Artesanatos de Indicações Geográficas terão exposição no RJ

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O Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro é palco da exposição Feito para Você. A mostra conta com peças de Goiabeiras (ES) panelas de barro; Região do Jalapão do Estado de Tocantins (TO) artesanato em capim dourado; São João Del Rei (MG) peças artesanais em estanho; Paraíba (PB) têxteis em algodão colorido; Pedro II (PI) opalas preciosas e joias artesanais; Cariri Paraibano (PB) – renda renascença; Divina Pastora (SE) renda de agulha em lace; Região das Lagoas Mundaú-Manguaba (AL) bordado filé.

A exposição estará aberta para visitação e comercialização dos produtos até o dia 18 de novembro. A proteção de uma Indicação Geográfica possibilita a geração de mercado de uma determinada região, garantindo a produtos e serviços uma identidade que os diferencia. A exposição é uma boa oportunidade para conhecer as referências de artesanato do país, vocação de muitas regiões e fonte de emprego e renda de inúmeras famílias, destaca o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

As Indicações Geográficas vinculadas aos artesanatos, reconhecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), seguem os critérios definidos pelos artesãos, com base no saber-fazer, na cultura local e nas características da área demarcada. É uma tendência que começa a ganhar força no Brasil e assinala diferencial de qualidade e de origem aos artesanatos.

Atualmente, o país tem 54 Indicações Geográficas registradas, sendo que oito são vinculadas ao artesanato.  Desde 2014, o Sebrae trabalha nessa área com a aplicação de um diagnóstico. A ferramenta já foi aplicada em inúmeros estados brasileiros, como Bahia, Santa Catarina, Paraná, Pernambuco, Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Conheça as Indicações Geográficas de Artesanato

Goiabeiras (ES)

A fabricação artesanal de panelas de barro é o ofício das paneleiras de Goiabeiras, bairro de Vitória (ES). A técnica cerâmica utilizada é de origem indígena, caracterizada por modelagem manual, queima a céu aberto e aplicação de tintura de tanino. O conhecimento técnico e habilidade das artesãs, que são as guardiãs desse saber, é resultado da tradição passada por várias gerações desde o período pré-colonial. A matéria-prima para a confecção das panelas de barro, a argila, é extraída de uma jazida localizada no Vale do Mulembá, em Goiabeiras, e é feita pelos chamados de “tiradores de barro”, que a misturam com sedimentos que são encontrados na superfície, dando a “liga” necessária para a produção das panelas.

Região do Jalapão do Estado de Tocantins (TO)

A produção de artigos a partir do Capim Dourado do Jalapão é uma herança das comunidades quilombolas que perdura há anos nesta região. Esta matéria-prima incentivou os moradores locais, no decorrer dos anos, a produzirem peças de costura e trançados. A costura do capim dourado é um processo que exige muito cuidado, pois a peça de capim pode quebrar e inutilizar todo aquele filete. Os materiais utilizados para a confecção do artesanato são extremamente simples: capim, a “seda” do buriti (cordão originário de uma planta local) e uma agulha.

São João Del Rei (MG)

O artesanato em estanho de São João del Rei tem características barrocas, peças sacras e os utensílios domésticos possuem design colonial. O estanho de design colonial é um produto que reforça a identidade cultural da cidade. Nas peças sacras, são mantidas as formas arredondadas da religiosidade são-joanense. Estes aspectos agregam valor ao produto na medida em que o estanho traz a representação da cidade em si. A cidade possui 10 fábricas, com uma produção de 5 mil peças/mês. O faturamento médio das empresas é na ordem de R$ 150 mil por mês, gerando pelo menos 80 empregos diretos. 

Pedro II (PI)

A cidade de Pedro II é responsável por praticamente 100% da produção de joias artesanais de opalas do Piauí, constituindo a principal atividade econômica da cidade. As joalherias possuem estruturas próprias de lapidação e de fundição, com investimento em maquinário e mão de obra qualificada. O Festival de Inverno de Pedro II é um dos maiores eventos do estado, exibindo as opalas preciosas e as joias artesanais da cidade. Os artesões desenvolvem designs próprios, criando uma identidade artística e valorização das suas joias, em forma de colares, pingentes, brincos, anéis. 

Paraíba (PB)

O algodoeiro é considerado a mais tradicional das culturas do semiárido, como é o caso dos têxteis e do algodão naturalmente colorido da Paraíba. O algodão naturalmente colorido foi inicialmente desenvolvido pelos incas e astecas há 4.500 anos. Na maioria das espécies primitivas, o algodão possui fibras coloridas, principalmente na tonalidade marrom. Esses algodões coloridos, por longos períodos, foram descartados pela indústria mundial, por serem considerados como contaminação indesejável dos algodões brancos. Esses tipos coloridos, no entanto, foram preservados pelos povos nativos em vários países. No Brasil, foram coletados plantas de algodoeiros asselvajados, nas tonalidades creme e marrom, em misturas com algodoeiros brancos. Estes algodões coloridos tinham uso apenas artesanal ou ornamental. A partir de 1989, desenvolveu-se o trabalho de melhoramento genético, com o objetivo de elevar a resistência das fibras, a finura, o comprimento e a uniformidade, bem como estabilizar a coloração das fibras nas tonalidades creme e marrom e elevar a sua produtividade no campo. 

Cariri Paraibano (PB)

E é no Cariri Paraibano, no nordeste brasileiro, onde as rendeiras transformam a cultura local e o fazer artesanal numa potencialidade econômica, confeccionando a tradicional e famosa renda renascença. São mais de 100 tipos de pontos de renda, todos devidamente catalogados. Essa produção foi responsável pela inserção das mulheres da região no mercado de trabalho, e muitas vezes é a única fonte de receita para um expressivo número de famílias. Através dos trabalhos, os traços da cultura nordestina, seus costumes, crenças e tradições, são preservados, na renda renascença do Cariri Paraibano. 

Divina Pastora (SE)

A renda irlandesa confeccionada pelas rendeiras de Divina Pastora é classificada como do tipo “renda de agulha”. É uma renda singular, de grande beleza, ressaltada pela textura e brilho. Os desenhos com relevos que se combinam de modo especial geram uma renda original e sofisticada. Apresenta características específicas, pelo uso do tipo cordão sedoso achatado, conhecido como lacê, através de pontos adaptados ou criados pelas artesãs. São listados diversos pontos, os quais são nomeados com formas análogas a animais e vegetais, como exemplo o pé-de-galinha, a aranhinha e o abacaxi. A agulha é o instrumento básico usado pelas hábeis mãos das rendeiras que reinventaram a técnica, transformando cordões e fios de linha na famosa e tradicional renda irlandesa. Atualmente, 80% da produção é comercializada para outros estados, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo.

Região das Lagoas Mundaú-Manguaba (AL)

A região das Lagoas Mundaú-Manguaba é uma área de grande afluência turística e caracterizada por seus balneários e pela atividade secular da pesca artesanal. É nesse local que o bordado filé estabeleceu uma verdadeira cadeia produtiva, envolvendo populações e comunidades. O filé é elaborado a partir de uma rede denominada malha, com espaçamento pequeno, que serve de suporte para a execução do bordado. O trabalho é realizado em duas etapas: a construção da rede e o preenchimento de pontos com alinha sobre a rede. A variedade de pontos e a complexidade de execução destes entre si, além do intenso colorido, conferem ao bordado desse território características singulares de outros executados com a mesma técnica.

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