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O secretário estadual de Transportes, Washington Reis, e o presidente do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), Leonardo Matias, foram convocados pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para prestarem esclarecimentos sobre o sistema de transporte público intermunicipal. A decisão foi tomada durante a última sessão do Legislativo antes do recesso parlamentar, no dia 30 de junho, e prevê sabatinas ainda no mês de julho.
A convocação foi aprovada por ampla maioria: 59 votos favoráveis e apenas um contrário. Dois requerimentos motivaram a deliberação — um da CPI da Transparência, presidida pelo deputado Alan Lopes (PL), e outro do deputado Professor Josemar (PSOL), endereçado à Comissão de Transportes e à Mesa Diretora da Casa. A medida inclui temas como o recente aumento da tarifa de transportes, irregularidades no setor de transporte alternativo e a concessão de linhas intermunicipais.
O presidente da Alerj, deputado Rodrigo Bacellar (União), comunicou que vai se reunir com líderes partidários ainda esta semana para definir datas e horários das sabatinas. Durante a sessão, o clima esquentou com bate-boca entre Bacellar e o deputado Rosenverg Reis, irmão do secretário convocado. Rosenverg acusou a presidência da Casa de usar a pauta para fins políticos, já que Bacellar é pré-candidato ao Governo do Estado em 2026, o que foi prontamente rebatido pelo presidente da Alerj.
A convocação é reflexo direto da insatisfação com os reajustes de tarifas nos transportes, como o caso do MetrôRio, cuja passagem subiu de R$ 7,50 para R$ 7,90 neste ano. Em audiência pública realizada em abril, representantes da Agetransp afirmaram que aplicaram mais de R$ 40 milhões em multas à concessionária e que os reajustes seguem regras contratuais baseadas no IPCA desde 2022. Ainda assim, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) chegou a suspender o aumento por 30 dias para averiguar supostos abusos tarifários.
Para o deputado Professor Josemar, a convocação é uma resposta à cobrança da população por mais transparência. “A tarifa do metrô aumentou novamente e a promessa de redução para R$ 4,70 nunca se cumpriu. Precisamos de respostas”, disse em plenário.
Além da questão do transporte, a sessão também aprovou a transferência da gestão do Sambódromo da Marquês de Sapucaí da Prefeitura do Rio para o Governo do Estado. A decisão causou forte reação do prefeito Eduardo Paes, que também é pré-candidato ao governo estadual. Ele classificou a medida como irresponsável diante do cenário financeiro do Estado e prometeu recorrer à Justiça para barrar a mudança.
“Como se o estado não tivesse problemas, como se o governador do estado não tivesse problemas suficientes pra administrar. Como se as contas do estado do Rio de Janeiro estivessem uma maravilha, como se não tivesse dívida. A Prefeitura do Rio não tem dinheiro sobrando. Mas é o município mais rico do estado. A gente aqui entrega os nossos serviços. Obviamente a prefeitura vai recorrer disso. Até por uma visão institucional que eu tenho do papel do governo do estado”, criticou Paes nas redes sociais.
Segundo a Prefeitura do Rio, o custo anual para manter o Sambódromo e operar o Carnaval, excluindo repasses às escolas de samba, é de aproximadamente R$ 47 milhões. A administração municipal entende que a mudança representa um ônus adicional para o Estado, que já projeta um déficit orçamentário em 2025.
Com o embate político cada vez mais acirrado entre os pré-candidatos, a Alerj inicia o recesso parlamentar com foco em sabatinas que prometem esquentar ainda mais o cenário eleitoral do próximo ano.