Paraíba do Sul, forma assim a foz do Rio Piraí. Logo, como Barra do Piraí é uma cidade cortada por dois rios: o Paraíba do Sul e o Piraí, nada mais adequado do que o seu nome.
Durante o período colonial, a região onde se encontrava o município, ou seja, o Vale do Paraíba, era uma imensa floresta habitada por índios das tribos Xumetos, Pitas e Araris, que foram chamados pelos portugueses de Coroados, devido à forma do seu cabelo. Até hoje se pode observar nos nomes de nossos rios Paraíba e Piraí, no nome do distrito Ipiabas, da Serra do Ipiranga e da Fazenda Ibitira, a herança deixada pelos índios. Enquanto isso, nas Minas Gerais (atuais estados de Minas Gerais e Goiás) onde o ouro estava sendo explorado, trazia-se muita riqueza para aquela região.
A ligação entre o Rio de Janeiro e a região das minas era feita por meio de trilhas no meio da mata: as estradas do ouro. Ao lado destas, outras menores foram abertas e algumas passavam próximas ao lugar onde hoje está Barra do Piraí e Valença. Esses caminhos serviam para passagem das tropas de mulas, que por serem animais muito resistentes, faziam o transporte do ouro e, posteriormente, da produção do café, que saia de nossas lavouras para o Rio de Janeiro, trazendo na volta produtos para os habitantes das minas.

Somente após a independência, quando as minas de ouro decaíram, muitos mineiros e portugueses vieram se estabelecer nas margens do rio Paraíba e, assim, iniciaram a plantação do café. Começaram a surgir, então, as fazendas de café, que, para se formar, expulsaram os índios. Eles foram aldeados na então Conservatória do Rio Bonito (atual Conservatória do distrito de Valença). Daí por diante, várias cidades foram surgindo em torno da lavoura do café como Valença, Vassouras, Piraí, Barra do Piraí, entre outras.

A primeira notícia que temos do município é de 1843, com a compra de um sítio na foz do Rio Piraí, denominado Barra do Piraí, por Antônio Gonçalves de Moraes, também dono da fazenda São João da Prosperidade, em Ipiabas, hoje distrito de Barra do Piraí, que, na época, era onde se produzia o café. Cabe ainda ressaltar que tal fazenda guarda até os dias de hoje sua estrutura intacta, estando aberta à visitação e oferecendo um belo roteiro turístico.

Dez anos depois, o dono do sítio construiu uma ponte sobre o rio Piraí e, assim, teve início o povoado de São Benedito, em terras do município de Piraí, cidade vizinha a nossa. Já em 1864, com a chegada da estrada de ferro D. Pedro II, construída para levar a produção cafeeira do Vale do Paraíba para o Rio de Janeiro, o povoado de São Benedito recebeu um grande incentivo para seu desenvolvimento. Assim, o povoado cresceu e tornou-se o centro do comércio do café da região.

Em 1881, foi criada a estrada de ferro Santa Izabel do Rio Preto, depois chamada de estrada de ferro de Sapucay, Rede Sul Mineira e, finalmente, Rede Mineira de Viação, e construiu uma ponte sobre o rio Paraíba (a nossa ainda existente ponte metálica), para passagem dos trens e depois de pedestres.

No ano de 1879, foi criada a estrada de ferro Piraiense ligando o povoado de Barra do Piraí à sede do município que, na época, era Piraí. Com essas três estradas de ferro e um crescente comércio, Barra do Piraí passou a ser o centro econômico do Vale do Paraíba, porém, continuou como povoado, pertencendo a dois municípios. Somente em 1885 foi criada a freguesia de São Benedito de Barra do Piraí.

O café trouxe grande riqueza para as cidades do Vale do Paraíba, porém essa riqueza durou poucos anos. O Vale a partir de 1830, entrou em decadência 40 anos depois. As grandes fazendas definharam e os fazendeiros empobreceram. Em 1888, quando foi abolida a escravidão, a maioria das fazendas já estava sendo entregue aos bancos aos quais os fazendeiros deviam muito dinheiro.

Na década de 70, as fazendas de café entraram em decadência e os municípios de Valença, Piraí, Vassouras, Resende, Três Rios e Paraíba do Sul sofreram muito com a decadência das fazendas, perdendo suas rendas. Barra do Piraí, porém, não sofreu muito com a decadência do café, por ser um entroncamento ferroviário importante.

Com a Proclamação da República e a mudança do poder político, Barra do Piraí foi elevada a município em 10 de março de 1890, tendo suas terras desmembradas dos municípios vizinhos. Da cidade de Valença, foi desmembrada a Vila de Sant’Ana, à margem esquerda do Paraíba. De Piraí, a próspera freguesia de Barra do Piraí, situada à margem direita do Paraíba. E de Vassouras, a Vila dos Mendes, que já possuía, nesta época, uma fábrica de papel (CIPEC) e fábrica de fósforos, além de fazendas.

Em 1890, Barra do Piraí possuía quatro mil habitantes. Como município, Barra do Piraí cresceu e tornou-se um centro comercial muito importante do Vale do Paraíba. As Ferrovias Central do Brasil; Rede Mineira de Viação; e Piraiense eram o meio de comunicação entre as cidades vizinhas e o centro econômico: Barra do Piraí. A Central do Brasil empregava um grande número de pessoas que moravam nos bairros do Carvão, Santo Cristo, etc.

Com isso, a Light instalou seus escritórios no município, dirigindo daqui suas atividades nos municípios vizinhos. Já em 1952 construiu uma barragem no rio Paraíba e uma usina elevatória, que, por meio de um túnel, leva as águas do Paraíba para um reservatório (no bairro Chalet, município de Piraí), onde se juntam com as águas do Piraí para gerar energia elétrica nas usinas de Fontes, em Piraí.

 

 

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