Além do coração: o impacto invisível da cardiopatia congênita no desenvolvimento infantil

Por Carol Macedo
marcele campos

No Brasil, o 12 de junho marca o Dia Nacional da Cardiopatia Congênita, uma data de extrema importância para conscientizar a população e os profissionais de saúde sobre essa condição que afeta milhares de crianças todos os anos. As cardiopatias congênitas são malformações no coração presentes desde o nascimento e representam a anomalia congênita mais comum na infância, com impacto direto na saúde, na qualidade de vida e no desenvolvimento global da criança.

Embora muitas vezes o foco do tratamento seja a saúde cardiovascular, é fundamental ampliar o olhar: crianças com cardiopatia congênita também estão em risco para alterações no neurodesenvolvimento. Isso ocorre porque alterações na oxigenação cerebral, hospitalizações frequentes, cirurgias cardíacas precoces e estresses prolongados podem afetar o amadurecimento do cérebro em fases cruciais da infância.

Possíveis impactos no neurodesenvolvimento:

  • Atrasos nas aquisições motoras e na coordenação.
  • Dificuldades cognitivas, principalmente nas funções executivas (atenção, memória, planejamento).
  • Atraso no desenvolvimento da linguagem e comunicação.
  • Alterações no comportamento e na regulação emocional.
  • Rendimento escolar abaixo do esperado.
  • Risco aumentado para quadros de ansiedade e depressão na infância e adolescência.

Por que o diagnóstico precoce é tão importante?

O diagnóstico nos primeiros dias de vida — ou ainda na gestação — possibilita intervenções precoces que podem salvar vidas, reduzir sequelas e promover um melhor prognóstico global. Mas o cuidado não deve parar no coração: é necessário monitorar o desenvolvimento da criança como um todo, garantindo que aspectos motores, cognitivos, sociais e emocionais também recebam atenção.

Como minimizar os impactos?

  • Investir em estimulação precoce e terapias multiprofissionais (fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, psicopedagogia).
  • Estabelecer parcerias com escolas para garantir inclusão, adaptações e apoio à aprendizagem.
  • Acolher e orientar a família, que também vive intensamente os desafios do cuidado com uma criança cardiopata.

Convidamos todos a enxergar além do coração: a criança com cardiopatia congênita precisa ser cuidada em sua totalidade — com amor, ciência e compromisso com o desenvolvimento humano. Valorizar essa data é reconhecer o direito de cada criança a uma infância plena, saudável e com oportunidades de se desenvolver em todo seu potencial.

 Marcele Campos
Psicóloga Especialista em Neuropsicologia (Avaliação e Reabilitação) e Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Atrasos de Desenvolvimento Intelectual e Linguagem. Trabalha há mais de 28 anos com crianças e adolescentes. Proprietária da Clínica Neurodesenvolver.

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