Alta do combustível eleva Índice de Preço ao Consumidor Amplo em setembro

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SUL FLUMINENSE

A sensação de preços mais elevados a cada compra no mercado ou no momento de abastecer o carro tem sido comuns na rotina da sociedade, com a instabilidade financeira brasileira atrelada à alta do dólar e a indefinição do sistema político em período eleitoral contribuem para a oscilação do preço dos produtos de mercado ao consumidor.

As variações de preços foram constatadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) referente à pesquisa do IPCA de setembro, que sofreu variação de 0,48%. O IPCA mede a inflação para famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos, que residem nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, servindo de parâmetro para a economia global. Não é o único índice que monitora a inflação no país, porém tem como principal diferença a parcela da população que abrange. Por isso, o IPCA é utilizado pelo Banco Central como principal medidor da inflação do país, referência para que o governo monitore sua meta de inflação anual e, a partir daí, defina suas políticas monetárias e medidas econômicas. Na prática, seus altos e baixos podem ser expressos de forma simples: quando o índice sobe representa que o consumidor perdeu o poder de compra. Um exemplo é quando a dona de casa vai ao supermercado com R$ 10 e comprava dois quilos de frutas, no mês seguinte de IPCA elevado, o mesmo valor não garante a mesma quantia. Com o IPCA baixo, negativo, a situação é o contrário.

INFLAÇÃO E COMBUSTÍVEL

Na pesquisa do IPCA de setembro o IBGE analisou preços de conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias nas regiões metropolitanas de 16 localidades, incluindo o Rio de Janeiro. Impulsionada pela alta nos combustíveis (4,18%) e nas passagens aéreas (16,81%), a inflação foi de 0,48% em setembro, de acordo com os dados do IPCA, divulgado recentemente pelo IBGE. A taxa para os últimos 12 meses, por sua vez, foi a maior registrada em 2018, com 4,53%.

Combustíveis e Passagens aéreas foram os responsáveis pela alta de 1,69% do grupo dos Transportes em setembro, a maior neste mês. A variação no grupo foi a maior para setembro desde a implantação do Plano Real, superando a taxa de 1,22% alcançada em 1994, ainda nos meses iniciais do plano. Também tiveram alta nos preços Alimentação e bebidas (0,10%), Habitação (0,37%), Artigos de residência (0,11%), Saúde e cuidados pessoais (0,28%), Despesas pessoais (0,38%) e Educação (0,24%).

Segundo o gerente do IPCA do IBGE, Fernando Gonçalves, no caso de setembro, a categoria de transportes foi o principal impacto. Os combustíveis responderam por metade do índice (0,24%). “Gasolina, etanol e diesel vieram com alta nesse mês depois de deflação no mês passado. Isso contribuiu bastante. Assim como esses itens, a passagem aérea também teve aumento depois de um mês de deflação. Em relação à gasolina, a Petrobras autorizou um aumento de 7% no período do índice. O óleo diesel teve um aumento de 13%. Isso foi nas refinarias, mas acaba chegando ao consumidor. A alta do dólar também contribuiu”, disse.

PREÇOS NO BOLSO DO CONSUMIDOR

E de fato os consumidores constataram a alta dos preços, retratada em números pela pesquisa do IPCA. Em Resende, a dona de casa Elisabeth Faria, 69, reduziu o total de itens adquiridos nas compras de supermercado no mês passado. “Faço compras de mês, enchendo a dispensa. Não consegui trazer, dessa vez, a mesma quantidade de produtos e outros itens que gostaria. O valor da carne, verduras e até produtos de limpeza subiram. Tudo que é industrializado parece que aumentou muito, antes eu gastava com as compras pra família em torno de R$ 1,2 mil e dessa vez pra tentar garantir tudo que o pessoal de casa gosta gastei, no mesmo mercado, cerca de R$ 90 a mais. Um absurdo”, conta a moradora da Liberdade, que mora com a filha e dois netos.

Na região Sul Fluminense a alta do combustível também mexeu com o bolso do trabalhador, semelhante à alta dos alimentos, itens que integram o IPCA. “O preço da gasolina está em quase R$ 5 na maioria das cidades, o etanol um pouco menos (R$ 3,48). Mesmo com o carro flex acho que tem sido caro abastecer, ainda mais trabalhando com o veículo. Passei a deixar o carro em casa, pagamos van mensal de transporte escolar do meu filho, Bruno, de 6 anos. Ta dando pra levar, mas de fato, a cada mês os preços sobem nos postos”, comenta o servidor público Adalberto Ribeiro, de Volta Redonda.

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