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Autismo invisível? Os desafios e a inclusão que passam despercebidos

Por Carol Macedo
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No dia 2 de abril, celebra-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007 com o propósito de disseminar informações e reduzir a discriminação e o preconceito em relação às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dentro desse espectro, o TEA de nível 1, frequentemente referido como autismo nível 1 de suporte, apresenta desafios singulares, especialmente no que tange ao diagnóstico e à inclusão escolar.

O TEA de nível suporte 1 é caracterizado por dificuldades na comunicação social e comportamentos restritivos ou repetitivos que requerem suporte mínimo. No entanto, essas manifestações sutis podem levar a um diagnóstico tardio ou mesmo à ausência dele. Muitos indivíduos passam anos sem compreender plenamente suas diferenças, o que pode resultar em dificuldades acadêmicas, sociais e emocionais. A avaliação neuropsicológica surge como uma ferramenta valiosa nesse contexto, pois permite identificar áreas cognitivas e emocionais específicas, auxiliando na determinação do grau de severidade e na elaboração de estratégias de intervenção adequadas.

A inclusão escolar de alunos com TEA de nível 1 é um direito garantido, mas sua efetivação enfrenta obstáculos significativos. Professores frequentemente relatam dificuldades relacionadas ao comportamento, comunicação e socialização desses alunos. A falta de formação específica e de recursos adequados pode comprometer a qualidade da educação oferecida e pode perpetuar a exclusão desses estudantes. Estratégias como a capacitação contínua de educadores, o envolvimento ativo dos pais e a promoção de uma relação colaborativa entre escola e família são apontadas como fundamentais para a melhoria desse cenário.

Outro aspecto frequentemente negligenciado é a necessidade de um Plano Educacional Individualizado (PEI), mesmo para estudantes com alto desempenho acadêmico e pouco suporte. Muitas escolas, ao perceberem que um aluno com TEA de nível 1 apresenta boas notas e acompanha o ritmo das atividades, concluem erroneamente que ele não precisa de adaptações. No entanto, o sucesso acadêmico não significa ausência de desafios. Esses alunos podem enfrentar dificuldades na interação social, na regulação emocional, na organização de tarefas e na gestão da ansiedade, o que impacta diretamente seu bem-estar e desenvolvimento integral.


O PEI é uma ferramenta essencial para garantir que as particularidades desse estudante sejam atendidas, oferecendo suportes como flexibilização de prazos, adaptação da carga horária, uso de recursos visuais e apoio emocional. Ignorar essas necessidades pode resultar em sobrecarga, burnout acadêmico e, em alguns casos, no agravamento de condições como ansiedade e depressão.

A conscientização sobre o TEA, especialmente no nível 1, é essencial para promover diagnósticos precoces e intervenções eficazes. A sociedade deve ser informada e sensibilizada sobre as particularidades do espectro autista, combatendo estigmas e favorecendo a inclusão em todos os âmbitos. O Dia Mundial de Conscientização do Autismo serve como um lembrete da importância de reconhecer e valorizar a neurodiversidade, garantindo que todos tenham oportunidades equitativas de desenvolvimento e participação social.

 

Marcele Campos
Psicóloga Especialista em Neuropsicologia (Avaliação e Reabilitação) e Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Atrasos de Desenvolvimento Intelectual e Linguagem. Trabalha há mais de 28 anos com crianças e adolescentes. Proprietária da Clínica Neurodesenvolver.

 

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