No próximo dia 26 é comemorado o Dia dos Avós. Deles extraímos sabedoria, experiência, conhecimento e paciência. Além disso, muitos avós ainda são profissionais de respeito e, continuam ativos no mercado de trabalho.
Um exemplo disso é o jornalista e radialista Oscar Nora. Dos 77 anos de idade, 62 foram dedicados a profissão. Começou aos 15 anos, ao confeccionar um jornal para a escola, logo em seguida, foi trabalhar a Rádio Difusora de Barra do Piraí. Atualmente, apresenta o programa diário ‘Manhã Sul Fluminense’, na Nova Rádio Sul Fluminense.
Sobre o mercado de trabalho, Nora diz que é tudo feito com muito prazer. “Viajei parte do mundo a trabalho, e não pretendo parar, tenho prazer no meu trabalho e vou tocando até onde der. Sinto-me como se estivesse começando, cada dia é uma novidade, somos testemunhas da humanidade; trabalho para informar, para entreter, ao longo do dia, nos preparamos para dar boas informações, ou aquelas que não gostaríamos repassar. Tem uma moçada boa começando, traçando boas carreiras, dou todo apoio e sigo trabalhando até onde der”, citou.
Avô de quatro netos, e dois bisnetos, (um inclusive nascia durante essa entrevista), ele vê na educação dos netos a oportunidade de ser pai novamente. “Cuidamos bem dos filhos, mas a correria do dia a dia, a pressão de se construir casa, manter a casa, a velocidade do mundo não nos permite curtir ainda mais os filhos. Quando vêm os netos é diferente, já não temos toda aquela pressão, a vida está um pouco mais leve, e sobre mais tempo para dar carinho aos netos, é nossa segunda chance de fazer alguém ainda mais feliz”, aponta.
Outro avô de sucesso é o fotojornalista Paulo Dimas de Almeida. Ele tem 31 anos de trabalho nesta área e 55 de vida. Não vê dificuldades no mercado de trabalho com os mais jovens. “Não temos concorrência, inclusive, muitos se espelham e mim e sou muito grato por isso. Torço pelos mais jovens, incentivo e acredito que hoje, para eles, é ainda mais difícil do que para mim quando estive no início da carreira. Hoje é uma concorrência muito maior, é preciso se dedicar ainda mais, além disso, eles dão continuidade à profissão”, argumentou.
Faltando quatro anos para se aposentar, ele não se vê sem trabalhar. “Não tenho vontade alguma de ficar sem trabalho, mesmo aposentado, continuarei no mercado de trabalho, vou diminuir o ritmo, mas claro, não vou parar totalmente”, comenta.
Dimas ganhou seu primeiro neto recentemente. O pequeno Théo tem apensas três meses e, com ele, nasceu um grande amor, inexplicável. “Uma das melhores coisas da vida é ser avô, é um sentimento que não consigo expressar, é ser pai duas vezes. Acordar ou chegar do trabalho e ser recebido por aquele sorriso não tem preço, só quem é avó sabe como é. Estou feliz e nem imaginava ser possível sentir tudo isso. Espero deixar para ele bons ensinamentos, que ele trilhe o caminho do bem e respeite as pessoas e seja muito feliz”, destaca.
Tendência de mercado
De acordo com dados do Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento, da Organização Mundial da Saúde (OMS), essa tendência de mercado se deve ao envelhecimento progressivo da população mundial que passará de 606 milhões (no ano de 2000), para cerca de dois bilhões, em 2050. No Brasil, a estimativa aponta que de 21 milhões de idosos (11% da população) contabilizados em 2010, a população idosa somará cerca de 65 milhões (30% da população) em 2050.
Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados pelo Ministério do Trabalho, apontam que o número de pessoas no mercado formal de trabalho, na faixa etária entre 50 e 64 anos, cresceu cerca de 30% entre 2010 e 2015, período em que o número de trabalhadores com carteira assinada, cresceu de 5,8 milhões para 7,6 milhões. O grupo de trabalhadores com idade acima de 65 anos também aumentou sua participação passando de 361,3 mil em 2010 para 574,1 mil em 2015, um aumento de 58,8%. Essas informações comprovam um aumento sólido da participação de pessoas mais velhas no mercado de trabalho.
Experiência x juventude
De acordo com a consultora e diretora de uma empresa de consultoria, Astrid Vieira, o Ministério do Trabalho vem estudando métodos para cuidar de questões de discriminação, entre elas contra profissionais mais experientes no mercado de trabalho. “O objetivo é oferecer maior atenção ao combate ao preconceito no ambiente de trabalho”, ressalta.
A consultora explica que para complementar a renda familiar, cobrir despesas médicas ou se manter ativo, as pessoas mais experientes se mantêm no mercado de trabalho, atuando principalmente nas áreas de serviços, administração pública, indústria e comércio.
Ainda de acordo com Astrid, um dos maiores receios dentre as empresas é o de que um profissional mais maduro não possua o vigor necessário para desempenhar funções laborais intensas, mas hoje já se mostra evidente, que um profissional idoso possui as mesmas dificuldades e demanda o mesmo cuidado básico de um profissional mais jovem. “No entanto, as vantagens de se investir no desenvolvimento da carreira pós-corporativa de um profissional prestes a se aposentar, também vem sendo levada em consideração pelas empresas, que se beneficiam da habilidade de transmissão de conhecimento desse profissional e da difusão das práticas que possibilitam a continuidade dos negócios”, completa.