Alta do dólar eleva preço de mercadorias ao consumidor

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SUL FLUMINENSE

A alta do dólar segue interferindo negativamente na economia brasileira e prejudicando a parte mais frágil da estrutura da cadeia produtiva, o consumidor. Nesta terça-feira a moeda norte-americana chegou ao valor de R$ 4,32 e manteve em elevação o preço de produtos exportados como o arroz e o trigo e diversos insumos da produção industrial.

O reflexo disso é a alta da inflação e maior custo dos alimentos que têm cotação no mercado internacional como a soja, o café e o trigo. Ao elevar o valor desses produtos, principalmente o trigo, que é base da elaboração de massas em geral, as padarias e supermercados elevaram o preço dos pães por exemplo. Em uma panificadora do bairro Manejo, em Resende, o preço do quilo do pão de sal sofreu elevação de R$ 10,78 para R$ 12,93 – alta de 29,30% em uma semana. Mas, há locais com valores ainda mais elevados, o que demanda da velha pesquisa de preços. “Na padaria que compro meus pães diariamente o quilo subiu para R$ 21,90 até porque eles revendem o produto. A justificativa foi a alta do dólar que provocou o reajuste do trigo. Passei a comprar em outro local, mas o preço também é próximo, na faixa de R$ 13 a R$ 15 por quilo”, comenta a secretária Mônica Ribeiro Couto, 49.

O pão de sal faz parte do cardápio popular e seu custo varia conforme o preço da importação do trigo

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, na medição do Índice Geral de Preço (IGP-10), apurado na pesquisa entre 11 de agosto e 10 de setembro, indicou uma inflação de 1,2% em setembro. O percentual ficou 0,51% acima do obtido em agosto e a 0,39% de setembro de 2017. Alem da inflação, a economista Eliane Barbosa comentou que a alta do dólar provoca impacto em todas as commodities internacionais que estão vinculadas à moeda americana. “A alta do dólar influencia as transações internacionais, os produtos que são importados, como o trigo, tem o custo repassado ao consumidor. O pão de sal é um exemplo clássico, afinal quem não percebeu que o pãozinho do café tem ficado mais caro semanalmente? O trigo é importado e os valores têm subido gradativamente nas padarias”, comenta.

Ainda nos supermercados, produtos de higiene e beleza, que utilizam componentes químicos na produção também tendem a subir de preço. A dona de casa, Neusa Machado, já percebeu os efeitos da alta do dólar durante as compras. “Esta tudo caro, principalmente o pão. Não sabia que o dólar alto gerava tanto problema, e o coitado do pobre nem pode mais tomar iogurte, comprar shampoo, perfume bom. Carne então? Só de frango”, comenta a moradora de Resende.

HIGIENE

A variação da moeda teve reflexo também nos itens de higiene pessoal e perfumaria sendo o papel higiênico o item de utilidade mais valorizado. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), isso ocorre porque ao longo de todo o ano passado, a variação na cotação da celulose foi de 49% e no dólar de 3%. Até agosto passado, no acumulado de 18 meses, até agosto, foi de 57% para a celulose e 17% para o dólar. A pressão resultante é de um aumento médio de custo de 84%. Para comparação, a variação de preços dos papeis higiênicos nos últimos 18 meses foram muito menores: 2,61% pela Fipe e 1,07% segundo indicador do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). “É fato que o preço é um fator extremamente relevante no acesso aos produtos”, comentou João Carlos Basílio, presidente-executivo da Abihpec.

ORIENTAÇÃO

Os preços de produtos e serviços sofrem alteração constantemente refletindo diretamente no bolso dos consumidores e diminuindo o poder de compra. “A orientação é sempre fazer uma boa pesquisa de preços, cortar compras em quantidades desnecessárias e principalmente ter um cuidado extra com as guloseimas, que quase sempre são responsáveis pelos altos gastos no supermercado. A situação pede cautela, mas esse pode ser o momento de mudar de vez o comportamento em relação ao uso e à administração dos recursos, se educando financeiramente e estando preparado para momentos de crise como a atual”, orienta o educador financeiro, Reinaldo Domingos.

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