Ativista pela Igualdade Racial diz que foi vítima de intolerância por uso de manto africano e cocar indígena

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VOLTA REDONDA

Bastante conhecido no município por ser ativista pela Igualdade Racial e desenvolver outras ações, Pedro Antonio Francisco, o mestríssimo Pedro D’Água Limpa, 67 anos, procurou o A VOZ DA CIDADE para denunciar que foi vítima de intolerância racial. A agressão, segundo ele, foi por ele estar usando um manto africano e cocar indígena. Garantiu que não se sentiu diminuído, mas que decidiu relatar o fato para que outras pessoas não passe pela mesma situação.

Bastante emocionado, o ativista da Igualdade racial, historiador, escritor, capoeirista e jongueiro, Pedro Antonio fez seu relato contando sobre um episódio de racismo durante uma passagem pelo bairro Vila Santa Cecília. Contou que, no domingo passado, dia 20, como faz toda semana, foi à feira livre se encontrar com amigos e fazer contatos. E foi em um momento, segundo ele, que conversava com um militante quando de repente surgiu um homem alto e forte, com idade avançada, que de maneira intempestiva  e repentina o abordou de forma agressiva. “Ele simplesmente se aproximou e cheio de gestos com as mãos me disse vá aboletar longe daqui. Confesso que fiquei surpreso, pois há anos como ativista, nunca havia passado por um momento assim”, contou.

No momento em que foi surpreendido pelo homem, que ele diz ter descoberto quem é e onde mora, mas preferiu não revelar o nome e nem o endereço, Pedro usava terno com um manto africano e cocar indígena na cabeça. Por isso, acredita que a ação tempestiva do homem foi puro preconceito pelo o que ele estava usando.

Bastante emocionado, o ativista da Igualdade racial, historiador, escritor, capoeirista e jongueiro,  fez seu relato contando sobre um episódio de racismo.

REAÇÃO DE MANEIRA

O ativista garantiu que, no momento em que foi surpreendido pelo homem, só conseguiu dizer algumas palavras, mas de maneira calma. “Falei poucas palavras. Como pode, eu com 67 anos de idade e experiências, nascido em Volta Redonda, como meu pai, minha mãe e minha avó, tendo meus antepassados sido escravizados em Volta Redonda, ser expulso da rua por uma pessoa que veio de outra cidade e Estado, aboletar em Volta Redonda. A minha reação só foi dizer essas palavras para aquele homem com muita calma, porém bem audível”, narrou o ativista, ressaltando que logo em seguida se retirou calmante do local.

Pedro explicou que, não satisfeito com a ação daquele homem, no dia seguinte decidiu investigar e acabou descobrindo que, o mesmo foi ‘chefão’ na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e é bem relacionado com políticos da cidade. “Isso não lhes dá direitos de maltratar um cidadão, não importa da forma que está trajado. Decidi denunciar essa ocorrência para que o fato não se repita com outras pessoas, pois todos nós somos livres para usarmos a roupa que sentimos bem e freqüentarmos a religião que quisermos. Acredito que esse idoso, homofóbico e racista, só reagiu desta forma porque ficou ofendido com o cocar indígena e os trajes africanos que eu estava usando”, lamentou, ressaltando que no Brasil, seu bisavô materno era indígena. “Por isso, assumi também a minha origem indígena e mostro isto sem pudor nenhum”, completou.

O termo “racismo”, geralmente, expressa o conjunto de teorias e crenças que pregam uma hierarquia entre as raças, as etnias, ou ainda uma atitude de hostilidade em relação a determinadas categorias de pessoas. Pode ser classificado como um fenômeno cultural, praticamente inseparável da história humana. Sendo assim, Pedro D’Água Limpa garante que foi vítima de racismo.

TIPOS DE INTOLERÂNCIA

Diariamente no País, há registro de algum tipo de intolerância, seja ela racial ou religiosa. Nem os famosas estão livres desses ataques. No ano passado, a cantora mirim Franciele Fernandes, uma das participantes do Programa The Voice Kids, sofreu ofensas racistas, o que provocou revolta em representantes do Movimento Negro e estudiosos de questões étnicos raciais de Mato Grosso.Declaram na ocasião que, pessoas racistas não podem aceitar o sucesso e a fama de personalidades negras. Lembraram que, o racista se incomoda com o sucesso dos negros, porque essas personalidades estão justamente mostrando a beleza do negro. Pessoas assim como a Franciele, a atriz Thaís Araújo e a cantora Ludmila que não têm vergonha da cor de sua pele, do seu cabelo e da sua raça. E isso incomoda muito.

Em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio No Rio de Janeiro, a Polícia Civil investiga um caso, recente, de intolerância religiosa ocorrido dentro de uma escola pública em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Aluna do 6º ano no Colégio estadual Padre Manuel da Nóbrega, no bairro Brasilândia, a jovem Kethelyn Coelho, de 15 anos, que é candomblecista, foi alvo de ofensas por parte de outros estudantes em sala de aula. Ao ouvir provocações como “gorda macumbeira” e “macumbeiros têm que morrer”, a vítima se levantou para discutir com os adolescentes e acabou sendo expulsa da sala de aula pela professora. O caso foi registrado na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São Gonçalo, no último dia 14.

Há poucos dias também, o volante Feijão, do Bahia, viveu uma situação de intolerância religiosa em seu Instagram. Adepto do candomblé, o jogador publicou uma foto e encerrou a legenda com a palavra “Ogum”. Um seguidor respondeu: “Que diabo de Ogum, por isso que não vai pra frente”. Ao que Feijão rebateu: “Cada um com sua religião, não venha falar sua merda aqui não na minha página”. O torcedor insistiu: “Ô seu macumbeiro, não venha pra cá tirar sua onda não que eu não como regue de você, sua carniça. Saia do Bahia, miséria”. Feijão respondeu mais uma vez: “Sou macumbeiro, não tenho vergonha não, pai. Quem é você para me mandar embora do Bahia? Também não tenho medo de você não, pai, vamos se bater em Salvador um dia!”. Depois disso, milhares de torcedores se manifestaram e têm se manifestado a favor do jogador.

Ativista pela Igualdade Racial garante que foi vítima de racismo – Foto: Divulgação

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