NOVA IORQUE
Os desafios para manter a paz e segurança em contextos de fragilidade foram o tema de uma reunião, nesta quarta-feira, dia 6, no Conselho de Segurança da ONU. O secretário-geral, António Guterres, afirmou que mesmo antes da pandemia da Covid-19, a situação já estava piorando.
Desafios
Segundo o chefe da ONU, “os conflitos se tornaram mais complexos, alimentados por uma maior regionalização, proliferação de grupos armados não-estatais e ligações com interesses criminosos e extremistas.”
De acordo com o Banco Mundial, uma em cada cinco pessoas no Oriente Médio e no Norte da África vive perto de um grande conflito. Com isso, as carências humanitárias aumentaram atingindo os níveis mais altos desde a Segunda Guerra Mundial.
O número de pessoas sob risco de morrer de fome dobrou. Guterres acredita que os mecanismos internacionais de gestão de conflitos estão na iminência de uma ruptura. Para Guterres, “essas tendências colocaram vários países num ciclo vicioso”.
Em 2030, o Banco Mundial estima que dois terços das pessoas extremamente pobres viverão em países frágeis ou afetados por conflitos.
Pandemia
E após a crise global da Covid-19, a situação se agravou. O chefe da ONU disse que no ano passado, pela primeira vez em mais de duas décadas, a pobreza extrema aumentou. A contração econômica em ambientes frágeis e afetados por conflitos devem lançar de 18 a 27 milhões de pessoas na pobreza.
Para ele, “a participação das mulheres na força de trabalho, um fator chave para o crescimento inclusivo, retrocedeu em décadas.”
Ele destacou também a crise ambiental dizendo que “não é por acaso” que dos 15 países mais suscetíveis aos riscos climáticos, oito acolhem uma missão da ONU.
África
Guterres contou que “as ligações entre conflito e fragilidade são particularmente visíveis no continente africano.”
Para lidar com essas tendências, as Nações Unidas atuam com a União Africana e as comunidades econômicas regionais.
A organização apoia a Agenda 2063 da União Africana e a iniciativa Silenciando as Armas. Segundo Guterres, seu apelo por um cessar-fogo global “anda de mãos dadas com esta iniciativa emblemática.”
Oportunidade
O secretário-geral disse ainda que “a prevenção e a construção da paz salvam vidas e são eficazes em termos de custos”, mas a “comunidade internacional continua investindo menos do que deveria nessas áreas.”
Ele citou o Fundo de Construção da Paz, dizendo que irá presidir a uma conferência de reposição para o Fundo em 26 de janeiro.
O chefe da ONU também realçou as parcerias com instituições financeiras internacionais ao falar da Estratégia de Fragilidade, Conflito e Violência do Banco Mundial.
Como parte dessa iniciativa, os Escritórios e Missões da ONU nos países têm uma cooperação estreita com governos e o Banco Mundial em cerca de 40 nações.
Para terminar, o chefe da ONU destacou o “papel crítico” que o Conselho de Segurança tem nesta área “agindo antecipadamente e de forma preventiva, engajando-se estrategicamente para abordar as causas profundas do conflito e falando a uma só voz”.
* Silas Avila Jr – Editor Internacional