Aos 98 anos, ex-combatente do Exército recebe homenagem da Aman

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RESENDE/VOLTA REDONDA

A Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em conjunto com as Associações de Preservação da Memória dos Ex-combatentes do Exército Brasileiro, família e amigos, homenageou Francisco Leal. Com uma lucidez de impressionar, o tenente Leal, como é mais conhecido, recebeu com alegria todos os que foram lhe prestar homenagem pelos seus 98 anos de vida, em Volta Redonda. Leal integrou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) e lutou pelo Brasil, em solo italiano, durante a II Guerra Mundial. Ele é um dos últimos pracinhas vivos.

A luta pela preservação dessa história tem sido uma das missões da filha, Isalete Leal. “Meu pai é um patrimônio da humanidade, tê-lo vivo em meio a nós é uma dádiva. Devemos valorizar esse legado tão importante para o Brasil e para o mundo”, afirma Isalete.

Com uma cerimônia simples realizada na rua onde o ex-combatente vive, desde 1952, quando veio trabalhar na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, o reservista foi homenageado pela Banda da Aman, que executou o toque e o exórdio da presença de ex-combatente e a canção do Expedicionário. Por questões de segurança em tempos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os participantes se mantiveram de máscaras faciais e o ex-combatente assistiu da varanda de casa a tão merecida homenagem.

Isalete fez a leitura de um discurso emocionado sobre a trajetória do pai, desde a luta na guerra, ainda como cabo Leal, até os dias de hoje. “Papai lutou à frente de quatro armas na guerra, a Cavalaria, Artilharia, Infantaria e Comunicações. Enquanto estiver viva, serei defensora dessa memória”, ressaltou.

Cabo Leal foi para a Itália como infante no Terceiro Escalão e zarpou para a Europa em setembro de 1944. Em terras italianas, passou por diversas regiões, como Abetaia, Bibiano, Vale do Rio Reno, Vale do Pó, Parma e Lombardia. Lutou  em três grandes batalhas: Monte Castelo,  Montese e Fornovo di Taro, sendo esta última, a mais importante, pois capturaram  a 148ª Divisão da Wehrmacht , o exército da Alemanha Nazista. Em 11 de agosto de 1945, dia do seu aniversário, embarcou no navio que viria de volta para o Brasil, chegando em solo nacional, no Porto do Rio de Janeiro, em 22 de agosto daquele ano.

O reservista foi homenageado pela Banda da Aman, que executou a canção do Expedicionário-Divulgação Aman

LEMBRANÇA DA AMAN

O subcomandante da Aman, coronel Luciano Antônio Sibinel, ressaltou o reconhecimento que a instituição tem pela luta do tenente Leal. “Sem dúvidas, o senhor é uma referência a todos nós. Que possamos estar vários anos comemorando essa data, junto à sua família e aos seus amigos”, afirmou o subcomandante, ao pedir a dois Cadetes, o maior símbolo da Academia, que entregassem uma singela lembrança da Aman ao ex-combatente.

Para a historiadora da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil- Seção Valença, Elen Vasconcelos , o tenente Leal é o símbolo de responsabilidade, compromisso e dedicação. “Sua trajetória é exemplar às antigas e novas gerações, tanto que tenente Leal é um dos pioneiros da criação da Associação. O objetivo com a idealização e construção dessas organizações, foi também reorganizar a vida desses militares, após voltarem do combate. Por isso, para nós, ele representa um símbolo de liberdade”, afirma a especialista.

O tenente Leal alistou-se no Exército como qualquer jovem deve fazer, assim que completa 18 anos. Com a mesma certeza de um passado que parece distante, mas que a memória o traz vivo em todos os seus dias, ele encoraja os mais novos à carreira militar. “Levem com seriedade aquilo que escolheram para suas vidas. Eu estou muito orgulhoso por tudo o que lutei até aqui e também pelas homenagens que venho recebendo ao longo da vida”, destacou o tenente Leal, que apagou as velas, quase que centenárias, e brindado ao som do parabéns, executado pela banda da Aman.

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