Área aterrada gera transtornos para os moradores do Vale do Paraíba

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BARRA MANSA

Moradores do Vale do Paraíba procuraram o A VOZ DA CIDADE para denunciar uma obra de uma empresa particular, que vem gerando transtornos para a comunidade. Segundo os relatos, o terreno que costumava ser uma área com vegetação, foi aterrado para que fosse construída uma área urbana. No entanto, de acordo com as queixas, o mau planejamento no aterro, fez com que a água da chuva não tivesse lugar para escoar e isso causou o alagamento das moradias próximas ao local, que nunca tinham sido alagadas antes. Segundo os residentes, em abril, quando as fortes chuvas atingiram o município e as moradias foram invadidas pelas águas, a Prefeitura de Barra Mansa teria embargado a obra, que até então está parada.

As queixas dão conta ainda que após o fato, houve uma reunião com secretários, vereadores e o prefeito Rodrigo Drable para definir o que seria feito, no entanto, após quatro meses, a situação continua do mesmo jeito. O que os moradores pedem é uma ação efetiva para o problema, uma vez que as caixas pluviais e o esgoto continuam entupidos pela terra que foi arrastada, fazendo a água dos ralos subir. Eles contaram ainda, que com as chuvas da última semana, a água voltou a entrar em algumas casas. O medo é que, caso ocorra novamente uma tempestade, a situação se agrave.

O jornal entrou em contato com a prefeitura que respondeu que a responsabilidade da obra é de uma empresa particular. “Sobre a resolução da situação que envolve o desentupimento das caixas de água pluvial e a normalização do escoamento, a prefeitura de Barra Mansa fará uma análise para averiguar a situação, para então tomar as devidas providências”, diz a nota.

A respeito da reunião realizada com a comunidade, a prefeitura informou que ficou definido que a empresa seria intimada e isso já aconteceu de forma verbal. “O próximo passo será a intimação por escrito, para que a empresa drene o solo, a fim de evitar problemas durante futuras chuvas”, completou a nota.

Sobre as obras

A área que foi aterrada, denominada de ‘Jardim Planalto Paraíso, tem a entrada pela Avenida Presidente Kennedy, no Ano Bom, tendo uma extensão total de 432.400 metros quadrados, chegando até o bairro Vale do Paraíba. Tendo a aprovação do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) para executar a supressão da vegetação nativa, no local seria implantado um lote com 567 lotes misto com comércio e residências, áreas pública e de lazer.

Já empresa responsável pelas obras disse que o trabalho deve ser retomado em breve, assim que forem finalizados alguns ajustes no projeto para finalização da aprovação dos órgãos competentes e afirma que o novo empreendimento valorizará todo o entorno e trará novas opções de comércio e moradia para a região, assim como desenvolverá áreas de lazer e áreas públicas na região.

Já sobre a tubulação de águas pluviais, a empresa disse que entre o loteamento e as casas há uma uma canalização (anterior às obras do empreendimento) instalada pelo Saae de Barra Mansa, que drena as águas pluviais de parte do bairro e também de algumas nascentes naturais. “Essa tubulação já foi verificada, inclusive pelos órgãos da Prefeitura de Barra Mansa, e encontra-se totalmente limpa e desobstruída”, disse, completando que, de acordo com parecer do Inea, o diâmetro da tubulação é insuficiente para dar vazão a toda a água quando ocorrem eventos de chuva muito intensa.

Quanto aos trabalhos de terraplanagem, a empresa esclareceu que foram realizados conforme melhores práticas de engenharia e direcionam as águas de chuva de maneira ordenada para bacias localizadas no interior do terreno, que foram especialmente construídas para esse fim, não vertendo na direção das casas. “A empresa pede que todos os moradores respeitem e mantenham o devido afastamento da tubulação para evitar qualquer tipo de problema como o verificado; mesmo assim alguns moradores construíram casas dentro dessa faixa que se encontra dentro do terreno. Cabe salientar que esta faixa é o único lugar possível por onde a Prefeitura Municipal de Barra Mansa possa futuramente vir a realizar a passagem de uma nova rede de captação de águas pluviais, que poria fim a todos os problemas”, concluiu.

 

PREJUDICADOS

Segundo Orias Gomes, de 62 anos, sua mãe de 85 anos teve a casa invadida pela água em abril e passou por um grande sufoco. “Todo esse problema está nos preocupando demais. Minha mãe já é de idade e não tem mais condições de lidar com isso.Temos medo que algo assim ocorra de novo. Há mais de 40 anos minha mãe mora aqui e nunca passou por isso, nunca entrou água nessas casas”, lamentou.

Já Wallace Debler, de 42 anos, relatou que a sua mãe de 62 anos precisou de ajuda dos vizinhos no momento que a água começou a invadir. “Além dela ser de idade, tem dois parafusos no pé e isso é preocupante. Os próprios moradores tentaram se virar e abriram uma valeta com uma enxada para que a água não fosse direto para as casas”, disse, expondo que a prefeitura está ciente dos bueiros entupidos.  “O esgoto não está saindo das casas, a água volta, e nós não podemos fazer nada, não temos equipamentos para resolver”, concluiu.

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