BARRA MANSA
A aproximação do período mais crítico de chuvas e o anúncio recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o ressurgimento do vírus tipo 3 da dengue – que há mais de 15 anos não era encontrado no Brasil – acendeu o alerta para que os municípios intensifiquem as ações de prevenção à proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Em Barra Mansa, de acordo com a Vigilância Ambiental, além da ação dos agentes com a visita de imóveis, por determinação da Secretaria Estadual de Saúde foram implantados equipamentos de ovitrampas, que permitem aos agentes de endemias observarem de forma rápida a quantidade de mosquitos em determinada região, para assim agirem com precisão na eliminação do foco.
É o que explica a supervisora técnica da Vigilância Ambiental, Milena Borges, ao informar que a primeira fase das instalações das ovitrampas, que ao todo somam 50 equipamentos, inclui os bairros Santa Rosa, Ano Bom, Vila Coringa, Vila Brígida, Vila Nova e Vista Alegre. De janeiro até agora, o município registrou 183 casos notificados, 59 confirmados e nenhum óbito provocado pela doença. “Esse monitoramento é uma iniciativa nova no combate à dengue. As ovitrampas simulam o ambiente para a procriação do Aedes aegypti porque um vaso de planta preto é preenchido com água parada para atrair os mosquitos. O equipamento fica em um imóvel por 15 dias e, após esse período, é recolhido e enviado para um laboratório para contagem dos ovos e a leitura se naquele local está infestado de mosquitos, principalmente as fêmeas”, esclareceu Milena, ao acrescentar que o procedimento só pode ser feito com autorização do proprietário do imóvel.
Com relação a outras ações, a supervisora destacou que estão mantidas as visitas domiciliares, onde os agentes observam quintais, imóveis e terrenos com risco de proliferação do mosquito, além de fazerem o bloqueio com a máquina costal, que permite a aplicação de inseticida em locais onde são detectados focos do mosquito. O último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti foi 0,3, em Barra Mansa, considerado risco baixo.
‘DEZ MINUTOS POR SEMANA’
Sobre os cuidados que são de responsabilidade da população, a supervisora explicou que os agentes mantêm o “famoso dez minutos por semana”, que segundo ela é uma ação que deve ser mantida por todos, com cuidados diários com os próprios imóveis e quintais, sentido de contribuírem com a proliferação dos mosquitos. “É hora de intensificarmos os cuidados e a participação de todos é muito importante. Se cada um tirar esses dez minutos já ajuda porque o ciclo da fêmea é de sete a dez dias para a reprodução. Se, nesse período, os focos forem eliminados, os ovos não vão virar mosquitos”, alertou Milena.
Sobre o vírus tipo 3 da Dengue
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado em maio deste ano, já mostrava o ressurgimento desse sorotipo. Na última quinzena de novembro ocorreram quatro casos na cidade de Votuporanga, no interior paulista, e chamou atenção por causa da intensidade dos sintomas clássicos da doença, como febre, vômito, dor e manchas vermelhas pelo corpo, além de sangramento nasal e pela urina.
De acordo com a Fiocruz, a dengue tem quatro sorotipos, e a infecção por um deles cria imunidade contra o mesmo sorotipo, mas o indivíduo pode contrair dengue se tiver contato com um sorotipo diferente. Como poucas pessoas contraíram o tipo 3, há risco de epidemia porque há baixa imunidade contra esse sorotipo.
O problema, de acordo com a Fiocruz, é que os sintomas da dengue tipo 3 são os mesmos do tipo 1 e 2. Como muitas pessoas já tiveram os tipos 1 e 2, ao ter o tipo 3, podem desenvolver uma forma grave da doença, o que pode gerar superlotação das unidades de pronto atendimento e hospitais.
Entre os sintomas de alerta da doença, estão: febre, manchas vermelhas pelo corpo, dor abdominal, vômito persistente, acompanhados também de sangramento na gengiva, no nariz ou na urina.